Bolsa tem forte alta com impulso de commodities; dólar cai após Caged e nova fala de Lula

Presidente afirma que há espaço para corte de gastos; bom humor no exterior também ajuda mercado local

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São Paulo

A Bolsa brasileira teve alta de 1,35% nesta quinta-feira (27) e terminou o dia aos 124.307 pontos, enquanto o dólar caiu 0,18%, a R$ 5,507, num dia positivo com bom desempenho de empresas exportadoras e após novas falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre cortes de gastos, além de dados econômicos mais fracos no Brasil e nos Estados Unidos.

O dólar operou em alta durante boa parte do dia, mas engatou queda após a divulgação do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) no meio da tarde, que mostrou criação de vagas abaixo do esperado no Brasil em maio. Segundo a pesquisa, foram criadas 131,8 mil vagas no mês, resultado bem menor que as 200 mil vagas esperadas por analistas consultados pela Bloomberg.

Os números apontam para desaceleração da economia e podem ajudar o Banco Central a voltar a reduzir os juros no país, auxiliando ativos locais.

Além disso, o presidente Lula afirmou, em entrevista à Rádio Itatiaia, que sempre há espaço para reduzir despesas no Orçamento e disse que tem sido feio um estudo profundo sobre gastos nos ministérios.

Os comentários do presidente vêm em meio a incertezas e deterioração da percepção fiscal no Brasil, com agentes do mercado considerando os gastos do governo excessivos. Na quarta, falas de Lula na direção contrária causaram forte alta no dólar, que atingiu seu maior patamar em mais de dois anos.

Na Bolsa, a Suzano, de papel e celulose, foi a maior alta do dia, com avanço de mais de 12% após receber uma recomendação de compra do papel pelo banco Safra. A Petrobras, uma das empresas de maior peso do Ibovespa, subiu quase 2% e também apoiou o índice.

Na ponta negativa, a Sabesp, em processo de privatização, caiu 2,59%. Na noite de quarta (26), encerrou-se o prazo para empresas manifestarem interesse em serem acionistas de referência da companhia de saneamento, e a Equatorial foi a única a apresentar uma proposta.

Notas de dólares enroladas
Dólar registrou na quarta-feira o seu maior valor nominal desde janeiro de 2022 - Dado Ruvic/Reuters

O cenário externo também ajudou os negócios nesta quinta. Dados divulgados nos Estados Unidos mostraram que houve moderação no crescimento econômico do país no primeiro trimestre e apontaram números mais fracos de gastos do consumidor, reforçando a narrativa de desaceleração da economia americana, que também poderia abrir espaço para um corte de juros.

Investidores também avaliaram o relatório de inflação do Banco Central, que trouxe uma melhora na projeção de crescimento do PIB em 2024, mas uma piora na expectativa de déficit em transações correntes.

A projeção do BC para o PIB este ano passou de 1,9% para 2,3% —ainda abaixo dos 2,5% estimados pelo Ministério da Fazenda.

A autoridade monetária também afirmou que a inflação recuou nos últimos três meses, mas em ritmo menor que o projetado em seu cenário de referência, com uma surpresa de 0,14 ponto percentual para cima, principalmente pela alta de alimentos.

O BC destacou que a desancoragem das expectativas de inflação aumentou, apontando também elevação em suas próprias projeções para a evolução dos preços.

Após a divulgação, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta quinta-feira (27) que alta de juros não é o cenário de referência trabalhado hoje pela autoridade monetária.

Segundo o chefe da instituição, o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC optou por deixar seus próximos passos em aberto, mas se manterá vigilante.

Campos Neto também afirmou que a desvalorização recente do real está em linha com os prêmios de risco do Brasil. Ele também descartou a possibilidade de o BC atuar no mercado em função do nível do dólar.

"Como a gente trata o câmbio como flutuante, entendemos que a atuação tem que ser causada por alguma disfuncionalidade pontual, não fazemos intervenção mirando nenhum tipo de nível", disse. "A gente acredita no princípio da separação entre política monetária e câmbio", acrescentou Campos Neto.

O relatório mostrou ainda que a projeção do BC para o déficit em transações correntes do Brasil em 2024 passou de US$ 48 bilhões para US$ 53 bilhões. Ao mesmo tempo, o BC reduziu de US$ 70 bilhões para US$ 65 bilhões a projeção de IDP (Investimentos Diretos no País). Assim, apesar da piora nas expectativas, o IDP continua cobrindo o déficit em transações projetado.

Pesou no câmbio, ainda, a formação da taxa Ptax de fim de mês, que ocorrerá na sexta (28).

Taxa de câmbio calculada pelo Banco Central com base nas cotações do mercado à vista, a Ptax serve de referência para a liquidação de contratos futuros. No fim de cada mês, agentes financeiros costumam tentar direcioná-la a níveis mais convenientes às suas posições, sejam elas compradas (no sentido de alta das cotações) ou vendidas em dólar (no sentido de baixa).

Com Reuters

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