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Alemães continuam guardando bilhões em marcos

Mesmo 20 anos após introdução do euro, ainda existem bilhões em notas da antiga divisa nacional parados por lá

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Timothy Rooks
DW

Os alemães começarão 2024 com alguns bilhões guardados embaixo do colchão e em gavetas —não de euros, mas dos antigos marcos alemães.

O povo alemão é notório por sua preferência por dinheiro vivo. Mesmo assim, causa espanto saber que, mais de duas décadas após a introdução do euro, milhões em cédulas e moedas de marcos alemães ainda estejam guardados por aí ou simplesmente se perderam.

Parte desse dinheiro antigo certamente está com colecionadores ou alemães nostálgicos. Outra parte virou souvenir e foi levada para casa por turistas ao longo dos anos.

Especialistas afirmam que uma quantia ainda pode estar em poder de países que utilizaram o marco como moeda de reserva. Ninguém sabe ao certo. Embora esses marcos não possam mais ser usados, eles ainda podem ser trocados por euros.

Cédulas do marco alemão usadas na segunda metade do século 20 - Ina Fassbender - 8.fev.2022/AFP

Quanto ainda circula por aí?

O fato de o marco ter deixado de ser moeda corrente no início de 2002 parece fazer pouca diferença para quem ainda dispõe de alguns. Dos 162,3 bilhões de marcos em circulação na época, 7,5% não têm paradeiro conhecido. Isso inclui mais da metade das moedas, em termos de valor.

No fim de 2023, havia 12,24 bilhões de marcos ainda "em circulação", de acordo com o Bundesbank, o banco central da Alemanha. Eram 5,68 bilhões em notas e outros 6,56 bilhões em moeda. Ao todo, são 6,26 bilhões de euros (R$ 33,4 bilhões).

Isso é muito dinheiro sem uso mesmo para a maior economia da Europa, especialmente num momento em que o governo está buscando financiamento para projetos de infraestrutura, como a transição para a energia verde e a modernização de ferrovias, que são importantes para o futuro econômico do país.

Cédulas e moedas de euro - Ina Fassbender/AFP

Sem limites para a troca

Apesar de os marcos alemães ainda não trocados por euros estarem "apenas gradualmente retornando" ao Bundesbank, a instituição afirma que o dinheiro sumido não a preocupa.

Qualquer pessoa que tiver moedas ou notas velhas em qualquer montante pode trocá-las no banco central alemão. E, de fato, uma enorme quantia é trocada todos os anos.

Em 2023, mais de 90 mil cidadãos buscaram uma filial do Bundesbank para trocar, ao todo, mais de 53 milhões de marcos por 27 milhões de euros, o que é um leve aumento em relação ao ano anterior —o segundo consecutivo.

Do valor trocado, dois terços eram notas e um terço, moedas. A maioria do dinheiro veio da Baviera, seguida da Renânia do Norte-Vestfália e de Baden-Württemberg.

A taxa de câmbio é fixa: 1 euro para 1,95583 marco. O serviço é gratuito. E não há planos para encerrá-lo.

Isso faz com que a Alemanha seja apenas um entre seis países da zona do euro que não têm uma data limite para trocar suas antigas moedas nacionais pela moeda única. Os outros são Áustria, Irlanda, Estônia, Letônia e Lituânia.

Outros países que adotaram o euro foram mais severos ao definirem um limite para a troca. Na França, os francos podiam ser trocados até 31 de março de 2008. A Grécia foi mais generosa e permitiu que dracmas fossem trocados por euros até março de 2012.

Marcos achados em casa

Na Alemanha, não há pressa para quem ainda tiver marcos em casa. Um diretor do Bundesbank recentemente declarou à agência de notícias DPA que a instituição espera que, também nos próximos anos, uma grande quantia venha a ser trocada.

Ele disse que marcos certamente continuarão sendo encontrados na hora de limpar e renovar residências herdadas. Mas certamente nem todo herdeiro que encontrar apenas uma pequena quantia em moedas terá disposição para ir até o banco central para trocá-las.

E, assim, muitas delas deverão ainda continuar por aí. Para os marcos que retornarem ao banco central, porém, é o fim do caminho. As notas são picotadas. Já as moedas são separadas, invalidadas e enviadas para a reciclagem de metais.

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