Padilha diz que quem apostar na falta de sintonia entre Lula e Haddad vai perder dinheiro

Fala do ministro é feita após Lula defender que governo não precisa perseguir meta fiscal de déficit zero

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Brasília

O ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) rebateu nesta segunda-feira (30) a ideia de que está faltando sintonia entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o seu ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

A fala acontece após Lula declarar que o governo federal não precisa perseguir a meta fiscal de déficit zero, que vinha sendo defendida por Haddad.

"Quem especular que não existe sintonia entre o presidente Lula e a política econômica conduzida pelo ministro Fernando Haddad, quem especular financeiramente vai perder dinheiro de novo, como perdeu no primeiro semestre. E quem especular politicamente vai errar de novo, como errou no primeiro semestre", afirmou Padilha.

O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha - Gabriela Biló - 26 jul. 2023/Folhapress

Padilha participou na manhã desta segunda-feira (30) de reunião com o presidente Lula e o ministro Fernando Haddad. Também participaram a ministra do Planejamento, Simone Tebet, e a secretária-executiva da Casa Civil, Miriam Belchior.

O responsável pela articulação política do governo afirmou a jornalistas de que o tema da meta fiscal e as falas do mandatário na semana passada sobre ela não foram discutidos.

Padilha ainda acrescentou que o governo segue comprometido e mantém como prioridades as medidas em tramitação no Congresso Nacional que aumentam a arrecadação e que promovam justiça tributária. Disse esperar que o projeto de lei de debêntures seja votado ainda nesta semana na Câmara dos Deputados.

Também disse que será discutido até esta terça-feira (31) o texto da medida provisória que regulamenta a isenção tributária para créditos fiscais vindos de subvenção.

O ministro também afirmou que Lula participa nesta terça-feira (31) de uma reunião com líderes da base na Câmara dos Deputados, para discutir as prioridades do governo.

Na manhã desta segunda, o ministro da Fazenda afirmou que Lula está comprometido com situação fiscal do país e não está sabotando a meta de zerar o déficit em 2024, mas constatando dificuldades por problemas de arrecadação herdados de governos anteriores.

Na sexta-feira (30), durante café da manhã com jornalistas, o presidente Lula afirmou que dificilmente o governo federal vai cumprir em 2024 a meta fiscal de déficit zero e ainda acrescentou que essa não precisa ser a marca de sua gestão.

A declaração contraria frontalmente o que vinha sendo defendido por Haddad. A fala provocou um grande impacto no mercado naquele dia.

"Deixa eu dizer para vocês uma coisa. Tudo o que a gente puder fazer para cumprir a meta fiscal, a gente vai cumprir. O que eu posso te dizer é que ela não precisa ser zero. A gente não precisa disso. Eu não vou estabelecer uma meta fiscal que me obrigue a começar o ano fazendo corte de bilhões nas obras que são prioritárias nesse país", disse o presidente, em resposta a questionamento da Folha.

A Bolsa brasileira despencou e o dólar subiu após as declarações. Taxas de contratos futuros de juros também avançaram.

Lula afirmou que o mercado sabe que a meta fiscal de déficit zero não será atingida, mas que os investidores são gananciosos.

"Muitas vezes o mercado é ganancioso demais e fica cobrando uma meta que eles sabem que não vai ser cumprida. Então eu sei da disposição do Haddad, sei da vontade do Haddad, sei da minha disposição, e quero dizer para vocês que nós dificilmente chegaremos à meta zero, até porque eu não quero fazer cortes em investimentos de obras", afirmou.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.