Descrição de chapéu Bradesco

Meta fiscal não é variável que preocupa, diz presidente do Bradesco

Banco está otimista com economia brasileira e prevê crescimento maior que a média do mercado

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São Paulo

O novo presidente executivo do Bradesco, Marcelo Noronha, afirmou que o arcabouço fiscal, apesar de relevante, não é uma variável que preocupa o banco quanto ao desempenho econômico brasileiro dos próximos anos.

"Meta fiscal é fundamental para todo país. Sempre é uma variável importante, mas, pelo que a gente debateu, não é uma variável que, hoje, esteja preocupando. Estamos em um bom caminho para termos um crescimento mais parrudo, e essa é uma crença geral dos economistas. A expectativa é ultrapositiva", disse o executivo nesta segunda-feira (18) em encontro com jornalistas.

O presidente-executivo do Bradesco, Marcelo Noronha
O presidente-executivo do Bradesco, Marcelo Noronha; executivo está otimista quanto ao crescimento da economia brasileira - Divulgação/Acervo Bradesco

A política fiscal do Brasil está em debate em Brasília. Enquanto a equipe econômica de Fernando Haddad defende a manutenção da meta de défict zero em 2024, alas do PT querem um déficit de 1% a 2%, de modo a terem margem para maior gasto público.

No momento, o ministro da Fazenda ganha a disputa dentro do governo, o que alivia a preocupação do mercado.

O Bradesco espera um crescimento de 3% no PIB (Produto Interno Bruto) de 2023 e de 2% para 2024, acima dos 2,92% e do 1,51% previstos por economistas da pesquisa Focus. "Estamos com um olhar positivo", disse o executivo.

Segundo Noronha, o forte crescimento da massa salarial (soma dos salários recebidos pelos trabalhadores), combinado à inflação sob controle e a um baixo índice de desemprego no Brasil impulsionam um maior crescimento da atividade econômica.

"Tivemos um crescimento importante neste ano, e para o ano que vem a gente também. É um dado positivo para a população", disse Noronha.

Para o cenário positivo se concretizar, porém, o banco destaca a necessidade da queda da Selic, a taxa básica de juros, atualmente em 11,75%. E é na política monetária que mais pesa o cenário fiscal, segundo o Bradesco.

De acordo com Luiz Carlos Trabuco Cappi, presidente do conselho de administração do Bradesco, a reforma tributária deve beneficiar ambas as áreas, pois "trará um ganho para a gestão das políticas monetária e fiscal."

A aprovação da pauta no Congresso não preocupa o banqueiro. "A agenda pró-Brasil vai se impondo", disse em relação as negociações do governo com o centrão.

Segundo Trabuco, o Brasil terá um 2024 "muito bom" e "com pouco esforço, passará a ser a oitava maior economia do mundo". Segundo projeção do FMI (Fundo Monetário Internacional), o país terá o nono maior PIB de 2023, atrás da Itália.

Com juros menores, o banco também espera uma recuperação do mercado de capitais, inclusive com uma abertura de janela para ofertas de ações, e projeta uma redução no endividamento (dívida líquida em relação ao Ebitda) das empresas de capital aberto —excluindo Vale, Petrobras e Eletrobras para evitar distorções— de 2,1 para 1,8 em 2024.

Segundo Noronha, o maior desafio vai ser o custo operacional das companhias, por conta da pressão do preço das commodities. Mesmo assim, ele espera um crescimento do lucro e da distribuição de dividendos em 2024.

Outra previsão é o crescimento da agropecuária, que, segundo Noronha, vai representar mais que os 6,7% do PIB de 2022, com ganho de produtividade.

Troca de presidente

Marcelo Noronha assumiu o comando do banco no lugar de Octavio de Lazari ao fim de novembro. No Bradesco há 20 anos, Noronha será o responsável pela transformação da instituição, com investimento em tecnologia, digitalização e otimização das operações, de modo a retomar a rentabilidade de anos anteriores.

Nos últimos trimestres, o banco teve um desempenho aquém do setor, sofrendo mais com a inadimplência.

O lucro nos nove primeiros meses de 2023 foi de R$ 13,4 bilhões, contra R$ 19 bilhões em igual período do ano passado, uma queda de 30%. Nesse intervalo, o banco perdeu 800 mil clientes. O ROAE (retorno anualizado sobre o patrimônio), indicador que mede a rentabilidade da operação nesse período, somou 11%, abaixo dos 16,3% registrados nos nove primeiros meses de 2022 e abaixo dos concorrentes Itaú e Banco do Brasil, cujo mesmo indicador está acima de 20%.

No mesmo período a inadimplência aumentou 1,7 ponto percentual para 5,6%, uma das maiores no setor. A provisão contra calores soma R$ 9,2 bilhões, 26,4% maior que em setembro de 2022.

Segundo Noronha, em fevereiro serão anunciadas mudanças relevantes na estrutura do banco. Por enquanto, as modificações estão no alto escalão, com troca de seis executivos.

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