Grupo com 15 senadores dos EUA diz que entrada da JBS na Bolsa de NY é risco para investidores

Políticos pedem que comissão reguladora investigue o histórico da empresa; JBS não comenta pedido de senadores

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Leah Douglas
Washington | Reuters

Um grupo de 15 senadores dos Estados Unidos enviou uma carta nessa quinta-feira (11) à SEC, comissão reguladora do mercado de capitais dos EUA, para expor suas preocupações com a possível entrada da JBS na Bolsa de Valores de Nova York.

O documento assinado por políticos dos dois principais partidos do país, Republicano e Democrata, menciona que a inclusão da frigorífica brasileira exporia os investidores a riscos e pediram que a SEC examine de perto o histórico criminal e ambiental da empresa.

Funcionário da JBS corta carne em fábrica da empresa em Santana do Parnaíba (SP)
JBS é maior processadora de carne do mundo e estuda entrada na Bolsa de Nova York - Paulo Whitaker - 19.dez.2017 / Reuters

Nesta semana, um grupo de políticos do Reino Unido também anunciou que tomaria medidas para evitar a entrada da JBS na Bolsa.

Procurada, a frigorífica brasileira não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre a carta enviada pelos senadores dos EUA. No caso do Reino Unido, a JBS havia dito que a sua inclusão na Bolsa "melhorará sua governança corporativa e transparência".

A maior processadora de carne do mundo ressuscitou em julho um esforço de mais de uma década para listar suas ações na Bolsa de Nova York, na esperança de acessar capital mais barato e chegar a mais investidores.

Sua tentativa anterior foi atrasada, em parte, por um escândalo de corrupção no Brasil em 2017. Em 2020, a SEC multou a JBS em US$ 27 milhões para resolver outras acusações de suborno relacionadas à sua aquisição em 2009 da Pilgrim's Pride, outra importante empresa de carnes dos EUA.

De acordo com o grupo de senadores dos EUA, esses eventos e mais as alegações de ativistas ambientais de que as práticas de fornecimento de gado da empresa contribuem para o desmatamento da Amazônia apresentam "profundas preocupações" sobre a possível entrada da JBS na Bolsa.

A carta é assinada por nomes como os democratas Elizabeth Warren e Cory Booker e os republicanos Marco Rubio e Josh Hawley.

"A aprovação da proposta de listagem da JBS sujeitaria os investidores norte-americanos ao risco de uma empresa com um histórico de corrupção flagrante e sistêmica, além de consolidar ainda mais seu poder de monopólio e encorajar suas práticas de monopólio", escreveram eles na carta relatada pela primeira vez pela Reuters.

A SEC não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

A JBS é uma das quatro maiores empresas de carne dos Estados Unidos que, juntas, abatem cerca de 85% do gado engordado com grãos dos EUA.

Grupos ambientalistas pediram à SEC que negue a listagem da JBS com base no fato de que as práticas de compra de gado da empresa incentivam o desmatamento da floresta amazônica.

Um relatório de outubro dos promotores federais brasileiros constatou que cerca de 6% do gado da empresa foi comprado de fazendas com "irregularidades", como o desmatamento ilegal, abaixo dos 17% do ano anterior. A JBS afirmou que corrigiu problemas anteriores com suas práticas de fornecimento.

Antes que a JBS possa apresentar seu acordo de listagem para aprovação dos acionistas, a SEC deve determinar que sua oferta esteja em conformidade com as regulamentações dos EUA.

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