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Petrobras derrete na Bolsa de NY após demissão de Prates

Papéis perdiam 7,22% nos EUA em reação a uma possível interferência do governo federal na companhia

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São Paulo

O ADR (American Depositary Receipt) da Petrobras apresentava forte queda no mercado de Nova York nesta quarta-feira (15), em resposta à troca de presidência da estatal na última noite.

Às 14h40 (horário de Brasília), os papéis desabavam 7,22%%, com analistas interpretando a saída de Jean Paul Prates como um sinal ruim para o mercado e um indicativo de que o governo federal poderá intervir mais incisivamente na companhia.

Fachada da Petrobras
Agência Brasil

Para o posto de Prates, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicou a engenheira Magda Chambriard, que comandou a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) no governo Dilma Rousseff (PT).

"Fica um cheiro no ar de gestão ao estilo de Dilma, algo que vai ser importante acompanhar nos próximos meses. Não foi um bom sinal, considerando o que parecem ser as motivações para a troca de Prates", avalia o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale.

Na avaliação dele, a Petrobras segue sofrendo ingerências preocupantes por parte do governo, a política de precificação não está pacificada e há defasagens acumuladas de preços que terão que ser revistas. Ele ainda argumenta que se trata de mais um ruído do governo nos últimos meses: foi fiscal, monetário e, agora, na Petrobras.

Prates sofreu forte processo de fritura nos últimos meses, após críticas de Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia, à sua abstenção em votação de proposta do governo para reter dividendos extraordinários referentes ao resultado de 2024, medida que havia sido negociada com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Defendida por Silveira e Rui Costa, ministro da Casa Civil, a retenção foi aprovada no início de março e derrubou o valor de mercado da estatal. O governo acabou recuando semanas depois e aprovou a distribuição de 50% dos dividendos extraordinários em assembleia no fim de abril.

Na assembleia, o governo não só recuou como determinou estudos para que a Petrobras distribua os 50% restantes até o fim do ano, em movimento que tranquilizou o mercado e recuperou o valor das ações da empresa.

Prates ganhou sobrevida no cargo, mas a avaliação no Planalto era de que sua manutenção não duraria muito tempo.

Logo após a demissão, Prates mandou uma mensagem a assessores próximos. "Minha missão foi precocemente abreviada na presença regozijada de Alexandre Silveira e Rui Costa. Não creio que haja chance de reconsideração. Vão anunciar daqui a pouco", escreveu.

Os dividendos são parte chave do imbróglio para o mercado, de acordo com Flávio Conde, head de renda variável na Levante Investimentos.

"[A demissão de Prates] é um sinal ruim. Significa que a ala política venceu o embate. As ações devem cair, porque boa parte dos investidores estão na Petrobras por conta dos dividendos, que estavam projetados em torno de 15% no ano. Com isso, a tese de investimento da Petrobras perde força e o risco de maior intervenção aumenta, não só pela troca de presidente, mas no plano de investimentos."

Mais cedo nesta quarta, os ADRs desabaram 9,88%, com mínima de US$ 15,04.

Com reportagem de Bruno Boghossian, Nicola Pamplona e Catia Seabra

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