Sob pressão de Lula, Vale começa a definir sucessão nesta quinta (25)

Presidente quer emplacar ex-ministro Guido Mantega no comando da mineradora

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Brasília

Em meio a pressões do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a mineradora Vale começa nesta quinta-feira (25) a decidir sobre o comando da companhia nos próximos três anos, com a avaliação de comitê interno sobre a possível recondução do presidente atual, Eduardo Bartolomeu.

Lula tem o desejo de indicar o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega ao cargo, mas esbarra na falta de poder do governo sobre a companhia, privatizada em 1997, na resistência de seus acionistas e em sua política de governança corporativa, que impõe regras para a sucessão.

Diante do impasse, alguns conselheiros começam a estudar sugestões alternativas. Um nome que surgiu nesta semana é do ex-presidente da Vale Murilo Ferreira, que teve o apoio da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) para assumir o comando em 2011.

portão amarelo com a inscrição Vale em branco
Logotipo da mineradora Vale. - REUTERS

Bartolomeo foi nomeado em 2021 para um mandato de três anos, que vence em maio próximo. Sua gestão será avaliada a partir desta quinta pelo Comitê de Pessoas e Remuneração, responsável por recomendar ao conselho de administração sua recondução ou não ao cargo.

O presidente da companhia quer ficar no cargo, mas há divergências entre os conselheiros.

Uma ala defende que a empresa precisa de mais interlocução com as diferentes esferas de governos para destravar licenças ambientais e remover obstáculos a operações.

Caso o conselho decida pela renovação do comando, diz o estatuto da empresa, "deve-se realizar a contratação de empresa de padrão internacional, reconhecida por sua expertise na seleção de executivos globais" para indicar uma lista tríplice de candidatos.

A política de indicação de administradores da companhia define alguns requisitos básicos para os candidatos, como não ter sido condenado por crime falimentar, de prevaricação, propina ou suborno, concussão, peculato, contra a economia popular, a fé pública ou a propriedade, ou a pena criminal.

O candidato não pode ainda ter sido declarado inabilitado por ato da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) ou ter exercido mandato eletivo no Poder Executivo ou Legislativo durante os últimos três anos.

Deve ter reputação ilibada, estar alinhado e comprometido com a missão, os valores e o Código de Conduta da Vale, não ter interesse conflitante de natureza estrutural com a companhia e não pode ocupar cargos em concorrentes no mercado.

A palavra final sobre o novo presidente é do conselho de administração, composto por 13 membros.

Destes, dois foram indicados pela Previ, o fundo de pensão dos empregados do Banco do Brasil. Bradesco e Mitsui têm um representante, cada. E há um representante dos empregados da companhia.

Os outros membros são classificados como independentes, isto é, sem ligação com acionistas relevantes. Portanto, não basta convencer os cinco acionistas com assentos no conselho para eleger o presidente da companhia.

Fontes próximas ao Planalto dizem que Lula não abre mão de Mantega na presidência da mineradora, como uma forma de retribuir os serviços prestados pelo ex-ministro, que comandou a Fazenda de 2006 a 2015 —nas gestões dele e de Dilma.

Mas há uma frente para tentar emplacar o ex-ministro ao menos no conselho de administração, diante dos obstáculos para a presidência da companhia.

Mesmo esse esforço tem grandes entraves, já que o colegiado atual foi eleito em 2023 com mandato de dois anos.

A abertura de uma vaga dependeria da renúncia de algum conselheiro.

Um dos caminhos possíveis seria usar uma das cadeiras da Previ, mas o fundo de pensão encerrou na sexta passada (19) inscrições para o processo que seleciona candidatos a conselho de administração de empresas em que tem participação.

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