Esta é a edição da newsletter FolhaMercado desta quinta-feira (5). Quer recebê-la de segunda a sexta, às 7h, no seu email? Inscreva-se abaixo:
Usuários de Ozempic compram menos comida, diz Walmart
O Walmart, gigante do varejo americano, já percebe que o consumo de comida dos usuários de medicamentos inibidores de apetite, como o Ozempic e o Wegovy, diminuiu quando comparado com o resto dos consumidores.
- Quem disse foi o CEO da operação americana da companhia, John Furner, em entrevista à Bloomberg nesta quarta.
- São compras de "menos unidades, ligeiramente menos calorias" em comparação ao resto dos consumidores, ele afirmou.
Entenda: a semaglutida (outro nome desses medicamentos) desempenha algumas ações no organismo que colaboram na perda de peso. Uma delas é aumentar a sensação de saciedade e reduzir o apetite.
- Como o Walmart vende esses produtos em suas farmácias, ele consegue comparar os hábitos de consumo de quem está tomando o medicamento com quem não está. Os dados são tratados de forma anônima.
No Brasil, o Wegovy é indicado para o tratamento de sobrepeso e obesidade. Ele tem o mesmo princípio ativo do Ozempic, indicado para diabetes tipo 2 e que também tem aprovação no país.
- Ambos são produzidos pela dinamarquesa Novo Nordisk, que vê uma explosão na demanda pelos produtos.
Não foi só o Walmart que se pronunciou sobre o impacto de Ozempic, Wegovy e semelhantes nos hábitos de consumo da população.
Um relatório do banco britânico Barclays de terça (3) apontou que a alta demanda pelos medicamentos pode prejudicar as vendas de redes de fast food, de fabricantes de salgadinhos, refrigerante e álcool e até de empresas que vendem cigarros.
Os analistas também disseram que o efeito pode ser o contrário em outros setores, como o de saúde. Estariam entre as beneficiadas as redes de farmácias e as operadoras de planos de saúde.
Senado aprova mercado regulado de carbono
O Senado aprovou nesta quarta o projeto de lei que regula o mercado de crédito de carbono.
O texto que teve aval da Comissão de Meio Ambiente agora vai direto para a Câmara –a não ser que um requerimento de um senador seja aprovado exigindo que ele passe pelo Plenário.
Entenda: o projeto cria um mercado de carbono de forma oficial, com regras e punições para empresas emissoras de 10 mil toneladas de gás carbônico ou mais.
- Hoje só existe no país um mercado voluntário, em que as empresas optam por aderi-lo muitas vezes para prestar contas a acionistas ou controladoras de fora.
Como vai funcionar: um comitê formado por representantes dos governos e das empresas irá conferir se as empresas participantes do mercado regulado estão cumprindo as metas estabelecidas para redução de emissões.
- As companhias que não atingirem os objetivos têm a opção de comprar créditos de carbono de quem superou a meta.
- Os cálculos só serão determinados dois anos após a aprovação do texto e só passarão a valer de fato três anos depois disso, já que esse intervalo funcionará como teste.
E quem descumprir? O não atingimento de metas ou não apresentação dos relatórios periódicos de emissões pode causar multa de até 5% no faturamento bruto da empresa.
Agro de fora: houve acordo entre o governo e a bancada ruralista para o setor não ser inserido no mercado regulado. O argumento é de que é assim que funciona em outros países no mundo.
- O setor. porém, é o que mais emite gases de efeito estufa no país, e especialistas dizem que sua ausência diminui o potencial do projeto aprovado.
- Mesmo ficando de fora, estudo do Banco BV e da startup Deep aponta a pecuária como a mais impactada pela cobrança sobre créditos de carbono.
O colombiano que desafiou a Apple
Um engenheiro colombiano virou tema de preocupação na Apple depois que suas publicações consertando aparelhos da maçã passaram a viralizar nas redes sociais.
- Com mais de 5 milhões de seguidores no TikTok e 6,5 milhões no Facebook, Wilmer Becerra tem uma rede de assistência técnica presente em nove países da América Latina.
- Ela ainda não está no Brasil por causa do idioma, ele disse ao repórter Pedro S. Teixeira.
Por que a Apple encrencou: a fabricante questionou o colombiano sobre as peças que ele usa para consertar os iPhones, disse o engenheiro em um de seus vídeos.
Ele respondeu à fabricante que os itens eram de lojas autorizadas nos EUA, citando como argumento a lei de direito ao reparo do país. Ele afirmou que ela obriga empresas a entregar manual dos aparelhos e fabricar peças sobressalentes.
O caso repercutiu, e a Apple, então, mandou novo comunicado, no qual afirmou que não promoveria nenhuma medida, desde que Wilmer deixasse de exibir o logo da maçã em seus vídeos.
Ela também o convidou para ter uma assistência técnica autorizada, convite que foi negado porque Becerra afirma ser uma diretriz da fabricante não fazer reparos de peças com defeito, e sim trocá-las, o que limita o serviço.
Direito de reparo: a ideia de seus defensores, entre eles a turma do faça-você-mesmo, é ampliar a vida útil dos aparelhos e evitar o que eles chamam de obsolescência programada, que gera acúmulo de lixo eletrônico.
- As empresas têm um pé atrás e usam como argumentos a cibersegurança e a prevenção à pirataria, enquanto apostam em seus programas de recompra de aparelhos com defeitos para reciclá-los.
- A legislação brasileira não cita o direito ao reparo, nem há precedente judicial sobre tal garantia.
Por falar em Apple, a fabricante lançou nesta quarta uma atualização de software para resolver um problema de superaquecimento nos recém-lançados iPhone 15.
Saraiva pede falência
Em recuperação judicial, a rede de livrarias Saraiva protocolou um pedido de autofalência na Justiça de São Paulo.
- Agora cabe ao juiz determinar o fim das atividades da companhia.
O que explica: a Saraiva disse que não consegue mais pagar contas, fornecedores, nem remunerar empregados, e que não possui horizonte para a superação da crise econômico-financeira.
- A empresa entrou em recuperação judicial em novembro de 2018, com dívidas declaradas de cerca de R$ 675 milhões.
- Com o mercado editorial em transformação, a empresa não conseguiu se reestruturar desde então, até que no mês passado demitiu os funcionários, fechou todas as lojas físicas e passou a operar só no online.
E agora? Caso o pedido de falência seja aceito, os pagamentos aos credores seguirão ordem prevista em lei:
- Créditos trabalhistas, limitados a 150 salários mínimos (R$ 198 mil) por credor, têm preferência.
- Depois vêm os créditos com garantia real, os tributários, os créditos quirografários (sem direto real de garantia), as multas contratuais e penas pecuniárias, bem como os créditos subordinados.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.