Bolsa e dólar rondam estabilidade, com Focus e Petrobras no radar

Boletim voltou a aumentar previsões para a inflação em 2024, e investidores aguardavam a primeira entrevista de Magda Chambriard como CEO da estatal

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São Paulo

A Bolsa brasileira e o dólar rondavam a estabilidade nesta segunda-feira (27), em dia de agenda esvaziada. No radar, investidores analisavam o último Boletim Focus e aguardavam a primeira entrevista coletiva de Magda Chambriard como presidente da Petrobras, prevista para às 18h.

Por volta das 15h29, o Ibovespa tinha recuo de 0,02%, a 124.282 pontos. O dólar, no mesmo horário, subia 0,11%, cotado a R$ 5,173 na venda.

O Boletim Focus aumentou a previsão para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) no final do ano pela terceira semana consecutiva. Agora, economistas consultados pelo BC (Banco Central) estimam que o indicador oficial da inflação do país encerrará 2024 em 3,86% –alta de 0,06 p.p. (ponto percentual) em relação à leitura anterior.

Já a taxa Selic teve a projeção mantida em 10%, a primeira pausa após três semanas de alta nas previsões.

REUTERS

Os dados ecoam um debate que tomou conta dos mercados no final da última semana: a meta de inflação. Em evento na Câmara dos Deputados na quarta-feira passada, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a meta de 3%, estabelecida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) e perseguida pelo BC através da taxa Selic, é "exigentíssima".

"Se o Brasil está com dificuldade de cumprir meta mais baixa, e a inflação fica insensível a taxas de juros, temos que pensar as questões institucionais", afirmou, acrescentando que uma das principais questões institucionais é o quadro fiscal.

"Meta de inflação de 3% é ousada para histórico do Brasil. Se queremos perseguir esta meta, temos que abrir este debate." Há uma margem de tolerância de 1,5 p.p. para cima e para baixo.

No paralelo, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou que as perspectivas de uma inflação mais alta têm sido uma má notícia para a autarquia, ressaltando que dados recentes também indicam uma piora na percepção de risco relacionado ao Brasil.

"Em termos de expectativas para a inflação, aqui tem sido uma notícia bastante ruim para o Banco Central", disse em palestra no X Seminário Anual de Política Monetária, promovido pela FGV (Fundação Getulio Vargas) na sexta.

"Mais recentemente, a gente viu que as curvas longas (de juros) norte-americanas voltaram e a taxa terminal até voltou um pouco, mas o Brasil não melhorou quase nada. Então parece que nesse movimento a gente ficou um pouco na contramão do mundo emergente, o que sugere que se adicionou prêmio (de risco) específico de Brasil na curva", afirmou.

A principal função da taxa Selic é controlar o aumento de preços. Com a perspectiva de uma inflação mais alta, crescem os temores de que os juros podem encerrar o ano em um patamar maior do que o esperado.

A primeira entrevista de Magda Chambriard como presidente da Petrobras também estava no radar dos investidores. Ela foi eleita na última sexta-feira (24), após aprovação do conselho de administração da estatal.

Chambriard assume o cargo deixado por Jean Paul Prates, demitido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no último dia 14 de maio em meio a uma série de desavenças quanto à condução da companhia, catalisadas pela crise dos dividendos.

A aposta é que a executiva, a pedido de Lula, acelere investimentos em outros setores da Petrobras para a geração de emprego e renda no país.

"O perfil dela estará completamente alinhado às expectativas do governo e este, por sua vez, quer a Petrobras maior, gastando mais e distribuindo menos o lucro", diz Jefferson Laatus, estrategista-chefe da Laatus. "Na prática, a Petrobras com certeza pagará menos dividendos."

Daí a expectativa pela primeira entrevista coletiva de Chambriard: além da antecipação já habitual aos investidores da companhia, que teve oito presidentes em oito anos, eles esperam mais detalhes sobre qual será o perfil de gestão da executiva, sobretudo em relação aos dividendos e à política de preços de combustíveis.

A semana também engata com dois feriados no calendário: o Memorial Day já nesta segunda, nos Estados Unidos, e Corpus Christi na quinta-feira (30), que irá suspender as negociações na B3. Ainda assim, os próximos dias guardam divulgações importantes para os mercados.

Na terça-feira, é esperado o IPCA-15, a "prévia da inflação", divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) pela manhã. À tarde, sairão os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).

Na quinta, os olhos estarão voltados à leitura do PIB (Produto Interno Bruto) do primeiro trimestre dos Estados Unidos, e, na sexta, ao PCE, núcleo da inflação norte-americana, o indicador mais monitorado pelo Federal Reserve para balizar a política monetária do país.

Na cena corporativa, os papéis da Petrobras se beneficiavam da alta do barril de petróleo no exterior. Os preferenciais avançavam 1,12% ; os ordinários, 0,94%.

Vale perdia 0,15%, em dia de desvalorização do minério de ferro na China.

Também entre as baixas, Magazine Luiza recuava 2,27%, no primeiro pregão após começar a valer o grupamento de ações anunciado em março. Agora, cada 10 papéis negociados na Bolsa formam apenas um —uma medida comum quando as ações de uma companhia estão sendo negociadas a preços baixos.

Na última sexta-feira (24), a Bolsa brasileira fechou em queda de 0,34% a 124.305 pontos, o sexto pregão consecutivo no negativo. Na semana, o Ibovespa acumulou perdas de 3%.

Já o dólar subiu 0,27%, cotado a R$ 5,167 na venda, acumulando avanço de 1,28% na semana. A tônica dos mercados foi o rumo da taxa de juros dos Estados Unidos, após a ata do Fed e falas de seus dirigentes indicarem que a restrição monetária deve continuar por mais tempo.

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