Descrição de chapéu copom juros Selic

Bolsa e dólar fecham em alta antes de decisão sobre a taxa Selic

Sessão começou com baixas no Ibovespa, demonstrando cautela em meio a apostas de desaceleração do ritmo de corte da taxa de juros

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São Paulo

A Bolsa brasileira fechou em alta de 0,19% nesta quarta-feira (8), a 129.454,94 pontos, pouco antes do anúncio do Banco Central sobre o patamar da taxa Selic. Uma bateria de balanços corporativos também pesou no sentimento do investidor.

Já o dólar avançou 0,46%, cotado a R$ 5,090, interrompendo a sequência de sessões estáveis iniciada na segunda-feira.

O pregão, que começou com o Ibovespa em baixa, demonstrou cautela dos investidores quanto à decisão sobre a taxa básica de juros do país, com apostas divididas entre um corte de 0,5 p.p. ou de 0,25 p.p.

Por cinco encontros seguidos, o entendimento entre o Comitê foi unânime no corte de 0,5 p.p., e, em março, sinalizou que iria repetir a intensidade da redução na reunião deste mês, "em se confirmando o cenário esperado".

REUTERS

Mas a conjuntura econômica, de lá para cá, levou à expectativa de uma desaceleração no ritmo de cortes. No final desta tarde, as curvas de juros futuros tiveram alta firme, em meio à expectativa de um Copom mais duro e ao avanço dos rendimentos do Tesouro dos EUA no exterior.

A taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2025 estava em 10,215%, ante 10,212% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 10,46%, ante 10,419% do ajuste anterior.

No longo prazo, a taxa para janeiro de 2028 estava em 11,075%, ante 10,991%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 11,49%, ante 11,41%.

"Tivemos uma piora do cenário internacional com o Fed [banco central dos EUA] decidindo manter os juros altos por lá, após dados de inflação acima do esperado. Aqui no Brasil também tivemos dados mostrando uma atividade econômica aquecida, além de preocupações com o fiscal, com o governo gastando mais que o esperado", disse Rodrigo Cohen, analista de investimentos e embaixador da XP Investimentos.

A tragédia no Rio Grande do Sul, cujas fortes chuvas já deixaram 100 mortos, também tem pesado nas expectativas dos agentes econômicos. A preocupação, além do impacto humanitário, é quanto ao cenário fiscal e à deterioração das expectativas de inflação.

Frente à tragédia, o Congresso aprovou na terça-feira o projeto de decreto legislativo que reconhece o estado de calamidade no Rio Grande do Sul, abrindo caminho para o envio de recursos federais ao estado sem que isso afete a meta fiscal do governo ou implique descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal.

A ministra do Planejamento, Simone Tebet, ainda afirmou nesta quarta que os gastos emergenciais com o RS "não vão arranhar a dívida pública, porque são para um só estado".

De acordo com a ministra, o governo tem condições de fornecer ao Rio Grande do Sul ao longo dos próximos três dias uma ajuda emergencial inicial, deslocando recursos já previstos no Orçamento. Em seguida, a partir da consolidação de demandas de prefeitos, governador e ministérios, será editada medida provisória para liberar créditos extraordinários, que não serão contabilizados nas regras fiscais.

O contexto levou a um "quase consenso" para a redução do ritmo de queda da Selic para 0,25 p.p., afirma Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos. A mediana de expectativas de especialistas consultados pela Bloomberg aponta para que o corte seja o de menor magnitude.

"Mas há esperança por uma comunicação menos rígida, sem fechar as portas para a continuidade dos cortes, mesmo sem se comprometer com guidance."

Um corte menor na Selic seria, na teoria, positivo para o real ante o dólar, uma vez que preservaria a rentabilidade do mercado de renda fixa, atraindo investidores estrangeiros.

No entanto, muitos participantes do mercado têm alertado que, caso a decisão do BC de desacelerar o afrouxamento seja motivada por incertezas fiscais, isso poderia anular o efeito positivo para o real, já que a saúde das contas públicas também é um fator levado em consideração para decisões de investimento.

Na cena empresarial, uma bateria de novos balanços trimestrais —como BRF, GPA, Ambev, Carrefour Brasil e Telefônica Brasil (Vivo)— também pesou no sentimento dos investidores.

Entre as baixas, Petz perdeu 6,02%, seguida por GPA (5,88%), Telefônica (5,63%) e Ambev (3,41%). Os balanços das empresas decepcionaram acionistas. De grande influência no Ibovespa, Vale perdeu 0,91%, em linha com os futuros do minério de ferro na China.

Do lado positivo, Marfrig avançou 11,18%, seguida por BRF, com 11,17%. Os papéis preferenciais da Petrobras subiram 1,53%, enquanto os ordinários avançavam 1,06%, ajudando a aliviar a pressão sobre o Ibovespa e reduzindo perdas vistas mais cedo —pela manhã, o Ibovespa chegou à mínima de 128.048,04 pontos.


Na terça-feira (7), o dólar encerrou a sessão em leve baixa de 0,13%, cotado a R$ 5,0672 na venda. Foi o segundo dia consecutivo em que a moeda norte-americana fechou perto da estabilidade, com investidores aguardando a decisão do BC sobre o tamanho do corte da Selic.

A Bolsa, por outro lado, registrou ganhos de 0,58%, a 129.210,50 pontos, puxada pela forte cena corporativa em meio à divulgação de balanços trimestrais de peso, como Itaú Unibanco, TIM e Rede D'or.

(Com Reuters)

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