Estatal de petróleo saudita aumenta dividendos em 30%, apesar de lucro menor

Dividendos da Saudi Aramco referentes a 2023 chegarão a US$ 97,8 bilhões

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Yousef Saba Maha El Dahan
Dubai (Emirados Árabes Unidos) | Reuters

A gigante estatal de petróleo da Arábia Saudita, Saudi Aramco, aumentou seus dividendos apesar da queda de 24,7% no lucro líquido, que atingiu US$ 121,3 bilhões em 2023, devido aos preços e volumes mais baixos. A decisão indica a contínua dependência das receitas do petróleo enquanto busca a diversificação.

O lucro, que caiu de US$ 161,1 bilhões em 2022, ainda foi o segundo mais alto da história da empresa, disse a Aramco no domingo, ao relatar dividendos totais para o ano de US$ 97,8 bilhões, um aumento de 30%. As receitas do petróleo representaram 62% das receitas totais para o país no ano passado.

Instalações da Saudi Aramco na Arábia Saudita
Saudi Aramco, petroleira estatal da Arábia Saudita - REUTERS

O governo saudita, que detém diretamente 82% da Aramco, depende fortemente dos generosos pagamentos da gigante do petróleo, que também incluem royalties e impostos.

Maior exportador de petróleo do mundo, o país está gastando bilhões de dólares tentando diversificar sua economia e encontrar fontes alternativas de riqueza, tendo dependido do petróleo por décadas.

"Nosso balanço permanece forte, mesmo após nosso significativo programa de crescimento e pagamentos de dividendos", disse o CEO Amin Nasser.

Nasser espera uma demanda global de petróleo para 2024 de 104 milhões de barris por dia, acima de uma média de 102,4 milhões de barris em 2023.

A ambiciosa agenda econômica do estado, conhecida como Visão 2030, é liderada pelo Fundo Soberano de Investimento Público, que detém 16% da Aramco, após uma nova transferência pelo governo de 8% para empresas de propriedade do fundo na semana passada.

A Aramco declarou um dividendo base, pago independentemente dos resultados, de US$ 20,3 bilhões para o quarto trimestre. Espera-se que pague US$ 43,1 bilhões em dividendos vinculados ao desempenho este ano, incluindo US$ 10,8 bilhões a serem pagos no primeiro trimestre.

O dividendo base foi aumentado em 4% em relação ao ano anterior, e o dividendo vinculado ao desempenho foi cerca de 9% maior.

A empresa disse que os investimentos de capital foram de US$ 49,7 bilhões em 2023, acima dos US$ 38,8 bilhões em 2022. Prevê investimentos de capital entre US$ 48 bilhões e US$ 58 bilhões este ano, crescendo até meados da década.

Essa faixa é ampla porque para investimentos externos, "há um elemento de timing que não controlamos totalmente", disse o diretor financeiro Ziad Al-Murshed em uma chamada com a imprensa.

O governo saudita ordenou no final de janeiro que a Aramco abandonasse seu plano de expansão para aumentar a capacidade de produção para 13 milhões de barris por dia, voltando à meta anterior de 12 miões.

A decisão de capacidade "deve reduzir os investimentos de capital em aproximadamente US$ 40 bilhões entre 2024 e 2028", disse a Aramco.

A maior parte dessa economia é esperada para os próximos anos, então como ela será gasta será decidido à medida que as oportunidades surgirem, disse Al-Murshed. As prioridades para o uso do dinheiro extra incluem sustentar o capex, o dividendo base, o capex de crescimento, distribuições adicionais e mais desalavancagem, acrescentou.

O fluxo de caixa livre caiu para US$ 101,2 bilhões em 2023, de US$ 148,5 bilhões em 2022.

Os investimentos no upstream, incluindo gás, serão quase 60% do capex em 2024-2026, incluindo investimentos externos, disse o CEO Amin Nasser. O downstream será cerca de 30% e as "novas energias" cerca de 10%.

"À medida que avançamos, nos próximos 10 anos, o upstream será cerca de 50%, o downstream cerca de 35% e as novas energias cerca de 15%", disse Nasser.

Investir em gás ajudará a liberar mais petróleo para exportação, além de produzir mais líquidos associados à extração de gás, disse ele.

As ações da Aramco subiram cerca de 1,7% para 32,3 riais por ação, ligeiramente acima do preço de IPO de 32 riais em 2019. Fontes disseram à Reuters no mês passado que a Arábia Saudita está pronta para vender mais ações da Aramco.

"Essa é uma questão para o governo", disse Al-Murshed sobre se mais ações de propriedade do governo seriam vendidas.

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