Descrição de chapéu além do lixo

Símbolo da reciclagem foi criado por estudante de arquitetura de 23 anos

Desenho foi feito em 1970 para concurso promovido por fabricante de caixa de papel nos EUA

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Arthur Guimarães
São Paulo

Três setas indicando um fluxo triangular simbolizam o reprocessamento e a sustentabilidade. O ícone da reciclagem conhecido no mundo todo foi criado por um universitário de 23 anos no intervalo de um a dois dias.

Em 1970, o norte-americano Gary Anderson participou de um concurso para comemorar o Dia da Terra, 22 de abril. Ele cursava arquitetura na USC (Universidade do Sul da Califórnia) quando venceu a dinâmica, promovida por uma fabricante de caixas.

A formulação do design —três setas envolvidas em um fluxo triangular— foi rápida, conforme narrou o autor em depoimento ao Financial Times.

Foto em preto e branco de dois indivíduos, um homem mais velho e outro mais jovem, que olham para o símbolo da reciclagem desenhado em papel
Garry Anderson (à esq.), criador do símbolo da reciclagem em 1970 - Divulgação/Divulgação

"Odeio admitir, mas já tinha feito uma apresentação sobre papel reciclado e criado um gráfico do fluxo da água, por isso já tinha em mente as setas, arcos e ângulos", contou ele.

Hoje o desenho pode ser encontrado em latas de lixo, materiais publicitários e embalagens de produtos nas gôndolas de lojas, farmácias e supermercados.

A primeira grande apropriação do novo símbolo partiu da Sociedade da Indústria Plástica dos EUA, que criou, em 1988, um sistema de códigos para diferenciar as composições de resina plástica de que os produtos são feitos. Resolveu inserir, dentro do triângulo de três setas, números de 1 a 7 para identificar o tipo de plástico.

Segundo Marcus Nakagawa, professor de Responsabilidade Socioambiental e Sustentabilidade da ESPM, imagens vinculadas às questões ambientais são um diferencial de mercado para as empresas.

Porém, algumas delas "entenderam que esses certificados agregam valor e criaram seus próprios selos". O problema, segundo ele, é que o consumidor não tem muito conhecimento e muitas vezes é enganado pelas figuras que estão na embalagem.

No ano passado, a agência norte-americana de proteção ambiental classificou a combinação do ícone da reciclagem com a classificação dos plásticos como "enganosa ou ilusória". Os consumidores, afirma a autoridade, podem considerar o produto reciclável, sendo que nem todas as resinas são recicladas em escala.

"A intenção do sistema de códigos nunca foi determinar a reciclabilidade de um produto, mas determinar a composição de resina e medidas de controle de qualidade antes da reciclagem", disse a agência.

Um relatório de fevereiro deste ano do Centro de Integridade Climática afirma que as empresas petroquímicas promoveram campanhas para "enganar o público sobre a viabilidade da reciclagem do plástico".

"Essas medidas protegeram e expandiram os mercados de plástico, ao mesmo tempo em que paralisaram ações legislativas ou regulatórias que abordariam de forma significativa os resíduos e a poluição de plástico", conclui o estudo da organização internacional

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