Haddad diz que ampliação do cashback pode compensar carnes fora da cesta básica na tributária

Ministro se reuniu nesta terça-feira com o presidente da Câmara e líderes partidários, na véspera da votação do projeto

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Brasília

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira (9) que a ampliação do "cashback" na regulamentação da reforma tributária pode compensar a ausência de proteína animal na lista de produtos da cesta básica —que terão alíquota zero quando a reforma for implementada.

O impacto de alta nas mudanças no projeto na alíquota média de referência dos novos impostos foi o principal tema da reunião do ministro com lideranças da Câmara na tarde desta terça-feira (9), véspera da votação do projeto.

Haddad disse ainda que os líderes fizeram uma espécie de "sabatina" com o técnico da Receita que estava na reunião. Ele afirmou que os congressistas não poderão reclamar, no futuro, que a Fazenda não apresentou informações sobre o impacto na alíquota. "O Congresso não vai poder dizer que nós não prestamos as informações devidas."

O ministro Fernando Haddad durante cerimônia de lançamento do Plano Safra - Pedro Ladeira - 3.jul.2024/Folhapress

Haddad informou que na reunião com os líderes foi feita uma apresentação detalhada de como os cálculos da alíquota média são feitos. Ponderou, no entanto, que a decisão política é do Congresso, que dará a última palavra sobre a reforma.

A visão de Haddad sobre a proteína animal coincide com a do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que, na semana passada, indicou resistência à inclusão de carnes e sugeriu ampliação do mecanismo. O "cashback" prevê a devolução de impostos para a população de baixa renda.

"Aumentar a parcela do imposto que é devolvida para as pessoas que estão no cadastro único é uma coisa que tem efeitos distributivos importantes. Então, às vezes, não é isentar toda a carne, mas aumentar o cashback de quem não pode pagar o valor cheio da carne", disse o ministro.

Segundo ele, a inclusão das carnes na cesta básica nacional com imposto zero é uma alteração que poderá ter o impacto mais expressivo na alíquota, porque o volume de proteína animal consumida no Brasil é relevante.

"Nós expusermos lá qual seria o impacto e levamos um técnico que fez o modelo. Não é um modelo feito de última hora, é um modelo que foi desenvolvido desde 2020, para várias finalidades, inclusive não apenas da reforma tributária", disse.

"O da proteína animal é o mais relevante, mas não é o único", ponderou. Segundo Haddad, o impacto da inclusão das carnes é de 0,53 ponto percentual na alíquota do IVA (Imposto sobre Valor Agregado) nos cálculos do governo e de 0,57 ponto percentual pela conta do Banco Mundial.

A inclusão ou não da proteína animal é um dos pontos polêmicos na reta final da discussão da regulamentação da reforma tributária. A FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária), uma das forças mais expressivas da Casa, por exemplo, defende a inclusão do produto.

Assim como ocorreu na tramitação da PEC (proposta de emenda à Constituição) da reforma tributária no ano passado na Câmara, a tendência é que temas considerados polêmicos sejam resolvidos no voto, no plenário. Mais cedo nesta terça, o líder do governo na Casa, José Guimarães (PT-CE) disse que a ideia de Lira era "não levar grandes polêmicas para o plenário".

O deputado Claudio Cajado (PP-BA), que integra o grupo de trabalho da Câmara que analisa o texto, afirmou após a reunião que espera que sejam apresentados poucos destaques ao texto —apesar de não ter sido firmado nenhum acordo a respeito disso.

"A percepção que eu tenho é que o colégio de líderes quer que a discussão seja a maior possível, a mais democrática possível, mas em relação a emendas e destaques, seja a menor possível", disse.

Ele afirmou que a Fazenda apresentou os estudos e, agora, caberá à Câmara decidir quais alterações serão feitas. Ele disse que o colegiado se pautou por dois "dogmas" ao longo da elaboração do parecer: não aumentar a atual carga de nenhum setor e não aumentar a previsão da alíquota média de 26,5%.

Ele indicou que "há espaço" para mudanças no texto sem ferir esses dogmas. "Há espaço para poder incluir não só a proteína animal, como outros itens. Essa decisão, repito, caberá ao colégio de líderes."

A ideia dos parlamentares é que o primeiro texto possa ser votado no plenário da Câmara nesta quarta-feira (10). Ao longo desta terça, os membros do grupo de trabalho irão se reunir com as bancadas partidárias para destrinchar pontos do texto.

Numa tentativa para consolidar uma força-tarefa em torno do texto, Lira suspendeu as reuniões das comissões temáticas da Câmara desta terça (9) a quinta-feira (11).

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