A Bolsa brasileira registrou mais um dia de queda nesta terça-feira (5), pressionada principalmente pelas ações da Vale e em meio a cautela de investidores antes da divulgação de novos dados sobre a economia americana. O Ibovespa fechou a sessão com recuo de 0,18%, aos 128.098 pontos.
No câmbio, o dólar teve leve alta de 0,16%, terminando o dia cotado a R$ 4,955, em meio ao clima de decepção nos mercados com a falta de estímulos da China, enquanto seguia a expectativa por dados norte-americanos e falas do presidente do Federal Reserve (banco central americano), Jerome Powell.
Bernard Faust, sócio da One Investimentos, diz que o ambiente de negócios desta terça foi impactado principalmente por variáveis externas, incluindo a cautela quanto ao posicionamento do Fed.
"Powell já vem sinalizando que talvez o cenário para corte de juros não seja tão fácil quanto o mercado tem projetado nos últimos meses. Tivemos resultados na Bolsa Americana que também deixaram bastante a desejar", diz Faust.
Ele cita, ainda, preocupações sobre a economia chinesa, depois que o início da sessão anual do Parlamento chinês não trouxe planos claros de estímulo, como era esperado por alguns investidores.
O governo chinês manteve a meta do ano passado de crescimento econômico "em torno de 5%" para 2024, e anunciou planos para um déficit orçamentário de 3% da produção econômica, contra 3,8% em 2023.
Recentemente, cresceram os temores sobre a saúde da segunda maior economia do mundo, que tem enfrentado uma recuperação irregular da pandemia de Covid-19.
A situação chinesa impactou os preços do minério de ferro no exterior, o que derrubou as companhias listadas na Bolsa brasileira que estão ligadas ao setor. A Vale, por exemplo, tombou 1,31% e foi a mais negociada do pregão, também impactada por um rebaixamento de recomendação pelo BTG Pactual.
Além disso, o presidente do Fed, Jerome Powell, dará depoimento a parlamentares na quarta e na quinta-feira, fala que virá após moderação recente nas apostas de mercado sobre cortes de juros.
"O discurso do Fed de amanhã tende a indicar se as apostas para o corte de juros americano se mantêm para o final do segundo trimestre ou se elas podem ser antecipadas", disse Matheus Massote, especialista de câmbio da One Investimentos.
"Além do discurso do Powell, nosso olhar se volta para os dados de mercado de trabalho nos Estados Unidos que, se acima do esperado, invertem as apostas e alongam a expectativa do prazo para o corte de juros, até porque uma economia acelerada pode trazer mais inflação e o mandato do Fed atual é de a conter a todo custo."
A expectativa é de que o relatório de empregos do governo dos EUA, a ser publicado na sexta-feira, mostre abertura ainda sólida de 200 mil vagas de trabalho, contra 353 mil em janeiro.
Com Reuters
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.