Pesquisadores do Holocausto usam inteligência artificial para identificar vítimas sem nome

A IA foi desenvolvida para examinar registros em inglês, hebraico, alemão, russo e outros idiomas e está em fase de testes

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Jerusalém | Reuters

Pesquisadores em Israel estão recorrendo à inteligência artificial para vasculhar pilhas de documentos e tentar identificar centenas de milhares de judeus mortos no Holocausto, cujos nomes não constam nos registros oficiais.

Mais de seis milhões de judeus foram assassinados pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, um genocídio lembrado em todo mundo nesta segunda-feira (6), no Yom HaShoah, ou Dia da Lembrança do Holocausto.

Na preparação para as comemorações, a Yad Vashem, equipe do Centro Mundial de Memória do Holocausto, em Jerusalém, disse que está trabalhando para intensificar as buscas por detalhes de vítimas conhecidas e desconhecidas após desenvolver seu próprio software alimentado por IA.

Ao longo dos anos, os voluntários têm rastreado informações sobre 4,9 milhões de pessoas ao ler depoimentos e documentos, verificando filmagens, cemitérios e outros registros.

Visitante observa fotos de vítima do Holocausto no Museu da História do Holocausto Yad Vashem, em Jerusalém.
Visitante observa fotos de vítima do Holocausto no Museu da História do Holocausto Yad Vashem, em Jerusalém. - Nir Elias/Reuters

"É muito difícil para um ser humano fazer isso —apenas revisar tudo e não perder nenhum detalhe", disse Esther Fuxbrumer, chefe de desenvolvimento de software do centro, à agência de notícias Reuters.

Há enormes lacunas nos 9 milhões de registros existentes. Os nazistas "simplesmente pegavam as pessoas, atiravam nelas e as cobriam em um buraco. Não sobrou ninguém para contar sobre elas", disse Fuxbrumer.

Além disso, há a tarefa gigantesca de vincular indivíduos a datas, membros da família e outros detalhes, procurando duplicatas e comparando relatos.

O sistema de IA, desenvolvido nos últimos dois anos para examinar registros em inglês, hebraico, alemão, russo e outros idiomas, está atualmente em fase de testes.

"Essa tecnologia funciona muito rápido, leva algumas horas para analisar centenas de depoimentos e os resultados são muito exatos", disse Fuxbrumer.

Em um caso, eles encontraram informações sobre Yehudit e Ruth Rosenbaum, duas irmãs gêmeas de quatro anos e meio da Romênia que foram levadas para Auschwitz. Yehudit sobreviveu. Ruth foi assassinada.

"E conseguimos trazer mais informações sobre Ruth de alguém que não é da família dela, alguém que a conheceu no acampamento", afirma Fuxbrumer.

A equipe está realizando testes em 400 dos 30 mil testemunhos, incluindo muitos vídeos gravados de sobreviventes com três horas de duração.

Fuxbrumer disse que 1.500 novos nomes foram adicionados, e muitos outros são esperados nas próximas semanas, quando o sistema for usado em todos os 30 mil testemunhos. A próxima fase do teste abrangerá os diários.

"Acreditamos que dessa forma conseguiremos trazer muitas histórias sobre muitas vítimas que foram mortas, crianças pequenas que ninguém mais conhecia, para nos contar a história do que aconteceu com elas."

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