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Planalto e Fazenda pressionam BC na véspera de decisão do Copom

'Temos de mexer com o coração do presidente do BC', diz Lula; Haddad diz que há gordura para queimar com juros ainda altos

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Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), pressionaram nesta terça-feira (12) o Banco Central a reduzir a taxa de juros. As declarações foram feitas na véspera de decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) sobre o tema.

"Temos de mexer com o coração do presidente do BC [Roberto Campos Neto]. 'Reduz um pouco o juros que as pessoas estão querendo tomar dinheiro emprestado. Os governadores podem ajudar", disse Lula ao discursar em evento sobre investimentos de bancos públicos nos estados.

Participaram da cerimônia o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), entre outros chefes dos governos estaduais.

Mais cedo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a taxa de juros começou a cair. "Temos gordura para queimar, nossa taxa de juros ainda está muito distante do segundo colocado", afirmou.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT) - Pedro Ladeira - 17.jul.2023/Folhapress

O ministro da Fazenda ainda disse que Lula tem apoiado as decisões da área econômica.

"O presidente não tem faltado, tem chancelado decisões tomadas pela área econômica, no sentido de construção de uma economia robusta e sustentável", disse o ministro durante reunião do chamado Conselhão, o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social e Sustentável.

Já o presidente Lula e governadores participaram de evento sobre investimentos de bancos públicos em estados. "Em operações de crédito, por ente público, foram R$ 32,1 bilhões em 16 estados e R$ 24,3 bilhões em 805 municípios de 25 estados", afirma nota da Presidência.

"Quero estabilidade fiscal, brigo por ela, mas quero estabilidade social", disse Lula. O presidente pediu para Tarcisio discursar durante o evento. O governador de São Paulo agradeceu pela aprovação de financiamento de R$ 10 bilhões do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para obras de transporte no estado.

Mais cedo, no evento do Conselhão, Haddad afirmou que a área econômica tem atuado "sem a ansiedade que muitas vezes nos assombra de querer resolver tudo na emoção".

"Resolvemos muita coisa neste ano, tem muita coisa para resolver ainda, temos de ter projeto consistente no tempo consistente também, para não perder de vista a sustentabilidade desse projeto", declarou.

"Se correr atrás de resultados fáceis, não vamos ter a consistência necessária para governar o país com economia saudável do ponto de vista fiscal, social e ambiental."

As declarações foram feitas no momento em que a política econômica conduzida pelo ministro da Fazenda é mais uma vez alvo de controvérsia dentro do PT. Uma ala do partido tentou suprimir de um documento oficial da sigla a crítica ao que é visto como um "austericídio" em execução pelo governo Lula —mas a expressão foi mantida.

Com isso, o partido torna oficial a crítica à política de reequilíbrio fiscal defendida por Haddad. Recentemente, o ministro convenceu o restante do governo a manter a meta de zerar o déficit público em 2024, o que gerou contrariedade entre integrantes do partido.

Haddad disse, na reunião do Conselhão, que o Brasil deve apresentar resultado econômico melhor em 2024 e deve se beneficiar da melhora na economia global. Afirmou ainda que o mundo vai perceber políticas monetárias diferentes no próximo ano. "A atual é de arrocho."

O ministro também afirmou que o Congresso tem sido "atencioso" e que o governo ainda tem medidas econômicas importantes para aprovar na Câmara e no Senado. "Quero crer que essas medidas são fundamentais para que consigamos aprovar o Orçamento de 2024 mais equilibrado do que foi aprovado no ano passado", disse o ministro.

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