Para o Brasil, é importante que a Argentina dê certo, diz Campos Neto

Presidente do BC teve reunião virtual com Luis Caputo, futuro ministro da Economia de Milei

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Brasília

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta terça-feira (5) que é importante para o Brasil que a Argentina "dê certo" sob o comando do ultraliberal Javier Milei. A posse será no domingo (10).

Campos Neto contou que teve uma reunião virtual na manhã desta terça com Luis Caputo, escolhido pelo presidente eleito para ser o novo ministro da Economia da Argentina, para falar sobre o "plano" do país vizinho.

Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em sessão em comissão da Câmara dos Deputados - Gabriela Biló - 29.set.2023/Folhapress

"A Argentina abandonou meta fiscal, abandonou meta monetária, eles tiveram um problemaço e precisam agora recobrar essa credibilidade. É difícil, porque vão ter que fazer uma parte fiscal muito apertada, vai encostar na viabilidade política em algum momento", disse Campos Neto em evento da FPE (Frente Parlamentar do Empreendedorismo).

Segundo ele, o caso da Argentina serve de lição para o Brasil de que, em alguns casos, soluções imediatistas saem mais caras ao país.

"A Argentina é um exemplo para a gente, até um ensinamento de como às vezes essas soluções de curto prazo cobram seu custo, um custo muito alto no médio e longo prazo. Às vezes, as soluções de curto prazo não são as mais populares", disse.

Ele reforçou que é preciso perseverar nas metas preestabelecidas. "Perseverar na disciplina fiscal e monetária é o que garante o crescimento sustentável de longo prazo", disse.

Em novembro, Campos Neto comentou o plano de Milei de acabar com o BC argentino e de dolarizar a economia do país. Na ocasião, disse que o mais importante é ter uma instituição que funcione e tenha credibilidade.

"Em relação ao plano de acabar com o Banco Central [da Argentina], a gente precisa entender melhor o que significa isso", disse o presidente do BC em evento da Frente Parlamentar pelo Livre Mercado.

"É óbvio que se tem dolarização, tem uma função do Banco Central que deixa de existir. Mas o Banco Central tem mandato de estabilidade monetária e estabilidade financeira. Isso significa que o Banco Central faz funções de conduta, de supervisão e de regulação do sistema financeiro, que alguém tem que fazer. Não existe sistema financeiro sem ter supervisão, regulação e conduta", acrescentou.

O ultraliberal Javier Milei foi eleito presidente da Argentina no dia 19 de novembro, superando o candidato governista, o atual ministro da Economia, Sergio Massa.

Na visão de empresários do país, a dolarização que o futuro presidente argentino tanto prometeu durante a campanha eleitoral será adiada e talvez até descartada. Essa conclusão foi tirada depois da confirmação do nome do financista Luis Caputo como novo ministro da Economia.

No geral, o mercado entendeu a escolha do futuro titular da pasta como mais um sinal da recente moderação de Milei. Apesar de não ser considerado um especialista em macroeconomia, já que sempre atuou no mercado financeiro, Caputo é visto como alguém experiente. Ele foi ministro das Finanças e presidente do Banco Central na gestão do ex-presidente Mauricio Macri.

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