Bolsa fecha em queda e dólar sobe, em dia de baixa liquidez na volta do feriado

Investidores também repercutiam dados da inflação norte-americana em abril, que veio em linha com as expectativas

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São Paulo

A Bolsa brasileira fechou em queda de 0,5% nesta sexta-feira (31), a 122.098 pontos, com cautela no retorno do feriado de Corpus Christi, mesmo com sinais positivos na inflação nos Estados Unidos.

Já o dólar teve alta de 0,79%, a R$ 5,249 na venda.

Na semana, a moeda norte-americana acumulou alta de 1,47%, e o Ibovespa, queda de 2,11%.

Os investidores, nesta sexta, repercutiram dados do núcleo da inflação dos EUA aferidos pelo PCE (Índice de Preços de Gastos com Consumo Pessoal), o indicador mais monitorado pelo Fed (Federal Reserve) para balizar a política monetária.

REUTERS

Em abril, o PCE (Índice de Preços de Gastos com Consumo Pessoal) subiu 0,3%, informou o Departamento de Comércio dos EUA.

Na base anual, o indicador avançou 2,7%, mesmo percentual de março. Os resultados vieram em linha com as projeções de economistas consultados pela Reuters.

A tônica dos mercados tem sido marcada por temores sobre a taxa de juros dos EUA, à medida que a estabilidade da renda fixa na maior economia do mundo torna investidores avessos ao risco na renda variável, tanto lá quanto nos mercados emergentes.

Com o PCE, a leitura se torna um pouco mais otimista. "É aquele negócio inverso. Quando os EUA soltam dados ruins, na verdade, é positivo", diz Rodrigo Cohen, analista de investimentos.

"Dados ruins mostram que a inflação não está tão forte e vem sendo gradativamente controlada, e isso acaba sendo muito bom para as expectativas de queda dos juros. O gasto médio veio abaixo do esperado, e isso é muito bom também. Mostra que a economia está menos aquecida."

No entanto, os dados não foram capazes de reverter a tendência de queda no Ibovespa, movida sobretudo pela baixa liquidez e pelo movimento das Bolsas dos Estados Unidos.

"Por causa do feriado de ontem, muitos investidores emendaram, e aí a baixa liquidez justifica parte da queda de hoje. Lá fora também está sendo um dia negativo, com quedas no S&P 500 e na Nasdaq, estendendo as perdas de ontem vistas por lá", pondera Jennie Li, estrategista de ações da XP.

"No fim, o dado do PCE não mexeu tanto com os mercados, então isso se junta a um dia de pouca liquidez e semana de feriado nos Estados Unidos e no Brasil também."

Os operadores, porém, aumentaram as apostas de que o Fed fará um primeiro corte na taxa de juros em setembro, após os dados do PCE. Agora, enxergam 51% de chance de que haverá uma redução daqui duas reuniões, em comparação com cerca de 49% antes do relatório.

Olhando para o dólar, o último dia do mês é marcado pela disputa para formação da Ptax, taxa de câmbio calculada pelo Banco Central com base nas cotações do mercado à vista. Ela serve, principalmente, como referência para a liquidação de contratos futuros.

No fim de cada mês, agentes financeiros costumam tentar direcioná-la a níveis mais convenientes às suas posições, sejam elas compradas (no sentido de alta das cotações) ou vendidas em dólar (no sentido de baixa).

Os números do PCE fizeram o dólar ampliar perdas ante diversas divisas no exterior, mas, no Brasil, a disputa pela formação da Ptax passou a dar o tom dos negócios.

Assim, perto das 10h, das 11h e das 12h —horários em que o BC realiza coletas para cálculo da Ptax—, o dólar à vista renovou máximas do dia, em um claro movimento de pressão dos comprados. Às 12h, no pico da sessão, o dólar à vista foi cotado a R$ 5,259 (+0,94%).

Formada a Ptax no início da tarde (R$ 5,241 para venda), o dólar passou a oscilar de forma mais livre no Brasil, mas como a sexta-feira foi de sessão espremida entre o feriado e o fim de semana, a liquidez também diminuiu.

Na cena corporativa, os papéis preferenciais e ordinários da Petrobras avançaram 2,75% e 3,12%, em meio a um movimento estável dos preços do petróleo no mercado externo.

A estatal informou que recebeu de acionistas minoritários correspondências solicitando a convocação de uma Assembleia Geral Extraordinária (AGE) para eleição de membros do conselho e presidência do colegiado, mas que entende que não há motivos para a convocação. Ainda assim, a companhia disse que irá submeter os pedidos à avaliação jurídica.

Petrorecôncavo subiu 4,17%, após anunciar uma distribuição de juros sobre capital próprio de R$ 410 milhões.

Grupo Pão de Açúcar liderou perdas, a 7,72%, em resposta à recomendação neutra do Itaú BBA, com a justificativa de que o valor de mercado atual da companhia "não traz respaldo para uma postura mais construtiva", diz Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos.

Já a Vale fechou perto da estabilidade, com queda de 0,06%, após o recuo nos futuros do minério de ferro. A commodity encerrara a semana em baixa, com a demanda de curto prazo e os dados desanimadores das fábricas da China pesando sobre o sentimento.

Com Reuters

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