Argentina terá salto na produção de lítio durante excesso de oferta global

Quatro novos projetos estão prestes a entrar em operação; capacidade anual do país deve crescer 79%

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Jonathan Gilbert James Attwood
Bloomberg

Depois de todo o dinheiro que foi investido em seus gigantescos depósitos de lítio, a Argentina viu apenas uma nova mina entrar em operação em quase uma década. Mas isso está prestes a mudar.

Quatro novos projetos finalmente começarão a produzir lítio nas próximas semanas e nos meses seguintes, de acordo com uma linha do tempo do governo federal ainda não divulgada, obtida pela Bloomberg News.

Isso quase dobrará a capacidade de produção na Argentina, cujo potencial de crescimento há muito tempo atrai a atenção dos fabricantes de baterias ao redor do mundo.

Reserva de lítio Salar del Rincon, em Salta, na Argentina - Agustin Marcarian/Reuters

Os projetos —construídos em lagos de sal aninhados nas montanhas dos Andes no chamado triângulo de lítio da América do Sul— são uma bênção para o novo presidente Javier Milei, que precisa desesperadamente de mais dólares de exportação para suspender os controles cambiais que estão sufocando a economia da Argentina.

No entanto, para os mercados globais de lítio, a produção adicional chega em um momento em que os compradores já estão bem abastecidos, com estoques se acumulando diante do sombrio panorama da demanda por veículos elétricos.

Os preços à vista do carbonato de lítio na China caíram para o mais baixo desde agosto de 2021.

Apesar de uma onda de prospecção e desenvolvimento, apenas três operações na Argentina exportam lítio atualmente. Isso ainda é suficiente para ter estabelecido o país como um grande produtor atrás da Austrália, do vizinho Chile e da China.

Das três, apenas uma é uma recém-chegada —a Minera Exar, que é majoritariamente de propriedade do Grupo Ganfeng Lithium.

Agora, a Argentina está dando um salto genuíno, com quatro novos projetos prontos para iniciar operações em grande escala e aumentar a capacidade anual em 79% para o equivalente a 202 mil toneladas métricas, de acordo com uma análise da Bloomberg dos dados do governo não divulgados.

O primeiro dos novos projetos será o Centenario Ratones, da Eramet e da Tsingshan Holding Group, que deve realizar um evento de inauguração na próxima semana, confirmou um porta-voz do Departamento de Mineração.

Os outros são: Sal de Oro, da Posco Holdings; Tres Quebradas da Zijin Mining Group; e Mariana, da Ganfeng.

Embora a nova capacidade não seja toda utilizada imediatamente, ela representa, no entanto, um excesso significativo em um mercado em que a produção global é estimada pela Bloomberg Intelligence em 1,4 milhão de toneladas neste ano.

O Grupo Rio Tinto também pretende ter uma planta piloto de 3.000 toneladas pronta até o final do ano em seu projeto Salar del Rincón, de acordo com uma apresentação feita por Santiago Cicchetti, gerente de assuntos externos da Rio Tinto na Argentina, em uma conferência em Buenos Aires nesta semana.

A conferência de 26 a 27 de junho foi frequentada pelos principais produtores, prospectores, fornecedores de tecnologia e províncias —que têm grande influência sobre se e como os recursos naturais em seus territórios são explorados.

Até agora, na Argentina, a indústria do lítio se concentrou nas províncias de Jujuy, Salta e Catamarca. Mas La Rioja, ao sul, está agora tentando atrair prospectores, disse Walter Gomez, presidente da Emse, empresa de mineração provincial, em entrevista.

La Rioja aprovou uma lei controversa no ano passado permitindo que ela rescindisse áreas de mineração de qualquer proprietário que considerasse especuladores de terras desinteressados na exploração.

A conferência ocorreu em meio à aguardada aprovação federal das amplas reformas de Milei, incluindo um programa de benefícios fiscais, cambiais e aduaneiros para investimentos industriais que beneficiarão a mineração de lítio.

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