Descrição de chapéu BNDES Chuvas no Sul

Diretor do BNDES defende linha de crédito para reconstrução do RS

Nelson Barbosa diz que bancos de desenvolvimento têm de enfrentar os eventos extremos do clima; ala do governo Lula (PT) discute criação de fundo

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Rio de Janeiro

O diretor do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) Nelson Barbosa defendeu nesta segunda-feira (20) a criação de uma linha de crédito para auxiliar a reconstrução do Rio Grande do Sul, após as enchentes que afetaram mais de 2 milhões de pessoas e deixaram ao menos 157 mortos.

Rodovias, habitações e bairros inteiros nas cidades destruídas pelas enxurradas vão precisar de investimento para reconstrução. O governo de Eduardo Leite (PSDB) quer criar quatro cidades provisórias para abrigar moradores de Porto Alegre, Guaíba, Canoas e São Leopoldo. Os setores de indústria e agricultura também foram gravemente afetados pelas chuvas.

"Os eventos climáticos do Rio Grande do Sul vão requerer uma linha de crédito especial para reconstrução. Nós já temos linhas para mitigação e adaptação, e agora temos que pensar também em linha para cuidar de perdas e danos", afirmou Nelson Barbosa.

Área na beira da BR 116 em São Leopoldo tem acúmulo de lixo em parte alagada, com lojas e casas ainda completamente cheias de água - Pedro Ladeira/Folhapress

Uma ala do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discute a criação de um fundo para financiar investimentos de reconstrução da infraestrutura após desastres climáticos, com aplicação imediata para o Rio Grande do Sul.

Líderes de bancos públicos de desenvolvimento de países que integram o G20 se reúnem nesta segunda-feira (20) e terça (21) no Rio de Janeiro, em reunião sobre financiamento climático. Nelson Barbosa substitui o presidente do BNDES Aloizio Mercadante.

Representantes do bancos nacionais de desenvolvimento do Brasil e de outros países que integram o G20 afirmaram que vão debater, nos dois dias de evento, formas de financiamento global para a recuperação de cidades atingidas por desastres climáticos, como é o caso dos municípios do Rio Grande do Sul.

Barbosa disse que o Fundo Clima, administrado pelo BNDES, possui US$ 2 bilhões para financiar a transição climática e deve receber mais R$ 30 bilhões nos próximos três anos.

"Os bancos de desenvolvimentos têm que enfrentar os eventos extremos do clima, lidar com os efeitos de refugiados climáticos e com programas de reconstrução. O volume dos recursos envolvidos e o prazo necessário tornam inevitáveis a participação direta do governo, e o BNDES vai cumprir o seu papel nessa reconstrução."

O BNDES anunciou como medidas emergenciais para o Rio Grande do Sul a suspensão completa, por 12 meses, dos pagamentos de prestações vencidas ou a vencer de financiamentos contratados com o BNDES e o alongamento do prazo de amortização dos empréstimos para clientes dos municípios atingidos pelas enchentes.

Presidente do Finance in Common, Remy Rioux defendeu a criação de um arcabouço global para dar acesso fácil aos fundos de crédito do clima.

"Essa arquitetura financeira global envolve várias coalizações, iniciativas que devem conversar entre si para dar soluções, definir o arcabouço de financiamento sustentável."

João Paulo Kleinübing, presidente do BRDE (Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul), comparou o esforço de reconstrução do Rio Grande do Sul com o que aconteceu na cidade de Nova Orleans, em 2005, nos Estados Unidos, após o furacão Katrina.

"A rapidez com que as maiores tragédias vão avançando são grandes sinais de alerta daquilo que tem acontecido", afirmou Kleinübing. "Hoje Nova Orleans tem 25% menos população do que tinha em 2005. Isso dá uma dimensão do desafio que teremos no Rio Grande do Sul do ponto de vista de recuperação econômica. Precisamos fazer com que o estado continue com o vigor econômico necessário para poder enfrentar aquilo que virá."

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