Produção de veículos no primeiro trimestre repete números do ano passado

Houve alta de apenas 0,4%, segundo Anfavea; modelos eletrificados atingem 7,5% de participação no mercado nacional

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São Paulo

O primeiro trimestre de 2024 termina com 538 mil veículos leves e pesados produzidos, alta de 0,4% na comparação com o mesmo período do ano passado. Os dados, que mostram uma repetição do cenário de 2023, foram divulgados nesta segunda (8) pela Anfavea (associação das montadoras).

Para Márcio de Lima Leite, presidente da associação, o resultado é considerado bom, já que o desempenho de março —que terminou com 196 mil unidades fabricadas— é o melhor dos últimos 12 meses. Em meio às regulamentações do programa Mover (Mobilidade Verde e Sustentabilidade), a entidade tem adotado discurso otimista.

Entretanto, Leite demonstrou preocupação com o aumento das importações. Segundo a associação das montadoras, 90.176 modelos "estrangeiros" foram licenciados no primeiro trimestre, o que representa uma alta de 37,7% em relação ao mesmo período do ano passado.

Pelos cálculos da Anfavea, caso não houvesse crescimento das importações neste início de 2024, a produção local teria registrado um aumento de 5%.

"As importações comeram esse mercado, precisamos monitorar a cada momento a entrada de veículos fabricados fora do Brasil, que acabam impactando diretamente as nossas produções locais", disse Leite, destacando que o emprego no setor está concentrado nas linhas de montagem.

São esses carros trazidos de países como Argentina, China, México e Alemanha que justificam o crescimento de 9,1% nas vendas, com 514,5 mil unidades comercializadas entre janeiro e março.

Os líderes de venda, contudo, são produtos nacionais. O modelo mais licenciado neste início de ano foi o hatch compacto Volkswagen Polo, com 27.263 emplacamentos. A picape Fiat Strada vem em segundo (26.580).

Linha de produção da Caoa Chery, em Anápolis (GO)
Linha de produção da Caoa Chery, em Anápolis (GO) - Divulgação

Apesar do resultado positivo, a Fenabrave (entidade que representa os distribuidores de veículos), considera que a comercialização poderia ter sido melhor. O principal problema está na paralisação dos servidores do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), que vem dificultando importações e exportações.

Durante coletiva realizada nesta segunda, o presidente da Anfavea explicou que apenas os veículos 100% elétricos, que não necessitam de licenças ambientais, têm chegado sem problemas no mercado nacional. Já os modelos que possuem motor a combustão, incluindo os híbridos, estão tendo problemas de liberação.

Leite afirma que há entre 20 mil e 30 mil automóveis retidos em diferentes países, à espera da autorização que precisa ser emitida pelo Ibama para entrarem no Brasil. O executivo afirma também que há impacto nas exportações.

Mas os problemas não impediram o crescimento dos híbridos e 100% elétricos, que seguem em destaque no mercado nacional. Foram vendidas 36.090 unidades no primeiro semestre, alta de 145% em relação ao mesmo período de 2023. Os dados são da ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico).

Com o resultado, os automóveis, picapes e vans eletrificados atingiram 7,5% de participação no mercado de veículos leves.

A marca que mais se destacou na categoria foi a chinesa BYD, com 14.939 unidades comercializadas. A montadora atingiu 3,09% de participação no país, o que a colocou na 10ª posição entre as marcas mais vendidas, segundo a Fenabrave.

Entre os veículos pesados, há queda de 7,5% nas vendas no primeiro trimestre, que terminou com 26,5 mil unidades emplacadas. O número, que inclui ônibus e caminhões, ainda é impactado pela mudança da legislação ambiental que ocorreu no ano passado. Segundo a Anfavea, houve antecipação de compras na virada de 2022 para 2023, quando frotistas aproveitaram para adquirir modelos com descontos.

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