Descrição de chapéu newsletters da folha

Varejo contra empresas asiáticas, Nestlé pega carona no sucesso do Ozempic e o que importa no mercado

Leia edição da newsletter FolhaMercado desta quarta-feira (22)

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Victor Sena
São Paulo

Esta é a edição da newsletter FolhaMercado desta quarta-feira (22). Quer recebê-la de segunda a sexta, às 7h, no seu email? Inscreva-se abaixo:

Nada nos conformes

Álcool para ambiente hospitalar, formol e clareadores dentais são produtos com venda restrita no Brasil. Mas estão disponíveis em sites como Shopee, Shein e AliExpress.

↳ É o que mostra um levantamento do IBP (Instituto Brasileiro de Peritos), feito sob encomenda pelo IDV (Instituto para Desenvolvimento do Varejo).

O levantamento das irregularidades é mais uma investida do setor de varejo brasileiro contra sites asiáticos, a quem acusam de concorrência desleal por não pagarem os mesmos impostos.

Produtos falsificados, sem aprovação do Inmetro e da Anvisa também foram encontrados.

  • Exemplos: óculos Ray-Ban por R$ 41, "garrafada" para engravidar, creme de reparação de vitiligo, gel contraceptivo e anel regulador de açúcar no sangue

O que dizem os sites asiáticos: que procuram orientar os vendedores sobre a venda de produtos legalizados e, quando encontram algum desvio ou recebem uma denúncia, alertam o revendedor e podem retirá-lo da plataforma.

Tensão. As reclamações do varejo nacional se agravaram desde o ano passado com a criação do Remessa Conforme.

↳ O programa isenta de imposto de importação compras internacionais de até US$ 50 (R$ 256). No entanto, há cobrança de ICMS de 17%. Veja como ele funciona aqui.

↳ A perícia técnica foi encaminhada no final de abril à PGR (Procuradoria Geral da República), com quem o IDV aguarda uma audiência.

O fim da isenção é pauta de parte do setor. Nesta terça (21), o ministro Fernando Haddad, no entanto, descartou a ideia.

Concorrência alta. Com a crise da Americanas, a chegada das empresas asiáticas e a criação do Remessa Conforme, os últimos meses foram de rearranjo no mapa do varejo digital.

Quando falamos em apps:

  • A Shein perdeu o segundo lugar em downloads para a Shopee e também viu seu tráfego no site cair;
  • O Mercado Livre segue em primeiro lugar de downloads.

A força da Shopee em relação à Shein vem de uma "nacionalização" adiantada: 90% das suas vendas hoje no país são de comerciantes locais —estratégia que visa driblar as restrições a importados

  • A Shein tem a meta de atingir 85% das suas vendas a partir de vendedores locais até o final de 2026, com a contratação de 2.000 confecções no país.

Quando se trata de faturamento, no entanto, o líder em 2023 foi o Mercado Livre, seguido por Magalu, Amazon, Shopee e Casas Bahia —essa última passa por dificuldades, com prejuízo de R$ 2,6 bilhão em 2023.

Gráfico
Folhapress

Desafios. Relatório do Goldman Sachs sobre o setor mostra que a chegada da Temu e do TikTok Shop, plataforma de compras do TikTok, devem manter a concorrência e o custo de aquisição de clientes alto.

↳ Neste ano, a perspectiva é de mais pedidos de recuperação judicial (relembre aqui) no varejo, principalmente devido ao alto endividamento e aos juros ainda altos. A última empresa a solicitar a recuperação foi a Polishop.


Nestlé pega carona no sucesso Ozempic

Para a Nestlé, a diminuição do apetite em quem usa remédios como Ozempic, Wegovy e Mounjaro não é um problema.

A empresa lançará nos Estados Unidos uma linha de alimentos prontos focada nesse público, com adição de proteína, ferro e cálcio.

↳ A ideia é associar os alimentos como "complementares" ao uso desses medicamentos nas campanhas de publicidade.

Misturas de grãos integrais, massas proteicas, pizzas e sanduíches estão entre os produtos da nova linha, batizada de Vital Pursuit. A média de preços nos Estados Unidos será de US$ 4,99 (R$ 25,50).

Entenda: ao longo de 2023, investidores mostraram preocupação de que empresas de alimentos pudessem perder vendas devido ao sucesso dos medicamentos.

↳ Um relatório do banco inglês Barclays alertou investidores sobre o risco de novos hábitos alimentares afetarem o preço das ações de companhias como PepsiCo e McDonald’s.

Evidências sobre a redução do consumo de álcool por quem usa os medicamentos também levaram o tema para dentro de cervejarias e marcas de destilados.

De olho na oportunidade. O emagrecimento rápido, sem acompanhamento nutricional e exercício físico, está associado à perda de massa muscular. É nesse efeito colateral que a Nestlé se apegou para apostar em alimentos com mais proteína.

A empresa também mira a concorrência com a Herbalife, que passou a apresentar seus produtos proteicos com indicação para uso complementar em dietas com uso de remédios emagrecedores.

  • Aproximadamente 1 em cada 8 adultos nos EUA usa medicamentos supressores de apetite, chamados agonistas de GLP-1 (hormônio que atua na saciedade).
  • O banco Goldman Sachs estima que de 10 milhões a 70 milhões de americanos podem buscar esses remédios nos próximos quatro anos.

Além das marcas. O sucesso dos remédios para emagrecer também impulsiona regiões que abrigam centros de produção e influencia tendências da indústria farmacêutica.

A Novo Nordisk, fabricante do Ozempic e Wegovy, é responsável pela maior parte do crescimento econômico da Dinamarca. Economistas alertam, porém, que pode haver uma forte dependência da companhia na economia.

↳ A Novo Nordisk está entre as empresas mais valiosas do mundo, com valor de mercado de US$ 602,09 bilhões, maior que o da Tesla e do banco JPMorgan Chase.

No Brasil, as vendas de semaglutida (princípio do Ozempic) somaram US$ 3,1 bilhões em 2023, um crescimento médio de quase 40% frente 2021.

↳ A partir de julho de 2026, a Novo Nordisk perde a patente sobre a semaglutida. A brasileira Biomm já anunciou a produção de um simular, com investimentos de R$ 330 milhões em Minas Gerais.


Restituição a caminho

Mais de cinco milhões de pessoas vão receber a restituição do Imposto de Renda no primeiro lote, em 31 de maio. A soma dos valores será de R$ 9,5 bilhões, maior patamar da história.

↳ Nesta quinta (23), a Receita Federal libera a consulta dos nomes a partir de 10h. Saiba como verificar se você já tem direito.

Quem entra nesta primeira leva de restituições são grupos prioritários:

  • 258,8 mil idosos acima de 80 anos;
  • 2,6 milhões de contribuintes entre 60 e 79 anos;
  • 162,9 mil com deficiência ou doença grave;
  • 1,1 milhão de contribuintes do magistério;
  • 787,7 mil contribuintes que usaram a declaração pré-preenchida ou optaram por receber por Pix.

Ainda não declarou? Vale lembrar que

↳ O prazo vai até dia 31 de maio, mesmo dia do pagamento do primeiro lote. Para pessoas de cidades atingidas pelas chuvas no Sul, o prazo é 31 de agosto.

↳ A declaração é obrigatória para quem recebeu rendimentos acima de R$ 30.639,90 em 2023. Saiba quem mais deve declarar aqui.

↳ A multa por atraso é de no mínimo R$ 165,74, podendo chegar a 20% do imposto devido no ano.

Mudanças à vista? O governo federal quer apresentar ainda este ano uma série de projetos para mudar o imposto de renda.

O secretário Bernard Appy espera, porém, a regulamentação sobre a reforma tributária do consumo avançar para enviar as propostas.

A ideia principal da mudança é cobrar mais de quem tem renda alta. Brasileiros que ganham até R$ 4.000 têm mesma cobrança de IR dos que ganham R$ 4 milhões.

Outros pontos que devem ser alterados:

  • Regras de IRPJ (Imposto de Renda da Pessoa Jurídica) e da CSLL (Contribuição Social sobre Lucro Líquido);
  • Taxação da distribuição de lucros e dividendos das empresas para pessoas físicas;
  • Atualização da alíquota de isenção para a pessoa física, com cobrança maior sobre salários maiores.

LinkedIn, um refúgio?

O LinkedIn alcançou 1 bilhão de usuários no mundo, com o Brasil na terceira posição em tamanho de mercado —são 75 milhões de brasileiros na rede social.

Por aqui, o crescimento é puxado pela geração Z (nascidos entre 1995 e 2010), que representa hoje 35,4% do total. Em 2019, era 23%.

O motivo do sucesso? Em entrevista à Folha, Milton Beck, diretor-geral para a América Latina e África, tem uma explicação para o movimento.

↳ "É uma rede mais segura que as demais, tem bem menos 'haters' [usuários que postam conteúdos de ódio], as pessoas não se escondem sob pseudônimos para publicar absurdos", diz. Leia a entrevista completa.

De acordo com Beck, os mais jovens chegam à rede social principalmente durante o período final da faculdade, estimulados por professores.

Uma geração pouco comprometida e impaciente? Milton Beck discorda da avaliação. Para ele, no fim das contas, todos precisam pagar contas e estão em busca de um bom salário. Ainda assim, o propósito é muito relevante.

Em números. No mundo, o LinkedIn faturou US$ 15 bilhões (R$ 77,4 bilhões) em 2023, alta de 10% sobre 2022.

↳ O índice de crescimento é maior que o da Microsoft, dona da rede, que registrou receita de US$ 211,9 bilhões (R$ 1 trilhão), alta de 7%.

Em média, são enviadas 5.400 candidaturas de emprego por minuto, período em que são realizadas oito contratações.

A marca de 1 bilhão de usuários coloca o LinkedIn no topo das redes de mídia social, que incluem as rivais TikTok (1 bilhão), Instagram (1,6 bilhão) e Facebook (2,1 bilhões), todas focadas em vídeos e fotos.

Mas... Apesar dos bons resultados, o LinkedIn promoveu um corte de quase 1.400 profissionais no mundo, como forma de equilibrar caixa. No Brasil, são 200 funcionários. A sede da empresa é na zona oeste de São Paulo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.