Lucros do petróleo e gás triplicam sob Joe Biden, criticado pelo setor

Desempenho sob democrata destaca papel limitado da Casa Branca em ditar destino dos produtores

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Myles McCormick Jamie Smyth
Houston e Nova York | Financial Times

Os lucros dos maiores produtores de petróleo e gás dos Estados Unidos quase triplicaram sob o presidente Joe Biden, mesmo que o setor critique as políticas "hostis" de seu governo e alerte que um segundo mandato seria "desastroso" para os negócios.

As 10 principais empresas de capital aberto do ramo, que concluirão a divulgação de seus resultados para 2023 nesta semana, estão a caminho de ter acumulado um lucro líquido combinado de US$ 313 bilhões nos primeiros três anos do governo Biden, ante US$ 112 bilhões no mesmo período sob Donald Trump.

O presidente dos EUA, Joe Biden; lucros do petróleo e gás triplicaram nos três primeiros anos do mandato - Leah Millis - 16.fev.2024/Reuters

A capitalização de mercado coletiva do grupo —composto por ExxonMobil, Chevron, ConocoPhillips, EOG, Pioneer Natural Resources, Occidental Petroleum, Hess, Devon Energy, Diamondback Energy e Coterra Energy— saltou 132% ao longo do período para mais de US$ 1,1 trilhão, em comparação com uma queda de 12% nos primeiros três anos de Trump. Os lucros de 2023 são baseados nos balanços divulgados pelas empresas.

A produção dos EUA bateu recordes nos últimos anos: em novembro, a produção de petróleo atingiu um recorde de 13,3 milhões de barris por dia, enquanto o gás natural ultrapassou 2,9 bilhões de metros cúbicos por dia pela primeira vez.

O país ultrapassou o Qatar para se tornar o maior exportador de gás natural liquefeito do mundo no ano passado.

O desempenho superior sob Biden destaca o papel limitado da Casa Branca em ditar os destinos do setor. A recente bonança de lucros foi impulsionada em parte pela invasão em larga escala da Rússia na Ucrânia, que elevou os preços do petróleo e gás.

Um forte ressurgimento na demanda global por energia desde o choque da Covid-19 em 2020 também sustentou os preços. O West Texas Intermediate, o referencial de petróleo dos EUA, teve uma média de cerca de US$ 80 por barril durante os primeiros três anos de Biden, em comparação com US$ 58 no governo de Trump.

Isso também vai contra os argumentos dos republicanos de que o governo Biden sufocou o setor e os avisos sombrios de que uma vitória democrata na eleição presidencial de novembro colocaria em risco a segurança energética americana.

"Desde o primeiro dia no cargo, o presidente Biden tem como alvo nossos produtores de energia doméstica e minou ativamente os esforços dos EUA para semos independentes energeticamente", disse o republicano Mike Johnson, presidente da Câmara, neste mês.

Na realidade, analistas disseram que os presidentes em exercício têm pouco impacto sobre o desempenho de curto prazo do setor.

"Em geral, os retornos em um determinado mandato têm muito pouco a ver com quem está no cargo. São mais os fundamentos", disse Bob McNally, presidente da consultoria Rapidan Energy e ex-conselheiro de energia de George W. Bush.

"Acho que as consequências de uma eleição nos Estados Unidos para a política energética e climática são suscetíveis de serem exageradas e amplificadas."

Trump prometeu revogar grande parte da legislação climática de Biden se vencer em novembro —o que alguns analistas dizem que poderia prejudicar a posição dos EUA no exterior e prejudicar as exportações de energia do país.

"Uma vitória de Trump resultaria em uma grande ruptura com o mundo em relação à política climática global, aumentando ironicamente a pressão pública contra as exportações dos EUA, especialmente na Europa", disse Bledsoe.

Apesar de algumas dúvidas no setor sobre Trump e sua agenda anticomércio, os grandes doadores de petróleo e gás ainda apoiam esmagadoramente o seu partido.

Os republicanos receberam US$ 126,4 milhões em doações eleitorais do setor desde o ciclo eleitoral de 2020, em comparação com apenas US$ 23,6 milhões recebidos pelos democratas, de acordo com pesquisas da OpenSecrets.

Harold Hamm, o magnata do xisto dos EUA e doador republicano, disse ao Financial Times que uma vitória de Biden seria "desastrosa" para o setor.

Ele disse que o presidente estava implementando políticas que resultariam em "morte por mil cortes" para o setor, fazendo referência às restrições à perfuração em terras federais, uma pausa nas aprovações de GNL e regulamentações mais rigorosas.

"Se Trump for o candidato escolhido pelas primárias, certamente o apoiaremos... [uma vitória de Biden] seria desastrosa", disse Hamm, que também doou para os candidatos republicanos Nikki Haley e Ron DeSantis.

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