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Ações da Petrobras caem mais de 5% e derrubam Bolsa; dólar sobe

Presidente da companhia afirma que estatal deve ser mais cautelosa na distribuição de dividendos

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São Paulo

As ações da Petrobras registraram queda de mais de 5% nesta quarta-feira (28), após o presidente da companhia, Jean Paul Prates, ter afirmado que a estatal será mais cautelosa na distribuição de dividendos em sua transição para energias renováveis.

"Temos que ser mais cautelosos. Os acionistas entenderão. Estamos no meio dessa grande decisão de se tornar uma companhia de petróleo em transição", afirmou Prates em entrevista à Bloomberg.

Após a fala de Prates, as ações da petroleira, que começaram o dia operando próximas a estabilidade, passaram a cair. No fim do pregão, os papéis preferenciais (sem direito a voto) da Petrobras recuaram 5,16%, enquanto os ordinários (com direito a voto) caíram 5,39%. Os dois ficaram entre os mais negociados do pregão.

Nota de dólar
Investidores reagem aos dados divulgados pelos governos do Japão e do Reino Unido - Dado Ruvic/Reuters

"O mandato [de Prates] envolve trabalhar para escolher projetos com taxas de retorno positivas aos acionistas e não demandar paciência destes, que naturalmente, irão reagir a qualquer movimento ou fala proferida pelo CEO", afirma a equipe da Ativa Investimentos, que considera a fala de Prates negativa para os papéis.

Eles dizem, no entanto, que, mesmo com sinais de maior conservadorismo na distribuição de dividendos, os desembolsos previstos no plano de investimentos da Petrobras indicam que a empresa deve seguir como uma boa opção para dividendos ao longo de 2024.

A Petrobras informou no início da noite desta quarta que não há qualquer decisão tomada em relação à distribuição de dividendos ainda não declarados.

A petrolífera acrescentou, em esclarecimento ao mercado, que as decisões da alta administração sobre dividendos, que inclui a proposta de destinação do resultado, a ser submetida à aprovação de assembleia geral ordinária em 25 de abril, serão tomadas com base em sua nova política de remuneração.

Thiago Lourenço, operador de renda variável da Manchester Investimentos, diz que o bom pagamento de dividendos foi um dos principais motivos para a valorização das ações da Petrobras nos últimos meses.

"Com essa queda, na expectativa de dividendos, o mercado acabou pressionando na venda. Temos que acompanhar, no decorrer dessa semana, se essa tendência de fato vai se confirmar. Com uma comunicação um pouco mais claro, é possível que a Petrobras absorva um pouco dessa queda", afirma Lourenço.

O tombo da estatal aprofundou as perdas do Ibovespa, que já operava no negativo desde o início da sessão. O principal índice da Bolsa brasileira fechou em queda de 1,16%, aos 130.155 pontos.

A Vale, empresa de maior peso do Ibovespa, também caiu, devolvendo os fortes ganhos da sessão anterior e pressionada pela queda do minério de ferro no exterior.

Além disso, na noite de terça (27), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou duramente a mineradora por seu histórico de desastres ambientais e pelo abandono de projetos estratégicos, acrescentando que a empresa não é dona do Brasil.

"A Vale não pode pensar que ela é dona do Brasil, não pode pensar que ela pode mais do que o Brasil. Então o que nós queremos é o seguinte: empresas brasileiras precisam estar de acordo com aquilo que é o pensamento de desenvolvimento do governo brasileiro. É isso que nós queremos", afirmou Lula.

Nesse cenário, a mineradora registrou queda de 1,09%.

No câmbio, o dólar registrou alta de 0,78% e fechou o dia cotado a R$ 4,971, enquanto investidores seguem aguardando novos dados de inflação dos Estados Unidos, que serão divulgados na quinta (29), para alinhar apostas sobre o futuro da política de juros americana.

"Parte do movimento de alta do dólar pode ser saída de capital estrangeiro que estava posicionado em Petrobras, vendendo as ações e fazendo remessas de dólares para o país de origem. O mercado também com cautela em relação aos dados de inflação nos Estados Unidos que saem amanhã", diz Leandro Petrokas, diretor de pesquisa e sócio da Quantzed.

Nesta quarta, o Departamento de Comércio dos Estados Unidos revisou para baixo o PIB (Produto Interno Bruto) do quarto trimestre de 2023, porém o resultado anual foi mantido em 2,5%.

O crescimento econômico entre outubro e dezembro mudou de 3,3% para 3,2%, mostrando que a economia do país cresceu em um ritmo sólido no quarto trimestre diante dos fortes gastos dos consumidores, mas parece ter perdido um pouco de velocidade no início do novo ano.

No Brasil, parte das atenções se voltou para o primeiro dia de reunião de ministros das Finanças e presidentes de Bancos Centrais dos países do G20, em São Paulo. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, discursou nesta manhã.

O discurso de abertura foi feito pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que teceu críticas aos super-ricos, citando flexibilização de leis trabalhistas e evasão fiscal.

"Chegamos a uma situação insustentável, em que os 1% mais ricos detêm 43% dos ativos financeiros mundiais e emitem a mesma quantidade de carbono que os dois terços mais pobres da humanidade", afirmou Haddad via videochamada —o ministro está isolado em sua residência, em São Paulo, após receber diagnóstico positivo para Covid-19.

Com Reuters

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