Conselho da Vale adia decisão sobre troca no comando da companhia

Comitê interno recomenda elaboração de lista de candidatos para disputa pelo cargo

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Rio de Janeiro

O conselho de administração da Vale decidiu por mais um tempo para analisar relatório de recomendações sobre a sucessão na companhia e terminou reunião desta sexta-feira (2) sem definições sobre o futuro do presidente Eduardo Bartolomeo.

O relatório recomenda a elaboração de uma lista de candidatos à vaga, da qual Bartolomeo pode fazer parte, e considera que a avaliação de outros candidatos pode ser benéfica à companhia. A recomendação deve ser apreciada pelo conselho na próxima semana.

A sucessão no comando da Vale foi alvo de pressões do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que tentou emplacar o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega no cargo, mas desistiu na semana passada após ouvir que o nome não teria votos suficientes.

portão amarelo com a inscrição Vale em branco
Logotipo da mineradora Vale - Reuters

O governo não tem interesse na renovação do mandato de Bartolomeo, que vence em maio.

Uma das lacunas de sua gestão apontada pelo relatório interno é justamente a dificuldade de relacionamento com diferentes públicos de interesse, entre eles os governos federal e estaduais.

Por outro lado, o relatório apontou que Bartolomeo seria forte candidato para se manter no posto. Mas o comitê entende como necessária uma perspectiva mais ampla, diante da diversidade de opiniões e pontos de vista do conselho de administração.

Caso o conselho acate a recomendação do comitê, o estatuto da Vale prevê a contratação de empresa de padrão internacional, reconhecida por sua expertise na seleção de executivos globais para elaborar essa lista.

Internamente, circulam entre possíveis candidatos os nomes do ex-presidente da mineradora Murilo Ferreira, do ex-presidente da Cosan Luiz Henrique Guimarães, e do vice-presidente financeiro da companhia, Gustavo Pimenta.

Uma ala do conselho da mineradora entende que é melhor negociar um candidato de consenso com o governo. Dependente de decisões de ministérios e autarquias federais para suas operações, a mineradora entende que compensa ter um nome com bom trânsito político.

A palavra final sobre o novo presidente é do conselho de administração, que é composto por 13 membros, a maior parte deles sem ligação com grandes acionistas.

Apenas Previ (com duas cadeiras), Bradesco e a japonesa Mitsui (com uma cadeia, cada) têm representantes no conselho. Uma quinta vaga considerada não independente pertence a representante dos empregados da companhia.

A percepção na Vale é que o governo Lula realmente saiu da disputa nesse momento. Em conversas na semana passada, conselheiros da mineradora abriram margem para acomodar Mantega em outro cargo na mineradora, mas deixaram claro que ele não seria eleito presidente.

Antes do recuo, a Vale se tornou alvo de publicações de Lula e da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, em redes sociais.

No dia 25 de janeiro, Lula criticou a gestão da companhia em redes sociais e Gleisi defendeu que Mantega é qualificado ao cargo.

No dia seguinte, a presidente do PT lembrou uma multa bilionária aplicada à Vale e a BHP pela tragédia de Mariana (MG), em 2015, e classificando como manipulação e preconceito contra Lula e Mantega notícias que vinculavam a queda das ações da empresa ao risco político.

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