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Fundador da WeWork continua bilionário mesmo com recuperação judicial da empresa

Empresa de aluguéis de escritórios deu entrada no Capítulo 11 da Lei de Falências dos EUA nesta semana

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Tom Maloney
Bloomberg

A WeWork nunca descobriu como fazer dinheiro, mas Adam Neumann, cofundador e CEO até 2019, certamente sim. A empresa de locação de escritórios deu entrada nesta segunda (6) no Capítulo 11 da Lei de Falências dos Estados Unidos, semelhante a um pedido de recuperação judicial no Brasil.

O processo ocorre dois anos depois que a WeWork abriu seu capital, em 2021, sem Neumann. Hoje, a empresa tem US$ 19 bilhões em passivos e US$ 15 bilhões em ativos. Investidores de longa data, incluindo o Softbank e o Vision Fund, irão aumentar as enormes perdas que já tiveram com a empresa.

"Foi desafiador para mim assistir de fora desde 2019, enquanto a WeWork deixava de aproveitar um produto que é mais relevante hoje do que nunca", disse Neumann, 44, em um comunicado.

 Adam Neumann, fundador e ex-CEO do WeWork, durante evento em 2017
Adam Neumann, fundador e ex-CEO do WeWork, durante evento em 2017 - Eduardo Munoz - 15.mai.2017/Reuters

Mas uma parte de Neumann pode estar grata por ter sido forçado a sair em 2019, após a desastrosa primeira tentativa da empresa de abrir o capital.

Embora tenha prejudicado sua reputação, a saída deixou-o com bastante liquidez, e ele ainda tem um patrimônio líquido de US$ 1,7 bilhão, de acordo com o Bloomberg Billionaires Index.

Certamente, o fracasso do WeWork prejudicou a riqueza de Neumann. Quando a empresa abriu o capital em uma fusão com uma empresa de aquisição de propósito específico em 2021, Neumann tinha uma fortuna de US$ 2,3 bilhões, de acordo com o índice, com quase um terço em ações do WeWork. Desde então, elas caíram mais de 99%.

Mas o acordo também revelou como ele conseguiu extrair grandes quantias de dinheiro do WeWork em tempos melhores.

O nome do ex-CEO foi mencionado 197 vezes em um documento de fusão, ao lado de pagamentos exorbitantes, incluindo um acordo de não concorrência de US$ 185 milhões, um pagamento de acordo de US$ 106 milhões e US$ 578 milhões recebidos por ações vendidas pela We Holdings de Neumann para a SoftBank.

Também foi mencionado um empréstimo de US$ 432 milhões do fundo japonês para Neumann, garantido por parte de sua participação no WeWork, que agora vale quase nada.

A falência do WeWork está custando à SoftBank, fundada e liderada pelo bilionário Masayoshi Son, cerca de US$ 11,5 bilhões em perdas de patrimônio líquido, com outros US$ 2,2 bilhões em dívidas ainda em jogo. Espera-se que o processo de falência leve meses e decida como os credores dividirão os restos da empresa.

Novo empreendimento

Hoje, Neumann está ocupado com uma nova startup, a Flow, que recebeu um investimento de US$ 350 milhões da empresa de capital de risco Andreessen Horowitz, com uma avaliação de US$ 1 bilhão em agosto de 2022, antes mesmo de começar as operações.

A Flow irá operar propriedades residenciais multifamiliares que visam promover um sentimento de propriedade e comunidade.

Pelo menos algumas das propriedades residenciais já eram de propriedade de Neumann. Como seu próprio investimento na empresa não pôde ser determinado, a Flow não foi considerada na fortuna de Neumann, o que significa que ele pode ser ainda mais rico do que a estimativa da Bloomberg.

Nem todos os seus investimentos fora do WeWork têm ido tão bem. Seu family office atrasou pagamentos de juros de uma hipoteca de US$ 31 milhões vinculada a um prédio de escritórios em San Jose, Califórnia, de acordo com um registro de hipoteca de outubro. Neumann investiu em prédios de escritórios, alguns dos quais foram alugados de volta para o WeWork, um dos conflitos de interesse que afundaram o primeiro IPO da empresa.

Neumann não aluga mais nenhum prédio para o WeWork, de acordo com documentos, o que significa que ele não será um dos proprietários lidando com a renegociação de contratos de locação durante o processo de recuperação judicial.

Suas conexões com o WeWork podem não estar completamente encerradas. Neumann, que não tem mais um acordo de não concorrência com a empresa, foi abordado sobre a possibilidade de se envolver nos negócios pós-recuperação judicial, de acordo com uma pessoa familiarizada com as discussões, que pediu para não ser identificada porque as informações são privadas.

O comunicado público de Neumann até insinua essa possibilidade. "Com a estratégia certa e uma equipe, uma reorganização permitirá que o WeWork saia com sucesso", disse.

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