Bolsa recua e dólar sobe para R$ 4,99 após IPCA acima do esperado

Inflação no Brasil desacelerou em janeiro, mas acendeu alerta nos investidores

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São Paulo

O dólar fechou em em alta de 0,53%, a R$ 4,9945 nesta quinta-feira (8). Já o Ibovespa caiu 1,33%, a 128.217 pontos, segundo dados preliminares da CMA.

Investidores repercutem o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de janeiro. A inflação oficial do Brasil desacelerou para 0,42% após marcar 0,56% em dezembro, segundo dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta manhã.

A expectativa de analistas consultados pela agência Bloomberg era de uma variação menor, de 0,34%, no primeiro mês deste ano.

Painel eletrônico de cotações da B3, em 6 de julho de 2023 - Amanda Perobelli/REUTERS

"Apesar do índice cheio e núcleos no acumulado de 12 meses continuarem arrefecendo, a média dos núcleos anualizada e dessazonalizado voltou a subir, e isso causou estresse nos ativos de risco, provocando uma queda no Ibovespa", afirma Andre Fernandes, diretor de renda variável e sócio da A7 Capital.

Segundo o analista, o temor de investidores é que a alta nos preços de parte dos serviços subjacentes pode levar a um IPCA maior que o esperado nos próximos meses.

"De forma geral, a inflação segue controlada, mas há alguns sinais de alerta; a composição do IPCA teve uma leve piora qualitativa", disse Gustavo Sung , economista-chefe da Suno Research. "Para a política monetária, esse dado não deve alterar o plano de voo já anunciado pelo Banco Central, de cortes de 0,5 ponto percentual nas próximas reuniões."

O IPCA de janeiro reforça a perspectiva de manutenção do ritmo de afrouxamento monetário pelo BC, sem espaço para aceleração dos cortes, o que pode jogar a favor do real, uma vez que, desta forma, a Selic permanecerá em nível restritivo por um bom tempo.

Juros altos no Brasil restringem o desempenho do mercado de renda variável, pesando sob o custo de dívida e de crédito das empresas e atraindo o investidor para a renda fixa.

Outro ponto de atenção dos investidores é a posição do Fed (banco central dos EUA) quanto ao início do ciclo de cortes nos juros americanos.

Nesta quinta, o governo americano divulgou que os pedidos iniciais de auxílio-desemprego estaduais caíram em 9 mil na semana encerrada em 3 de fevereiro, para 218 mil em dado com ajuste sazonal. Economistas consultados pela Reuters previam 220 mil pedidos para a última semana.

Um mercado de trabalho mais forte reforça a atual estratégia do Fed, de adiar o início dos cortes de juros nos EUA. Mais pessoas empregadas pode significar um aumento na renda, o que leva os preços a subirem. Além disso, demonstra a força da economia americana mesmo com juros altos.

Em reação, os rendimentos dos Treasuries (títulos do Tesouro americano) voltaram a subir, fortalecendo o dólar.

Na quarta, autoridades do Fed reforçaram que são necessários mais dados para haver certeza sobre a trajetória da inflação e espaço para cortes de juros.

Nos EUA, o índice acionário S&P 500 teve leve alta de 0,06%, enquanto o Dow Jones subiu 0,13% e o Nasdaq, 0,24%.

Recentemente, após sinais mais cautelosos dos membros do Fed, incluindo do presidente Jerome Powell, e dados de emprego americanos mais fortes do que o esperado, o mercado reduziu a aposta de que o início do afrouxamento monetário seria em março. Isso por sua vez, tem fortalecido o dólar globalmente, já que quanto maiores os juros, mais rentável é a moeda do país.

Já no mercado acionário brasileiro, os papéis do Bradesco tiveram nova sessão de queda após a divulgação do balanço de 2023 frustrar investidores. Nesta quinta, as ações preferenciais do banco cederam 2,86%, a R$ 13,56 cada uma. Na quarta, eles derreteram 15,66%.

O banco anunciou um lucro líquido recorrente de R$ 16,297 bilhões em 2023. O número é 21,2% menor que o registrado em 2022, quando o resultado da companhia também encolheu 21%, para R$ 20,7 bilhões.

(Com Reuters)

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