Apartamentos mais caros de Nova York atingem menor taxa de vacância em 30 anos

Disponibilidade de imóveis de aluguel com custo acima de US$ 2.400 por mês caiu de 13% para 3,4% em dois anos

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Nacha Cattan
Bloomberg

A taxa de vacância nos aluguéis mais caros de Nova York despencou para 3,4% no ano passado, a mais baixa em quase três décadas.

A disponibilidade de imóveis de aluguel com custo acima de US$ 2.400 por mês (R$ 11,8 mil) era de cerca de 13% em 2021, de acordo com a mais recente pesquisa de habitação na cidade, divulgada na quinta-feira (8).

Antes, a disponibilidade das unidades mais caras da cidade —que têm um aluguel solicitado acima de um limite que cresceu de US$ 1.250 em 1993 para US$ 2.400 em 2023— havia atingido o menor nível em 1996, de acordo com uma análise das pesquisas anteriores da cidade.

Torres residenciais de luxo em Manhattan, Nova York - Spencer Platt/Getty Images via AFP

A queda na disponibilidade de moradias tem sido exacerbada por políticas que desencorajam a construção de novas moradias e taxas de juros em alta, que levaram potenciais compradores de imóveis a optarem pelo aluguel.

A taxa de vacância geral em todos os cinco distritos da cidade caiu para 1,4% no ano passado, a mais baixa desde 1968, sendo que as moradias mais baratas —apartamentos com aluguel abaixo de US$ 1.100— são as mais difíceis de encontrar, com uma taxa de vacância de apenas 0,4%.

Nova York considera uma taxa de vacância abaixo de 5% como uma emergência habitacional. Os dados também refletem uma escassez de moradias na cidade não vista desde a década de 1960.

A construção de novos apartamentos para aluguel despencou desde que a legislatura de Nova York deixou expirar um incentivo fiscal para a construção de moradias acessíveis, conhecido como 421-a, em 2022, e não o substituiu.

Em janeiro, a governadora Kathy Hochul apresentou uma nova proposta para incentivar a construção de milhares de novas unidades acessíveis, mas será necessário colaboração entre grupos de inquilinos, incorporadoras imobiliárias e sindicatos organizados.

"Os dados são claros: a demanda por morar em nossa cidade está muito além de nossa capacidade de construir moradias", escreveu o prefeito de Nova York, Eric Adams, em um comunicado sobre a pesquisa. "Os nova-iorquinos precisam de nossa ajuda e precisam agora".

As quatro categorias de aluguel usadas pela pesquisa da cidade refletem aproximadamente os quartis das unidades de aluguel ocupadas na cidade.

A maior queda na taxa de vacância no ano passado foi entre os aluguéis mais caros da cidade, de acordo com a pesquisa, embora a disponibilidade dessas unidades fosse maior do que as mais baratas.

Mais de 25% das unidades ocupadas por inquilinos da cidade custam mais de US$ 2.400 por mês, e quase 50% das unidades no distrito de Manhattan se enquadram nessa categoria.

Em janeiro, o aluguel médio de um apartamento em Manhattan foi de US$ 5.044, enquanto o aluguel mediano foi de US$ 4.150, de acordo com um relatório da consultoria Miller Samuel e da corretora Douglas Elliman Real Estate. Um apartamento de dois quartos, por exemplo, alugou-se lá por uma média de US$ 6.051 ao mês.

O número de listagens de luxo de Manhattan cresceu nos últimos cinco anos, de acordo com o relatório da Miller Samuel. O aluguel mediano para esses apartamentos caiu 10% no último ano para US$ 9.900 em janeiro. Isso se compara a US$ 6.135 para aluguéis de luxo no noroeste de Queens.

O prefeito da Nova York propôs suspender as restrições de zoneamento para permitir a construção de 100 mil novas moradias ao longo de 15 anos, embora alguns defensores da habitação tenham levantado preocupações de que isso não será suficiente para reduzir os custos habitacionais e poderia agravar ainda mais a gentrificação.

Parte de seu plano seria converter escritórios vagos em moradias, mas será necessário aprovação do estado para criar uma quantidade substancial de novas moradias por meio de conversões de escritórios para residenciais.

"Essa 'emergência' habitacional já dura quase 60 anos sem alívio", disse Jay Martin, diretor executivo do Community Housing Improvement Program, em um comunicado.

"A verdadeira emergência é que os legisladores falharam repetidamente em aumentar o fornecimento de moradias, o que ajudaria os inquilinos e acabaria com essa escassez fabricada".

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