Descrição de chapéu Todas

Mundo levará mais 134 anos para atingir paridade entre mulheres e homens, diz Fórum Econômico Mundial

América Latina e Caribe lideram avanço no tema nos últimos 20 anos e podem ser os primeiros a atingir igualdade total

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Isabela Rocha
São Paulo

O mundo levará ao menos 134 anos –cerca de cinco gerações– para atingir a paridade de gênero, de acordo com um relatório divulgado nesta terça-feira (11) pelo Fórum Econômico Mundial.

O relatório "Global Gender Gap Report" (relatório global de disparidade de gênero, em tradução livre) avaliou aspectos de política, economia, educação e saúde em 146 países, determinando quantos por cento da disparidade entre homens e mulheres já foi resolvida. O mundo solucionou 68,5% da diferença.

Manifestantes seguram uma faixa com a inscrição "JUNTAS SOMOS GIGANTES" em uma rua ao entardecer.
Mulheres durante a marcha do Dia Internacional da Mulher de 2024, no Rio de Janeiro. - Tita Barros/Reuters

Na economia, houve uma redução de 17 anos desde a edição passada, em 2023 —agora, a estimativa de paridade para a área é de 152 anos. O índice está em 60,5%. Para essa conta, são avaliados aspectos como salários, participação na força de trabalho, e oportunidades de ascensão na carreira.

A paridade de participação na força de trabalho (65,7%) vem se recuperando desde a pandemia, quando estava em 62,3%, de acordo com o relatório. Mas as mulheres continuam em minoria, inclusive em cargos sênior, segundo dados do LinkedIn citados pelo Fórum.

A maioria dos países no relatório (56%) tem leis que exigem a remuneração igualitária entre homens e mulheres, mas apenas 20% deles têm transparência e mecanismos para garantir seu cumprimento.

"A paridade de gênero está avançando lentamente", disse Silja Baller, diretora de missão, diversidade e inclusão do Fórum. Ela afirma que há uma falta de mudanças efetivas e abrangentes, que retardam o progresso.

Pior do que a economia está a política, com percentual de 22,5%. Houve uma piora na expectativa de paridade, que aumentou em 7 anos e agora, faltam 169 anos até que homens e mulheres tenham as mesmas oportunidades. Nesse caso, foi avaliada a participação feminina em parlamentos, posições ministeriais e chefias de estado.

Nenhum país no relatório atingiu paridade completa até agora, mas 142 dos 146 ultrapassaram os 60%. Em algumas áreas, a estimativa de tempo para paridade aumentou desde o último relatório.

É o caso da área educacional, que deve demorar mais quatro anos desde a última expectativa. Agora, estima-se que faltem 20 anos para a paridade educacional, com base em escolaridade e volume de matrículas.

Mas a educação ainda é umas das áreas que vai melhor no relatório, com percentual de 94,9%. A saúde, a mais avançada, tem 96%.

Saúde é a área mais avançada, com 96%, seguida de educação, com 94,9%.

Cada região do mundo teve um nível diferente de avanço desde a criação do relatório, em 2006.

A América Latina e o Caribe – lidos pelo relatório como uma região só – lideraram a melhora regional, com um aumento de 8,3 pontos percentuais nos últimos 18 anos, atingindo uma pontuação atual de 74,2%. Isso coloca a região em terceiro das oito posições do ranking mundial. Segundo o Fórum, essa trajetória pode servir de exemplo para outras regiões.

A região tem a segunda maior participação de mulheres na política (34%), atrás apenas da Europa, que tem 35,7%. Esse ritmo pode fazer com que a região seja a primeira a atingir paridade de gênero, em 2081.

Mas esse indicativo regional não é sinal de que as mudanças aconteçam de forma uniforme por ali. A Nicarágua, em sexto lugar, é o único país do grupo no top 10, de acordo com o relatório.

O Brasil caiu 13 posições desde o ano passado. É 70º no ranking, com 71,6% de resolução. Teve redução na paridade econômica e política, agora em 66,7% e 22%, respectivamente, mas continua com altos índices de paridade educacional (99,6%) e de saúde (98%).

Líder mundial nos rankings de região, a Europa, com 75% de resolução, ocupa também sete posições no top 10, todas com paridade de 80% ou mais. A região teve uma melhora de 6,2 pontos percentuais desde 2006, e pode ser a segunda a atingir paridade em 2097, daqui a cerca de três gerações.

Na última posição regional, o Oriente Médio e Norte da África (61,7%) tem baixa participação de mulheres na política e na força de trabalho, mas teve melhoria notável em educação –atualmente em 97,2%– desde 2006, de acordo com o relatório.

Os Emirados Árabes Unidos, primeiro no ranking da região, tem paridade completa em seu parlamento desde 2021, e paridade quase completa em educação e saúde, mas apenas 55,3% na economia e 34,1% em sua política como um todo. O país está ranqueado em 74º no mundo. Em seguida vem Israel, em 91º, com paridade de 100% em educação e 96,5% em saúde, mas 69% em economia e 13,9% em política.

A previsão é que a paridade seja alcançada até 2199 na região, daqui a cerca de sete gerações.

A Ásia Central (69,1%) foi a mais devagar em progresso, com aumento de 2,3 pontos percentuais nos últimos 18 anos. A região é avançada em educação e saúde, com 99,6% de paridade, mas piorou em política e economia no último ano, com percentuais de 12,8% e 73,4%, respectivamente. A previsão é que homens e mulheres tenham o mesmo espaço em 2249, daqui a cerca de nove gerações.

Como parte da iniciativa Todas, a Folha presenteia mulheres com três meses de assinatura digital grátis

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.