Brasil lidera exportação de alimentos industrializados pelo 2º ano seguido

Em volume, país supera os Estados Unidos mais uma vez, em 2023; em valor, Brasil ocupa quinta posição

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São Paulo

A indústria brasileira de alimentos se consolidou em 2023 como a maior exportadora mundial de produtos industrializados, no critério volume. Foram exportados 72,1 milhões de toneladas no ano passado, alta de 11,4% sobre o ano anterior.

A liderança em volume foi obtida pelo segundo ano consecutivo sobre a indústria americana, que exportou 54,9 milhões no ano passado, segundo dados da Abia (Associação Brasileira da Indústria de Alimentos), divulgados nesta quinta-feira (22).

Os maiores compradores dos produtos brasileiros são China (com destaque para proteínas animais), 22 países da Liga Árabe (consumidores de açúcar e proteínas animais, em especial) e União Europeia (que compra mais açúcar e farelo de soja).

Indústria de beneficiamento e produção de suco de laranja no interior de São Paulo - Silva Junior/ Folhapress - 6.fev.2015

Em valor, porém, o Brasil ocupa a quinta posição, atrás de Estados Unidos, Holanda, Alemanha e França.

Foram exportados US$ 62 bilhões (R$ 306,3 bilhões) em 2023, 5,2% acima do valor apurado no ano anterior. Os Estados Unidos exportaram no ano passado US$ 89,3 bilhões (R$ 441,2 bilhões).

"Estamos concentrados ainda em alguns grupos de alimentos, temos de diversificar este mix para exportação", disse João Dornellas, presidente da Abia, durante entrevista coletiva para anunciar o balanço da indústria em 2023.

"Temos uma capacidade ociosa de 24%, em média. Quanto mais o mundo buscar alimentos, e quanto mais crescer o consumo interno, melhor para todos: cresce a indústria, gera empregos e divisas", afirmou.

Em relação aos números de 2019, o aumento das exportações brasileiras foi da ordem de 51,8% em volume e 82% em valor.

Há algum tempo, o Brasil exportava só carnes —mas o país passou a vender também processados como presunto, mortadela e salsicha, diz o executivo.

"Em soja, não exportamos só farelo ou o grão, temos a exportação de óleo também, o que agrega valor", afirma Dornellas.

O faturamento da indústria alimentícia como um todo foi de R$ 1,161 trilhão em 2023, o equivalente a 10,8% do PIB (Produto Interno Bruto). Desse total, R$ 851 bilhões (73%) refere-se ao consumo interno, sendo R$ 310 bilhões (27%) em exportações.

Descontada a inflação, as vendas no mercado interno tiveram um aumento real de 4,5% no ano passado (contra 2,5% em 2022). O IPCA para alimentos e bebidas subiu 1,02% em 2023, contra 11,6% em 2022, o que justificou a alta no consumo, segundo a Abia.

Já as vendas reais para o mercado externo avançaram 1,9%, frente a uma alta de 11,7% observada no ano anterior, por causa da variação cambial.

De acordo com a entidade, em 2023, o setor enfrentou menor variação de preços de itens como embalagens e combustíveis, o que aliviou os custos de produção.

Algumas commodities agrícolas viram o preço cair, como milho, trigo e soja, enquanto outras, como cacau, café e açúcar registraram aumento.

No ano passado, a indústria abriu 70 mil postos de trabalho diretos e 280 mil indiretos. Ao todo, o número de trabalhadores diretos atingiu 1,97 milhão, alta de 3,7% na comparação anual. Cerca de 38 mil empresas integram o setor no Brasil, e processam 61% de tudo o que é produzido no campo.

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