Descrição de chapéu copom juros Selic

Equipe econômica vê unanimidade no Copom como acertada para evitar crise

Após ofensiva contra Campos Neto, integrantes do governo avaliam que divergência poderia levar a escalada maior do dólar

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Brasília

A decisão unânime do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) de interromper o ciclo de corte de juros nesta quarta-feira (19) foi vista pela equipe econômica como acertada e crucial para evitar uma deterioração nas condições de mercado do país.

O presidente do Banco Central e os diretores da instituição em pé na sala em que está o quadro Descobrimento do Brasil, de Candido Portinari
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto (ao centro), e os diretores Otavio Damaso, Gabriel Galípolo, Rodrigo Alves Teixeira, Paulo Picchetti, Carolina de Assis Barros, Renato Dias de Brito Gomes, Diogo Guillen e Ailton de Aquino Santos - Raphael Ribeiro-30.jan.2024/BCB/Raphael Ribeiro-30.jan.2024/BCB

Em meio à expectativa de investidores que temiam uma divisão no colegiado diante da pressão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a unidade do Copom foi vista por integrantes do governo como necessária contra uma nova escalada do dólar.

Nos bastidores, fontes destacaram ainda que uma eventual divergência na votação poderia ter desencadeado uma crise de confiança e levado a um aumento nas taxas de juros de longo prazo. Essa visão foi expressa por três integrantes da área econômica do governo.

A repercussão da decisão é observada após o governo fazer uma nova ofensiva contra o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e ao patamar de juros no país na semana em que o Copom decidiria se cortaria novamente a Selic ou se a manteria como está.

Os analistas consideravam que, se o Copom cedesse à pressão e os indicados por Lula expressassem divergência em relação aos demais na decisão desta quarta, ficaria sinalizada uma política monetária mais frouxa para o ano que vem. Essa apreensão se deve ao fato de que, em 2025, os indicados pelo petista terão maioria no colegiado (hoje são quatro de um total de nove integrantes).

O ministro Fernando Haddad (Fazenda) foi questionado sobre o tema durante evento no Rio de Janeiro e disse que só se posicionará após a publicação da ata, prevista para a próxima terça-feira (25). Acrescentou, no entanto, que tem confiança nas pessoas indicadas.

"Se eu falar sobre isso, vai ser depois da ata, como eu tenho feito nas últimas ocasiões. Vou ler, vou ler o comunicado com calma, e semana que vem tem a ata. Mas, de novo, eu tenho confiança nas pessoas indicadas", disse. "Nós vamos subir num rumo forte da economia, vai crescer, gerar emprego."

Enquanto isso, integrantes do PT criticaram o Banco Central. Entre os membros da sigla, a decisão foi chamada de sabotagem contra o governo e a unanimidade do colegiado foi vista como lamentável.

Nos bastidores, ao menos um integrante da sigla criticou Gabriel Galípolo, diretor do BC indicado por Lula e cotado para presidir a autarquia a partir do ano que vem no lugar de Roberto Campos Neto. A visão manifestada é a de que Galípolo agradou ao mercado e desagradou ao petista.

O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, disse ser preciso ver a ata da reunião. Segundo ele, em breve, estará configurado o compromisso do governo com a austeridade fiscal. Na opinião do vice-presidente, não é justificável uma taxa de 10,5% em um cenário de inflação a 3,5%. "O Banco Central tem que ser independente da política", disse Alckmin, em alusão à presença de Campos Neto em jantares em apoio ao Tarcísio de Freitas.

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