Descrição de chapéu Financial Times

Tráfego marítimo no canal de Suez cai 90% após ataques no Iêmen, diz pesquisa

Levantamento feito por empresa de transporte mostra que dobrou o número de navios que fazem o percurso pelo Cabo da Boa Esperança, mais longo que o Canal de Suez

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Robert Wright
Londres | Financial Times

Os ataques do grupo de rebeldes houthis, do Iêmen, a navios que usam o Canal de Suez como rota provocaram uma redução de 90% no tráfego marítimo na região na primeira semana de janeiro na comparação com o mesmo período de 2022, de acordo com pesquisa realizada pela Clarksons, empresa de serviços de transporte marítimo.

Ao mesmo tempo, o levantamento mostrou que mais do que dobrou o número de embarcações que optaram por fazer o trajeto entre Oriente Médio e Europa através do Cabo da Boa Esperança em um intervalo de duas semanas.

O percurso demora cerca de 12 dias a mais e consiste em contornar a África pelo sul. Ele evita passar pelo Canal de Suez, onde os houthis estão atacando embarcações comerciais desde a segunda quinzena de novembro do ano passado em protesto contra Israel em virtude da guerra contra o grupo terrorista Hamas.

Barcos com rebeldes houthis patrulham Mar Vermelho para evitar tráfego de navios que transportam contêineres
Barcos com rebeldes houthis patrulham Mar Vermelho para evitar tráfego de navios que transportam contêineres - AFP - 04.jan.2024

De acordo com a pesquisa, 364 navios porta-contêineres, com capacidade para 4,2 milhões de contêineres de 20 pés (TEUs), optaram pelo trajeto do Cabo da Boa Esperança em 9 de janeiro. Em 21 de dezembro, o número era de 155 embarcações, com capacidade de 1,9 milhão de TEUs.

Na noite de 9 de janeiro, dia em que os dados foram compilados, os rebeldes houthis lançaram um de seus maiores ataques combinados a navios até agora. O Comando Central dos EUA informou que navios de guerra e aeronaves dos EUA e do Reino Unido derrubaram 18 drones, dois mísseis de cruzeiro antinavio e um míssil balístico.

Não foram relatados feridos ou danos no que os EUA disseram ser o 26º ataque a navios comerciais no Mar Vermelho desde 19 de novembro.

Algumas das principais empresas de transporte marítimo como a Hapag-Lloyd e a Maersk confirmaram que está mantida a suspensão do tráfego pelo Canal de Suez e seguirão com as embarcações realizando o percurso do Cabo da Boa Esperança.

As companhias também estão desviando alguns serviços entre a Ásia e a costa leste dos EUA que anteriormente passavam pelo Mar Vermelho e pelo Canal de Suez.

Os navios porta-contêineres são o principal meio de transporte de bens manufaturados e semiacabados em todo o mundo.

Stephen Gordon, chefe de pesquisa da Clarksons, disse que as chegadas de navios porta-contêineres no Golfo de Aden, na entrada do Mar Vermelho, estavam em "níveis muito baixos" desde meados ou final de dezembro.

"As travessias de contêineres [do Mar Vermelho] estão permanecendo em níveis baixos e as travessias ao redor do Cabo estão aumentando", disse Gordon.

Os desvios acelerados fizeram com que o Índice de Frete de Contêineres de Xangai —uma medida dos custos de movimentação de um único contêiner de 40 pés em uma série de rotas de longa distância— em 5 de janeiro atingisse sua taxa mais alta desde a pandemia de Covid-19.

O custo do transporte de um contêiner de Xangai, na China, para Roterdã, na Holanda, aumentou de US$ 1.667 (em 23 de dezembro de 2023) para US$ 3.577 (em 5 de janeiro de 2024). A ida de um contêiner de Xangai para Gênova também dobrou no mesmo período de US$ 1.956 para US$ 4.178.

As linhas de transporte marítimo têm abandonado cada vez mais as rotas do Mar Vermelho e do Canal de Suez desde o final de novembro. Eles têm sido desencorajados por ataques com mísseis dos rebeldes houthis apoiados pelo Irã em navios no Mar Vermelho.

O número de embarcações que optou por trocar o Canal de Suez pelo Cabo da Boa Esperança aumentou desde 30 de dezembro, quando um navio operado pela AP Møller-Maersk, da Dinamarca, foi atacado no Mar Vermelho. O ataque abalou a confiança das linhas de transporte marítimo de que a Operação Prosperity Guardian dos EUA, destinada a evitar ataques houthis, resolveria o problema.

"Para os proprietários de carga, isso está adicionando tempo, custo e interrupção", disse Simon Heaney, gerente sênior de pesquisa de contêineres na Drewry Shipping, com sede em Londres.

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