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Comento a estratégia de leitor que acumulou R$ 500 mil e quer se aposentar em 3 anos

Portfólio para aposentadoria deve render mais que a inflação e proporcionar um ganho de juros real

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Michael Viriato Araujo

É professor e assessor da Casa do Investidor e autor do blog De Grão em Grão, na Folha. Foi professor de finanças do Insper, da USP e da FGV nos últimos 15 anos. Possui as certificações financeiras CFA e CFP

São Paulo

Pretendo me aposentar em 3 anos. Ao longo da carreira, acumulei R$ 500 mil para complementar a aposentadoria, que hoje estão aplicados da seguinte forma: 40% em caderneta de poupança, 40% em fundos de investimentos em ações, 10% em previdência privada e 10% em CDBs.

Fernando, 62

ainda na ativa como assalariado

Um portfólio para aposentadoria deve ter duas preocupações básicas: ganhar da inflação e proporcionar um ganho de juros real. O do leitor não atende aos dois requisitos em grande parte dele e tem um risco elevado para o momento que se avizinha. Veja por que:

Poupança A primeira falha está em uma de suas maiores alocações. Investimentos em caderneta de poupança não são adequados como aplicações de longo prazo. Ela não atende ao objetivo de proteção para a inflação e de ganho real de juros.

Em substituição à caderneta de poupança, poderiam ser selecionadas aplicações em CDBs de bancos médios ou títulos públicos federais que sejam referenciados ao IPCA. Isso vai proporcionar elevação da rentabilidade, pois um rendimento de IPCA + 6% ao ano em um CDB é maior que o rendimento da poupança de TR + 6% ao ano, atualmente.

Além disso, a aplicação em um CDB com o retorno acima vai permitir um melhor planejamento de qual taxa de juros real considerar como renda na aposentadoria —será o retorno acima do IPCA. No caso da caderneta, não é possível prever quanto ela vai ganhar do IPCA.

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Ilustração - Catarina Pignato

Previdência privada e CDBs A carteira de Fernando está 20% distribuída nestes produtos. Ele não mencionou qual o indexador desses produtos, mas é comum investidores preferirem produtos referenciados ao CDI nos investimentos em CDB e previdência privada. Se este for o caso, é recomendada a troca para um indexador referenciado ao IPCA.

Embora o CDI pareça mais elevado neste instante, ele deve cair de forma significativa no próximo ano. Também não é possível se planejar com um ganho real aplicando no CDI.

Portanto, no caso do CDB, à medida que os títulos vencerem, ele deve trocar para outros referenciados à inflação.

Já na parcela da previdência, a troca é mais simples e pode ser feita por meio de portabilidade.

Apenas a parcela dos recursos que serão resgatados em até dois anos deve ser deixada em ativos referenciados ao CDI.

Fundos de ações Esta alocação deve estar alinhada com o perfil do investidor. Entretanto, mesmo com um perfil agressivo, ter uma exposição elevada de risco neste momento de vida parece inadequado.

O leitor está chegando perto do período de retiradas mensais, e isso exige elevar o cuidado com perdas. Oscilações de preço podem não ser recuperadas em curto prazo e prejudicar a programação de retiradas mensais.

Portanto, é recomendada a redução da parcela de risco, investindo em CDBs referenciado ao IPCA ou mesmo títulos públicos e a diversificação em fundos imobiliários que podem proporcionar renda mensal.

Por fim, deixo uma última recomendação. Assim como um corredor de maratona, mesmo com pouca energia pela grande jornada, faz um esforço adicional para correr mais forte nos instantes finais, também é importante que Fernando faça um esforço maior de poupança nesta reta final.

Com essas alterações e considerando o patamar de taxas de juros atuais, é possível considerar retiradas mensais de R$ 2.000 sem comprometer o poder de compra do investimento. Esse valor deve complementar a renda do INSS a ser recebida.

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