Descrição de chapéu Datafolha

Sete em cada dez brasileiros esperam um 2024 melhor

Divisão entre petistas e bolsonaristas transborda para economia, mostra Datafolha

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São Paulo

Sete em cada dez brasileiros esperam um 2024 melhor que este ano de 2023. Mas a divisão da sociedade que marcou a eleição presidencial do ano passado transbordou para a economia, trazendo enormes discrepâncias entre o que esperam petistas e bolsonaristas.

Vivendo no mesmo país, simpatizantes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de Jair Bolsonaro (PL) têm expectativas completamente diferentes em relação ao desempenho econômico do Brasil para 2024 e ao seu próprio bem-estar financeiro futuro.

Petistas e bolsonaristas em Guarulhos (SP) durante o segundo turno da campanha eleitoral de 2022 - Fepesil/TheNews2/Folhapress

A clivagem, agora também econômica, é revelada por pesquisa Datafolha realizada no dia 5 de dezembro em 135 municípios, com 2.004 entrevistas e margem de erro de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

O levantamento mostrou ainda, na população como um todo (petistas, bolsonaristas e os demais), que a possibilidade de aumento da inflação ainda preocupa a maioria (51%), mas que houve diminuição do pessimismo em relação ao desemprego: em pouco mais de três meses caiu de 46% para 39% o total dos que acham que ele pode aumentar.

Entre petistas, só 31% acham que os preços vão subir; entre bolsonaristas, o total salta para 72%. Em relação ao desemprego, só 25% dos simpatizantes de Lula temem seu aumento; mas 60% dos ligados a Bolsonaro acreditam na deterioração do mercado de trabalho.

A variação da inflação medida pelo IPCA dos últimos 12 meses até outubro foi de 4,82%, e houve queda em relação aos 12 meses até novembro do ano passado, quando o índice estava em 5,9%. Já o desemprego encerrou o terceiro trimestre deste ano em 7,7%, ante 8,8% no fechamento dos primeiros três meses de 2023.

Os entrevistados em geral também estão mais otimistas em relação à sua situação econômica pessoal, com a maioria (62%) acreditando que ela vai melhorar nos próximos meses. Entre os petistas, com Lula no governo, o percentual sobe para 78%. Já entre os bolsonaristas, ele cai a 46%.

Um percentual ainda maior (70%) acredita em um 2024 melhor que 2023. Mas ocorre a mesma divisão na percepção das duas correntes políticas: 87% dos petistas esperam um ano que vem melhor e apenas 3%, pior. Entre os simpatizantes de Bolsonaro, só a metade (50%) apostam num 2024 melhor, e o percentual dos que aguardam um ano difícil sobe a 30%.

Lula e Bolsonaro disputaram cabeça a cabeça a eleição do ano passado, quando o petista venceu com 50,9% dos votos, ante os 49,1% de Bolsonaro. A vantagem de 2,1 milhões de eleitores a favor do petista foi a menor desde a redemocratização da política brasileira.

Desde então, os bolsonaristas seguem fiéis ao seu líder, apesar de Bolsonaro ter sido proibido pelo Tribunal Superior Eleitoral, em junho, de disputar qualquer eleição por um período de oito anos, o que o deixa de fora da próxima disputa presidencial.

Em relação aos últimos meses, a parcela de brasileiros que avalia ter havido melhora na economia do país oscilou de 35% para 33% na comparação com setembro. A avaliação de que houve piora ficou estável no período, em 35%.

Olhando por este retrovisor dos últimos meses, a avaliação positiva dos petistas quase dobra em relação à média geral e vai a 59%. Entre os bolsonaristas, esse sentimento de melhora no primeiro ano de governo do adversário Lula é mínimo: apenas 9% acreditam nisso.

A avaliação da população em geral de que a situação econômica melhorou nos últimos meses fica acima da média entre os mais jovens (44%), na faixa de renda familiar entre 5 e 10 salários mínimos (45%) e na região Nordeste (42%).

No caso do Nordeste, dois fatores contribuem para uma percepção mais positiva dos últimos meses em termos econômicos. Lula teve quase 70% dos votos dos eleitores da região; e os estados nordestinos recebem cerca da metade dos recursos do Bolsa Família, que passou a pagar R$ 600 por mês neste ano, mais um adicional de R$ 150 por filho de até seis anos.

Mas outro dado da pesquisa —o de como os entrevistados avaliam seu nível de renda e da família— deixa claro como as visões de petistas e bolsonaristas sobre a economia estão contaminadas por aspectos ideológicos.

Apesar da enorme discrepância entre como os dois grupos avaliam o desempenho econômico do país nos útimos meses, petistas e bolsonaristas respondem com percentuais muito parecidos quando questionados se os rendimentos que recebem são suficientes ou insuficientes para o dia a dia.

Enquanto 32% de todos os brasileiros consideram que a renda recebida é exatamente a que precisam para viver, a taxa entre os petistas é de 34%; entre os bolsonaristas, 31%.

Todos os percentuais estão dentro da margem de erro do levantamento, revelando que esses brasileiros hoje antagônicos têm percepção muito parecida sobre o seu atual poder de compra —apesar de suas preferências ideológicas opostas.

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