Incorporadora do ABC, Patriani aumenta aposta em apartamentos mais bem acabados

Empresa que divulga vender 'apartamento, não estúdio' começará a entregar unidades com gabinete no banheiro

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São Paulo

"Não é studio, é apartamento" é a frase repetida pelo apresentador da propaganda da construtora Patriani. Em uma São Paulo inundada por imóveis supercompactos na faixa de 25 metros quadrados, a empresa nascida no ABC paulista quer se diferenciar pelo imóvel compacto, mas que comporte uma planta em que seja possível delimitar o quarto e também lavabo e churrasqueira na varanda.

"Nós só fomos para o apartamento menor com uma condição, de que a planta fosse realmente legal, que encaixe um apartamento compacto normal", diz Bruno Patriani, CEO da empresa que leva seu sobrenome.

A preferência da empresa, segundo ele, é por torres únicas, com apartamentos de 80m² a 100m² e em cidades onde é viável vender o metro quadrado por pelo menos R$ 10 mil. "A gente entrega um pouco a mais que os outros", diz Patriani.

Bruno Patriani, 33, CEO da incoporadora que leva seu sobrenome; empresa mantém fábrica própria de vidros e de caixilharia em Mauá - Zanone Fraissat-6.dez..23/Folhapress

Na lista do que considera serem diferenciais da empresa estão a estrutura para carregamento de veículo elétrico, energia solar no topo do prédio para atender elevadores e áreas comuns (e que reduzem em cerca de 50% do gasto do condomínio com energia elétrica), fibra ótica já instalada e banheiros com box.

A Patriani também mantém uma fábrica em Mauá, na Grande São Paulo, onde prepara a caixilharia e os vidros usados nos apartamentos, e agora começa a montar marmoaria e marcenaria. Nos últimos três anos, investiu R$ 15 milhões nessa produção, que garante maior controle sobre entregas e qualidade.

"Entrego mais qualidade na janela com custo 10% abaixo do que eu acharia no mercado. Esses são itens com que o cliente mexe o tempo todo. Ele não sabe do aço que eu coloquei lá, mas a janela, a porta, ele abre e fecha todo dia. Esses acabamentos são o que o cliente sente."

Nos planos de Bruno, a partir do próximo ano a Patriani conseguirá entregar imóveis mobiliados pela marcenaria da casa. Em Campinas, a incorporadora testou o modelo com uma empresa externa e a recepção foi boa.

"Queremos entregar gabinete de banheiro, onde não tem muita criatividade, e da área de serviço", diz.

Para o executivo, o comprometimento financeiro da compra do imóvel é alto, de modo que o acréscimo de incluir marcenaria, por exemplo, fica diluído no preço final.

"A pessoa vai pagar em 30 anos [junto do financiamento do imóvel] e não precisa se preocupar com obra, é só mudar", diz o CEO da Patriani. "Pensando nisso, de entregar imóveis cada vez mais completos e mais resolvidos, a gente meio que vai no sentido contrário do mercado."

Atualmente a empresa tem dois empreendimentos compactos em São Paulo. Um próximo à Chácara Klabin, no Cursino, que está com 45% das unidades vendidas, e outro no Paraíso, que ainda não foi lançado oficialmente e tem 50% dos apartamentos reservados, à espera de uma última autorização.

A performance, avalia Bruno, é boa, considerando o nível de concorrência da capital paulista. "No ABC e em outras cidades experimentamos uma performance mais agressiva, vendemos o prédio todo em dois meses. Para São Paulo, a gente fez um plano mais longo", afirma.

Os dois compactos lançados neste ano não são os primeiros investimentos da Patriani na capital. Neste ano, a empresa entregou o Platina, no Tatuapé, que tem unidades de 36 m², de 52 m² e de 66 m².

Investir em São Paulo, há pouco mais de três anos, não estava nos planos da empresa, mas a oportunidade era boa. Um terrenista (como são chamados os profissionais que caçam boas áreas) ofereceu, a área era boa e eles não teriam que desembolsar nada pela área, que seria paga em apartamentos.

A Patriani tem 11 anos de mercado e, além de Santo André, onde está sua sede, São Paulo e Campinas, tem prédios em Sorocaba, Atibaia, São José dos Campos e Santos.

Bruno Patriani tinha pouco mais de 20 anos —ele tem 33— quando começou a acompanhar o pai, Valter, em negociações de imóveis residenciais em Santo André, no ABC paulista. Os apartamentos eram comprados na planta e, na hora de vender, o futuro comprador queria saber: "Valter, posso mudar o ponto de ar-condicionado? Vem com piso? Com aquecedor? O que vem a mais? Não vinha com nada", diz Bruno.

Àquela altura, os dois sentiram que já entendiam melhor o mercado e os desejos de quem busca um imóvel para comprar. Valter Patriani, o fundador, segue como chairman da empresa que fundou depois da CVC, de turismo, de onde saiu após o IPO (oferta pública de ações) e a venda para um fundo.

Em 2023, a Patriani faturou R$ 1,1 bilhão, com 25 prédios em obras e outros 25 entregues. Para este ano, a empresa projeta fechar com um crescimento para até R$ 1,5 bi, com três grandes projetos, um em São Bernardo do Campo, um Jundiaí e outro em Santos.

Por enquanto, a Patriani se financia com capital próprio e com bancos. "Se a gente tivesse R$ 500 milhões de injeção de capital, por exemplo, abriria novas unidades de negócio", afirma.

"Mas abrir capital acho que pode ser uma opção no futuro, ainda não é uma meta, nem um sonho. Hoje a gente vende apartamento cada vez mais completo, e, quando você vai para o mercado financeiro, os investidores não vão entender muito do que a gente faz."

RAIO-X | PATRIANI

Fundação: 2012
Receita em 2023: R$ 1,1 bilhão
Prédios em obras: 25 (3.366 unidades)
Prédios entregues: 25 (2.160 unidades)
Funcionários: 814 diretos, 1.557 indiretos

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