Descrição de chapéu Rio Rio de Janeiro - Estado

Iguatemi troca shoppings 'B' por 'A' e volta ao Rio de Janeiro com compra de fatia do Rio Sul

Companhia vai desembolsar cerca de R$ 360 milhões para deter 16,6% do shopping localizado em Botafogo

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São Paulo

Após anunciar venda de sua participação no Shopping Iguatemi São Carlos e de 18% de sua fatia no Shopping Iguatemi Alphaville na semana passada, a Iguatemi S.A. informou na noite da última segunda-feira (8) operação para adquirir 16,6% do Shopping Rio Sul e se tornar administradora do negócio.

A transação, se concretizada, marca o retorno da companhia ao Rio de Janeiro. Hoje, a Iguatemi está presente nos estados de São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Distrito Federal.

Além disso, com essa jogada, o banco americano Goldman Sachs disse em relatório enxergar a companhia adotando uma boa estratégia de troca de ativos de "nível B" por um de patamar "A".

Loja de departamento no Shopping Iguatemi, em São Paulo
Loja de departamento no Shopping Iguatemi, em São Paulo - Bruno Santos - 23.jan.2024/ Folhapress

"Vemos o negócio como uma estratégia positiva, já que poderá aumentar a exposição da Iguatemi a um ativo potencialmente de maior qualidade, financiado em parte com recursos da venda de dois ativos de nível inferior", diz o analista Jorel Guilloty, do Goldman Sachs.

Analistas do BTG Pactual também disseram em relatório publicado nesta terça-feira (9) que veem o negócio como positivo. Além do retorno ao Rio, eles citam a posição de dominância do shopping na capital fluminense e a taxa de capitalização (retorno em relação ao valor investido) atrativa do negócio.

"O Rio Sul é um ativo dominante (bairro de Botafogo) com um perfil de alto padrão (consumidores A+)", argumentam Gustavo Cambauva, Elvis Credendio e Luis Mollo, do BTG.

Após a notícia, as ações ordinárias da Iguatemi encerraram o pregão desta terça em alta de 0,74%, enquanto as units subiram 1,24% na sessão.

Na véspera, o Iguatemi informou o mercado que celebrou acordo com a Combrashop, sociedade que detém o Shopping Rio Sul, para participar do investimento feito pela empresa na fatia detida pelo fundo canadense Brookfield.

Hoje, a Combrashop detém 46% do capital social do shopping e a participação dos outros 54% é de titularidade da Brookfield, detida indiretamente pelo fundo FIP Retail.

Quando o fundo anunciou intenção de vender a fatia de 54% no shopping localizado no bairro de Botafogo, a Allos, empresa fruto da fusão entre a Aliansce Sonae e a brMalls, informou em abril deste ano que estava em tratativas para adquirir, junto a um consórcio de parceiros de investidores financeiros, a participação da Brookfield no Rio Sul. O valor da transação era de R$ 1,1 bilhão a R$ 1,2 bilhão.

O conselho de administração da Allos chegou a aprovar a compra em maio, que daria participação de 15% no shopping por meio do consórcio. A empresa, portanto, desembolsaria entre R$ 310 milhões e R$ 330 milhões na aquisição, do total pago pelo grupo.

No mês passado, porém, a Allos disse que recebeu notificação do FIP Retail informando que uma das condições estipuladas pela empresa para a aquisição do shopping não se verificou após a Combrashop exercer seu direito de preferência de compra da fatia do fundo no ativo. A Allos, então, anunciou suspensão das negociações.

Procurada pela Folha, a companhia não quis comentar qual condição não cumprida impediu a concretização do negócio.

Após a desistência da Allos, a Iguatemi entrou na jogada, e comprou a fatia de 16,6% do Shopping Rio Sul, em uma operação feita em conjunto com o fundo de investimento imobiliário BB Premium Malls (BBIG FII), que agora passará a ser titular de 33,3% do capital social do shopping. A Combrashop ficará com 50,1%.

Pelo acordo, a Iguatemi será contratada como administradora do shopping após a conclusão da operação.

"A oportunidade de investimento no Shopping Rio Sul está alinhada à estratégia da Iguatemi de estar presente nas principais propriedades, nos mercados mais importantes do país, fortalecendo o seu portfólio de ativos", disse a empresa no fato relevante enviado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) em que anunciou a aquisição.

"Uma vez concluída essa operação, a Iguatemi adicionará ao seu portfólio a participação em um dos shoppings mais relevantes do país, na cidade do Rio de Janeiro, que representa o segundo maior PIB [Produto Interno Bruto] do Brasil", completou.

O investimento da Iguatemi na operação será de aproximadamente R$ 360 milhões. Já com a venda das fatias no Iguatemi São Carlos e no Iguatemi Alphaville, deve levantar R$ 250 milhões. Do total dos R$ 360 milhões, 70% será pago à vista e o restante em duas parcelas anuais corrigidas pelo CDI (Certificado de Depósito Interbancário).

Segundo a Iguatemi, a taxa de capitalização de entrada é de 7,7%, enquanto a taxa implícita, considerando as taxas de serviço líquidas de custos, é de 11% mais uma TIR (Taxa Interna de Retorno) de 17,1% para o investimento.

O Shopping Rio Sul está localizado na região mais valorizada da cidade. Apesar de se autodenominar o primeiro shopping construído no Rio de Janeiro, sendo inaugurado nos anos 1980, o Shopping do Méier, também carioca, toma para si essa prerrogativa, ao dizer em seu site que é o primeiro shopping center do Brasil, fundado em 1963.

O Rio Sul possui 52 mil m², reúne 400 lojas e recebe mensalmente 1,5 milhão de consumidores. Em seu entorno, 81% das residências são das classes A e B, com renda média duas vezes maior que a de toda cidade, segundo a Iguatemi. Dentro de um raio de 5 km, o shopping contempla os bairros de Ipanema, Copacabana, Leme, Lagoa, Flamengo e Leblon.

Ainda segundo a Iguatemi, o Rio Sul teve crescimento anual de dois dígitos na receita líquida entre 2021 e 2023 graças a um mix diversificado de lojas, serviços e entretenimento.

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