Descrição de chapéu Bloomberg Governo Lula

Mercado prevê contingenciamento insuficiente de até R$ 20 bi

Analistas veem como adequado valor entre R$ 30 bilhões e R$ 60 bilhões

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Josue Leonel Barbara Nascimento
Bloomberg

Analistas do mercado financeiro esperam um contingenciamento de gastos abaixo do necessário para fazer frente à meta de zerar o déficit primário deste ano.

Na visão de economistas, o relatório de receitas e despesas, que sai dia 22, trará um congelamento entre R$ 10 bilhões e R$ 20 bilhões para este ano. O valor, entretanto, deve ser inferior ao que o mercado considera necessário para atingir o objetivo fiscal.

Presidente Lula participa de reunião com vice-presidente, Geraldo Alckimin, e ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em Brasília
Presidente Lula participa de reunião com vice-presidente, Geraldo Alckimin, e ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em Brasília - Pedro Ladeira - 16.jul.24/Folhapress

"O que está parecendo é que o governo faria algo na faixa de R$ 10 bilhões, aquém do que seria um número bom", diz o ex-secretário do Tesouro Carlos Kawall, sócio fundador da Oriz Partners. Segundo ele, um contingenciamento "mais convincente" seria na faixa de R$ 30 bilhões, mas considerando também o aumento das receitas, o ajuste deveria ser ainda maior, de até R$ 60 bilhões.

O Itaú avalia que o bloqueio de gastos deveria ser de no mínimo R$ 20 bilhões, mas que, "idealmente", o valor deveria ser mais próximo a R$ 30 bilhões, segundo relatório assinado pelo economista-chefe Mário Mesquita. Para o Santander seria necessário um congelamento de gastos de R$ 35 bilhões, de acordo com a equipe liderada pela economista Ana Paula Vescovi.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta terça-feira (16) que o governo pode fazer um bloqueio e um contingenciamento para assegurar o cumprimento do arcabouço fiscal e da meta deste ano, respectivamente, mas que o tema ainda não foi discutido com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Fala ocorreu depois que Lula voltou a lançar dúvidas sobre o compromisso fiscal. O petista afirmou que "não é obrigado a estabelecer uma meta e cumpri-la" se decidir que "tem coisas mais importantes para fazer", em entrevista à TV Record. O importante é que o país esteja crescendo, segundo o presidente.

Reação de mercado

Para Roberto Secemski, economista para Brasil do Barclays, o governo pode assumir uma estratégia de anunciar o congelamento de gastos gradualmente nos próximos relatórios bimestrais. Ele pondera, contudo, que antecipar os cortes "poderia aumentar mais a credibilidade, do que fazer os ajustes necessários de forma fragmentada".

"Eu não acho que o governo vai optar por fazer tudo de uma vez. Vai ganhando tempo e revisando a projeção de receita", avalia o economista-chefe da Warren Brasil, Felipe Salto.

Diante do ceticismo, a economista Laiz Carvalho, do BNP Paribas, acredita que um número baixo, na casa de US$ 10 bilhões, já está na conta dos investidores. "O mercado só teria uma reação negativa se viesse um número mais baixo que isso", enquanto um número mais perto de R$ 35 bilhões seria bem recebido.

Os economistas se preocupam sobretudo com o aumento de despesas vinculadas ao salário mínimo, já que Lula prometeu manter a regra de aumento real, o que ajuda a elevar o déficit da Previdência. Os investidores também continuam céticos sobre a meta de zerar o déficit de 2025, apesar do corte de R$ 25,9 bilhões já anunciado para o orçamento do ano que vem.

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