Descrição de chapéu petrobras

Petrobras avalia reajuste de preços de combustíveis até fim do ano, diz Prates

Presidente da estatal afirma que ainda não há decisão tomada sobre o tema

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Rio de Janeiro

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou nesta terça-feira (3) que a companhia avalia a possibilidade de fazer um novo reajuste nos preços dos combustíveis até o final deste ano, em meio ao cenário de pressão das cotações do petróleo no mercado internacional.

Ele, porém, disse que ainda não há uma decisão tomada sobre o momento e a magnitude da eventual mudança dos preços nas refinarias. A Petrobras anunciou em meados de agosto o reajuste mais recente da gasolina e do óleo diesel.

"Estamos analisando justamente a possibilidade ou não de outro reajuste antes do final do ano, mas a gente ainda não tem isso como dado. Não tem isso como concreto", afirmou Prates em entrevista a jornalistas no Rio de Janeiro.

"O que temos como concreto é que a nossa política de preços, daquele túnel de volatilidade, que tem o intervalo entre o valor marginal e o custo alternativo do cliente, está funcionando. Já tivemos inúmeras oscilações, não só do preço do Brent como do preço do diesel", acrescentou.

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, durante entrevista para a Folha no Rio de Janeiro - Eduardo Anizelli - 23.jun.2023/Folhapress

Prates citou ainda o impacto das restrições na oferta de diesel da Rússia. "Estamos no mercado com uma espécie de tempestade perfeita, e a gente tem de administrar, quanto tempo vai durar, quanto a gente tem de colchão para aguentar essa volatilidade", disse.

O presidente da Petrobras conversou com a imprensa após discursar em uma cerimônia que celebrou o aniversário de 70 anos da estatal. O evento homenageou funcionários e ex-empregados da empresa.

Nesta terça, o óleo diesel vendido nos principais polos do país apresentava defasagem de 14% (ou R$ 0,63 por litro) em relação às cotações no mercado internacional, segundo a Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis). Considerando somente as instalações da Petrobras, a diferença era de 16% (ou R$ 0,74 por litro).

No caso da gasolina, a defasagem nos principais polos era de 1% (ou R$ 0,02). Considerando somente a Petrobras, a diferença era de 4% (ou R$ 0,11).

No governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a estatal abandonou o modelo de PPI (preço de paridade de importação), que definia reajustes da gasolina e do diesel com base em simulações sobre o custo de importação dos produtos. Mesmo assim, a recente alta do petróleo é vista no mercado como um elemento de pressão para os preços internos.

Criada na era Getúlio Vargas, a Petrobras chega aos 70 anos como a maior estatal brasileira e uma das maiores produtoras de petróleo do mundo. A companhia, contudo, tem um cenário de desafios pela frente, como mostrou a Folha. Esse horizonte inclui o atraso na corrida rumo à transição energética e as restrições para expandir as reservas de petróleo.

A principal aposta da Petrobras está nas bacias da margem equatorial brasileira, alvo de embate com a área ambiental do governo: 2 dos 3 pedidos de licença para região já tiveram pareceres negativos do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis).

Nesta segunda (2), o Ibama autorizou a perfuração de poços na bacia Potiguar, uma das cinco da margem equatorial, mas ainda é grande a resistência para liberar a atividade em áreas consideradas mais promissoras, como as bacias da Foz do Amazonas e Barreirinhas.

Prates disse nesta terça que o Ibama vai "dar o ritmo" para a fila de licenças buscadas pela Petrobras. Ele evitou entrar em polêmicas com o órgão.

"Faz parte das licitudes de uma empresa de exploração enfrentar, não no sentido bélico, a situação de licenciamento ambiental de forma correta, responsável, demorando o tempo que tiver de demorar", afirmou o presidente da Petrobras.

"Evidentemente, não faz sentido ficar pressionando, nem dizer que o Ibama está impedindo isso ou aquilo. Eles estão fazendo o que têm de fazer."

Sem dar detalhes, Prates ainda prometeu "surpresas" em relação à antiga BR Distribuidora, que passou a se chamar Vibra após processo de privatização. O executivo também defendeu a ideia de que a Petrobras precisa se aproximar do consumidor final.

"Vamos ter surpresas, mas não posso revelar. Não é uma tecla que volta as coisas, tipo vai lá e compra a Vibra de volta, ou faz uma operação estrambólica só para ter os postos. Vai passar por conversas com a Vibra, que é nossa principal parceira na compra de combustíveis hoje."

A cerimônia dos 70 anos da Petrobras teve a exibição de um vídeo com uma fala de Lula. O presidente criticou a venda "em fatias" da estatal em governos anteriores e destacou investimentos da companhia em inovação e tecnologia.

"Estou muito feliz com esses 70 anos da Petrobras e espero que a Petrobras viva muitos mais anos. Mesmo quando um dia acabar o petróleo, a Petrobras ainda será a grande empresa de energia deste país", afirmou Lula.

Em seu discurso, Prates disse que a atual gestão da estatal tem "clareza" sobre as dificuldades no horizonte, mas mencionou que este é um momento-chave na busca por soluções para a companhia.

"Talvez esse nosso futuro nos leve do poço ao poste, das brisas do mar ao armazenamento de energia, da separação do hidrogênio da água aos navios, trens, aeronaves movidas a recursos naturais", declarou.

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