Descrição de chapéu Mercado imobiliário

Italiana investe no Ceará após dica de revista e expande bairros inteligentes

Espaços de convivência diferenciados da Planet Smart City também estão no RN; empresa faturou R$ 295 mi em 2022

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Recife

Uma empresária italiana escolheu o Ceará como referência para erguer bairros inteligentes. O mais novo empreendimento é o Smart City Praia Bela, localizado em Aquiraz, na região metropolitana de Fortaleza.

CEO da Planet Smart City, com sede na capital cearense, Susanna Marchioni chegou ao Brasil há nove anos. Desde então, focou os negócios em iniciativas coletivas e sustentáveis.

Até o momento, são quatro "áreas de convivência" —rejeita-se o rótulo de condomínios— no Nordeste.

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Susanna Marchionni é CEO da Planet Smart City - Divulgação

A primeira delas foi inaugurada em 2018 em Natal, no estado vizinho do Rio Grande do Norte. Há também um empreendimento em São Gonçalo do Amarante (CE), a 55 km de Fortaleza.

Com o Smart City Praia Bela, Aquiraz ganha a segunda área de convivência de Marchioni. A primeira foi o Smart City Aquiraz. Trunfo turístico e econômico, o Beach Park, um dos maiores parques aquáticos da América Latina, fica no município.

Os espaços, sem portaria, beneficiam os moradores com soluções tecnológicas. "Os nossos moradores têm um aplicativo gratuito do bairro, com horário e programação de festas, de eventos, programação do cinema, a possibilidade de reservar espaços compartilhados, de se comunicar com outros moradores, de usar sensores dentro da própria casa", diz Marchioni.

A Planet incentiva reúso de água, usa iluminação de LED e, em vez de asfalto, instala piso intertravado nas vias públicas. O comércio e escritórios estão presentes, para evitar a formação de cidades-dormitório.

Segundo Marchioni, há serviços gratuitos para os moradores como internet em pontos de ônibus, coworking, bicicletas compartilhadas, laboratório de costura e bibliotecas.

A proptech —como é chamada uma startup imobiliária—, que também está presente na Itália, na Índia e nos Estados Unidos, com sede em Londres, designa um representante para articular ações coletivas por dois anos, como cuidar de jardins e calçadas, em paralelo ao poder público.

A ideia de criar cidades inteligentes partiu de um sócio de Marchioni. No mais recente empreendimento, na unidade Praia Bela, foram investidos cerca de R$ 110 milhões.

A Planet Smart City espera R$ 250 milhões de retorno nas vendas. O local terá 375 casas. A aquisição de lotes custa a partir de R$ 50 mil e de casas, R$ 145 mil.

Uma das modalidades para comprar imóveis nas cidades inteligentes da Planet é por meio do programa Minha Casa Minha Vida, por meio de subsídio conforme as faixas de renda.

"De forma indireta, o grupo é beneficiado nisso. O governo praticamente financia o cliente com um mútuo que pode chegar a ter 30 anos, com um juro que é mais baixo do que as pessoas que não entram no programa pagam. E também dando um subsídio que, no nosso caso, varia de zero, para quem não tem direito, até mais de R$ 30 mil", afirma Marchioni.

"São projetos abertos, isso é importante. Temos pessoas que entram no programa Minha Casa Minha Vida, portanto, com esse juro reduzido do governo e subsídio, e temos também clientes que compram simplesmente lotes, uma casa para investir ou para usar como segunda moradia."

De acordo com a Planet, clientes do Ceará e de São Paulo são, respectivamente, os mais interessados em investir.

Oriunda de Turim, Marchioni, por sua vez, se divide no dia a dia justamente entre Fortaleza e a capital paulista. Inicialmente, viria ao país para passar de oito a dez meses, mas ficou em definitivo e, atualmente, considera-se uma brasileira também.

Ela conta que sempre trabalhou com o setor imobiliário na Itália, antes de se transferir para o Brasil. E por que a escolha por Fortaleza? Uma dica de uma revista fez a diferença.

"Saiu uma reportagem na revista britânica The Economist que falava dos dez melhores lugares do mundo onde investir. E um era o porto do Pecém, que, sou sincera, na época nem sabia onde era localizado. Fui visitar aquela região, percebi que tinha um grande capital habitacional", diz a empresária.

O grupo, porém, quer se expandir pelo Brasil. A empresa mira projetos verticais em São Paulo, que já estão em elaboração, assim como projetos verticais em Fortaleza. Ao todo, cerca de 400 pessoas atuam nos projetos.

A ideia é que os prédios tenham serviços semelhantes aos dos espaços nordestinos, como gestão social, aplicativo para moradores e espaços compartilhados.

Em 2022, o faturamento do grupo foi de R$ 295 milhões no Brasil. O balanço financeiro de 2023 será fechado ao longo do mês de março.

"A gente, no ano passado, lançou somente um projeto, porque estamos ainda em fase de aprovação. Os lançamentos irão acontecer em 2024. É um valor parecido com 2022", afirma a CEO no Brasil.

Para 2024, Marchioni aposta em "aumentar os valores em pelo menos 20%". Ela diz acreditar que, mesmo em eventuais adversidades econômicas, o mercado da habitação seguirá fortalecido.

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