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Brasil sente a crise argentina, geração Z sonha com a casa própria e o que importa no mercado

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Victor Sena
São Paulo

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Brasil sente a crise argentina

As exportações do Brasil à Argentina enfraqueceram. Por trás disso, está principalmente o esfriamento da economia dos "hermanos".

↳ O país ainda é nosso terceiro maior cliente, atrás de China e Estados Unidos, mas reduziu as compras em 30% de janeiro a abril;

↳ As vendas de empresas brasileiras para a Argentina foram de US$ 3,91 bilhões (R$ 20,1 bilhões) no período. Em 2023, foram de US$ 5,57 bilhões (R$ 28,62 bilhões).

Os motivos? Um deles é a recuperação da produção de soja na Argentina, que resulta em menos compras do grão brasileiro.

Produtos industrializados, porém, também tiveram menos envios. Nesse caso, os motivos são outros…

País em recessão. A desregulamentação de setores e o ajuste de preços defasados elevaram o custo de vida.

↳ Cálculos apontam que o poder aquisitivo do salário mínimo caiu em um terço, e o consumo de massa despencou.

E mais: a alta do dólar depois da flexibilização do câmbio e a força dos produtos chineses frente aos do Brasil também se somam aos motivos.

Menos sapatos. De janeiro a abril, a Argentina comprou 3 milhões de pares de sapatos do Brasil, por exemplo. Parece muito, mas é um volume 40% menor que em 2023. Em receita, a queda foi de 24,9%.

Outros exemplos. Acessórios de veículos (-25%); automóveis: (-22%); motores (-23,9%). Veja mais detalhes da situação entre os países aqui.

De acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional), a economia argentina cairá 2,9% em 2024. A recuperação será apenas em 2025.

Análise feita pela BBC mostra como os argentinos reduziram o consumo de carne, leite e mate.

Motosserra de Milei:

Desde que assumiu o governo, o presidente defende o corte de gastos para controlar a inflação e encerrar o déficit das contas.

↳ Além de congelar salários, ele interrompeu obras públicas e cortou diversos subsídios, como às contas de energia.

Como resultado, a Argentina atingiu as contas no azul no primeiro trimestre. Esta foi a primeira vez que isso acontece em 16 anos.

Sim, mas… Apesar do avanço, elogiado pelo FMI, o país passa por um aumento na pobreza. Leia alguns relatos aqui.

Milei espera ainda o aval do Senado para mais ajustes, privatizações e ampliação de poderes já aprovadas pela Câmara. A tramitação da chamada "Lei Ônibus", porém, segue emperrada.

  • O presidente será capa da próxima edição da revista americana Time. Na entrevista, ele discute a perspectiva do governo. Veja mais aqui.

Para aprofundar, duas entrevistas:

Sem rigidez fiscal, Milei seria pato manco, diz economista que é amigo do argentino

Kirchnerismo se perdeu de suas origens, diz Alberto Fernández

Geração Z também sonha

A compra de um imóvel para chamar de seu ainda é um sonho comum para os brasileiros, mesmo os mais jovens.

Com a queda dos juros no Brasil, o último trimestre foi de alta nas vendas de imóveis.

↳ Na cidade de São Paulo, o mercado imobiliário vem se ajustando às preferências da geração Z, com investimento nos bairros próximos às linhas de metrô e tecnologia nos projetos.

Pesquisa feita pela consultoria Brain, focada em dados no setor, mostra que 37% dos jovens da geração Z tem intenção de comprar um imóvel.

  • O número de intenção é maior do que o da geração Y —também conhecida como millennials— em que apenas 30% tem esse interesse.

Relembre: a definição exata de quem pertence à cada geração costuma variar. Em geral, a geração Y abrange quem nasceu de 1985 a 1994 (entre 29 e 39 anos) e a geração Z inclui os nascidos entre 1995 e 2004 (entre 19 e 28 anos).

A Folha conversou com jovens na casa dos 20 anos que acabam de financiar um imóvel.

↳ Contrariando o senso comum, há quem diga que a geração Z costuma valorizar mais a estabilidade do que a geração millennial, mais velha. Essa seria uma das razões pelo interesse maior na casa própria.

Uma pesquisa internacional feita pelo King’s College, de Londres, mostra que a geração mais jovem tende a ser, inclusive, mais conservadora. Este episódio do podcast Café da Manhã discute o assunto.

Nem tão parecidos assim. Pesquisa feita consultoria Deloitte em 2023 mostra diferenças entre as duas gerações no que a empresa chama de "indicador de humor". O índice é baseado nas perspectivas de melhoria em diversos campos da vida (de zero a 100):

↳ Entre a geração Y: o índice de humor caiu de 40 para 35 na pandemia e segue sem se recuperar.

↳ Entre a geração Z: caiu de 39 para 36 em 2020, mas tem se recuperado e alcançou 38 em 2023.

Para aprofundar: nesta reportagem da Folha, a repórter Renata Moura conta relatos da geração Y ao chegar pela primeira vez aos 40 anos, que incluem frustração e orgulho.

Em busca da casa própria? Série de reportagens da Folha ajuda a entender estratégias e opções para quem não sabe por onde começar. Veja todos os textos aqui.

Bilhete premiado de R$ 28 bilhões

Com oito mil habitantes, a cidade de Inocência (MS) receberá investimentos da ordem de R$ 28 bilhões.

↳ O dinheiro é o que a empresa de celulose chilena Arauco estima gastar na nova fábrica da cidade. As obras começarão em 2025.

Apesar de otimista com o progresso, o prefeito Toninho da Cofapi (PP) contou à Folha que tem grandes preocupações e busca garantias da empresa.

O objetivo é evitar uma invasão de empregados temporários e de empresas terceirizadas, que podem sobrecarregar a cidade.

↳ No pico da construção da fábrica da Arauco, serão 12 mil operários, 50% mais que a própria população local.

Exemplo: há o caso de Ribas do Rio Pardo, também no Mato Grosso do Sul. Lá, a chegada de uma unidade da Suzano, maior empresa de celulose do país, prevista para entrar em operação em 2025, teve forte impacto.

↳ O prefeito da cidade, apesar das dificuldades nos últimos anos, destaca à Folha a alta das receitas do município.

Inocência, em Mato Grosso do Sul - Camara inocencia-MS/Divulgação

Em alta. O setor de celulose vive uma expansão no Brasil impulsionado principalmente por encomendas pela China. O pacote de estímulo ao setor industrial anunciado pelo governo federal em março também favorece o setor. Entenda o cenário:

Cidades pequenas atraem megainvestimentos porque a indústria de celulose precisa de grandes espaços para as árvores;

  • São 53 companhias em operação no país;

No ranking global, o Brasil ocupa a segunda posição em produção, atrás somente dos Estados Unidos. Em exportações, o Brasil é líder mundial;

  • O país exporta principalmente celulose, que é a matéria-prima. Já o papel, produto de maior valor agregado, tem destino principalmente no mercado interno.

Os tipos de papel. Dados da associação do setor Ibá mostram que os principais papéis produzidos pelo setor no Brasil são: papel para embalagens (1º lugar), impressão e escrita (2º lugar), sanitários (3º lugar).

Fatores ambientas também entram na pauta, já que o setor usa principalmente florestas de eucalipto, espécie de origem estrangeira. Reportagem de Jéssica Maes explica que faltam espécies nativas em projetos de reflorestamento.

Startup da semana: Pagaleve

O quadro traz às segundas o raio-x de uma startup que anunciou uma captação recentemente.

A startup: fundada em 2021, a Pagaleve é uma fintech que oferece uma plataforma ao comércio com a modalidade do Pix parcelado.

Quem investiu: os recursos são de investidores da Credix Finance, plataforma belga que conecta donos de capital a projetos em mercados emergentes.

Em números: o Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDC) levantou R$ 250 milhões, que deverão ser usados até 2025 na expansão da empresa.

Que problema resolve? Atende a população que não usa cartão de crédito, mas também amplia o poder de compra de quem usa. Para o comércio, a Pagaleve afirma que aumenta as taxas de conversão das vendas entre 10% e 20%.

Por que é destaque: o Pix já é o meio de pagamento mais popular do Brasil em número de transações.

  • Foram 42 bilhões em 2023, alta anual de 75%.

Com o parcelamento, a tendência é de mais inclusão financeira no país e mais acesso ao crédito. Com um modelo próprio e inteligente de avaliação de risco e precificação de juros, a Pagaleve afirma ter uma inadimplência em cerca de 2%.

São cerca de 5,8 mil marcas atendidas, como Farm, Chilli Beans e Polishop. A expectativa é chegar a 10 mil até o fim deste ano.

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