Dona do ChatGPT diz que processo do New York Times contra empresa 'não tem mérito'

Jornal americano acusou OpenAI de infringir seus direitos autorais ao usar milhões de artigos para treinar IA

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Cade Metz
The New York Times

A OpenAI, desenvolvedora do ChatGPT, afirmou na segunda-feira (8) que uma ação judicial do jornal americano The New York Times contra ela "não tem mérito", e que a empresa apoia e cria oportunidades para organizações de notícias. O posicionamento acontece em meio a um debate sobre o uso não autorizado de artigos publicados para treinar tecnologias de inteligência artificial.

O Times processou a OpenAI e a Microsoft em 27 de dezembro, acusando as empresas de infringir seus direitos autorais ao usar milhões de artigos para treinar tecnologias de IA, como o ChatGPT. Segundo a ação judicial, os chatbots agora competem com o Times como fonte de informações confiáveis.

Sede do The New York Times em Nova York, Estados Unidos. - Angela Weiss/AFP

Em uma publicação na segunda-feira, a OpenAI afirma que colabora com organizações de notícias e faz parcerias com algumas delas, incluindo a Associated Press. Usar obras protegidas por direitos autorais para treinar suas tecnologias é uso justo sob a lei, acrescenta a empresa.

Ainda segundo a OpenAI, a ação judicial do New York Times não conta a história completa de como a companhia e suas tecnologias operam.

"Estamos ansiosos para continuar colaborando com organizações de notícias, ajudando a elevar sua capacidade de produzir jornalismo de qualidade, percebendo o potencial transformador da IA", diz a publicação.

O Times foi a primeira grande organização de mídia americana a processar a OpenAI e a Microsoft por questões de direitos autorais relacionadas a suas obras escritas. Outros grupos, incluindo escritores e programadores, também entraram com ações por direitos autorais contra empresas de IA. As ações foram impulsionadas pelo "boom" de tecnologias de "IA generativa", que geram textos, imagens e outros tipos de mídia a partir de comandos curtos.

A OpenAI e outras empresas de IA desenvolvem essa tecnologia alimentando-a com enormes quantidades de dados digitais, sendo que alguns deles estão protegidos por direitos autorais. Isso levou à percepção de que informações online, como histórias, obras de arte, artigos de notícias, publicações em fóruns e fotos podem ter um valor significativo não explorado.

As empresas de IA afirmam há muito tempo que podem usar legalmente esse conteúdo para treinar suas tecnologias sem pagar por ele, visto que o material é público e não estão sendo reproduzidos na íntegra.

Em sua publicação, a OpenAI afirma que suas discussões com o Times sobre uma possível parceria pareciam estar progredindo de forma construtiva.

Durante as negociações, a empresa diz que o Times mencionou que tinha visto a tecnologia da OpenAI "regurgitar" alguns de seus conteúdos —ou seja, a tecnologia tinha gerado excertos quase literais de artigos publicados no jornal—, mas se recusou a fornecer exemplos. Quando o Times processou a OpenAI oito dias depois, a companhia disse que ficou surpresa e desapontada.

Em comunicado, Ian Crosby, advogado do New York Times, afirmou que o post da OpenAI "reconhece que a empresa usou o trabalho do jornal" e que a companhia e a Microsoft estavam usando os artigos do veículo para construir produtos sem permissão ou pagamento. "Isso não é uso justo sob qualquer medida", disse.

A OpenAI afirma que sua tecnologia às vezes "regurgita" artigos, mas diz que isso é um "bug raro", e que está trabalhando para resolvê-lo. A ação judicial do Times incluiu exemplos mostrando o ChatGPT reproduzindo excertos de seus artigos quase palavra por palavra.

"A manipulação intencional de nossos modelos para reproduzir conteúdos não é um uso apropriado de nossa tecnologia e vai contra nossos termos de uso", diz a OpenAI.

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