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Reservas de ouro do Brasil mais que dobram de tamanho, apesar do preço

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Victor Sena
São Paulo

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OURO NO COFRE

Ter ouro virou tendência entre países nos últimos anos. E nenhum outro como o Brasil aumentou tanto percentualmente a sua reserva em metal precioso desde 2021. É o que mostra o gráfico abaixo, com dados da World Gold Council. A linha verde, bem acima das outras, mostra o crescimento das nossas reservas.

Newsletter de 16.jul.2024
Newsletter de 16.jul.2024 - Núcleo de Imagem

↳ O Banco Central mais que dobrou o montante acumulado em ouro, após grande compra há três anos.

↳ Hoje são 129,6 toneladas no cofre, o que equivale a US$ 9,2 bilhões (R$ 49,9 bilhões).

Por que? Os principais motivos para a compra de ouro são: proteção contra a inflação e preservação de riqueza, aposta de valorização em crises e diversificação de portfólio, segundo pesquisa do World Gold Council com 70 bancos centrais.

Em países emergentes, nosso caso, outras razões se somam: diminuir risco de calote, proteção contra rupturas políticas e no sistema financeiro, como quebra de bancos.

Brilho mais caro. O aumento brasileiro segue um movimento global depois da crise econômica gerada com a pandemia e a invasão da Ucrânia pela Rússia.

↳ Em janeiro de 2020, a medida da onça troy, que equivale mais ou menos a 30 gramas , custava cerca de US$ 1.500 dólares. Hoje, é cotada a US$ 2.465, recorde.

Cofrinho. Apesar das compras recentes, o ouro representa apenas 2,4% de todas as nossas reservas, feitas principalmente de dólares e que somam US$ 355 bilhões. O patamar é baixo comparado com outros emergentes.

O percentual costuma ser ainda maior em países ricos, mas não é uma regra. O Brasil está na 30ª posição no ranking de maiores reservas em metal precioso. Os líderes são:

1º - EUA (8.133 toneladas)
2º - Alemanha (3.353 toneladas)
3º - Itália (4.452 toneladas)
4º - França (2.437 toneladas)
5º - Rússia (2.333 toneladas)


Impostos caem, mas não tanto

O novo sistema tributário vai reduzir os impostos pagos pela população pobre no Brasil. Mas mudanças feitas pela Câmara deixaram esse impacto menor do que poderia ser.

Em números:

  • 2,4% da arrecadação de impostos no Brasil vêm dos mais pobres hoje, segundo o Banco Mundial.
  • 1,2% seria a contribuição se a versão inicial da reforma tributária fosse mantida.
  • 1,8% é a nova previsão, depois de mudanças aprovadas na Câmara.

Pobres e ricos. O IBGE divide as classes brasileiras em 10 faixas. As famílias mais pobres citadas pelo Banco Mundial são os da primeira faixa, com rendimento médio de R$ 210 por pessoa. As mais ricas são as da última faixa, que recebem em média R$ 7.580 por pessoa.

Entenda: a queda mais modesta nos impostos acontecerá porque a Câmara aumentou o número de produtos da cesta básica na regulamentação da reforma. Ela tem alimentos com imposto zero ou reduzido.

Antes, com uma cesta básica mais restrita, havia mais espaço para a devolução de parte dos tributos aos mais pobres no mecanismo de "cashback". Isso garantiria menos arrecadação vindo dos mais pobres.
↳ Quando há muitos produtos com alíquota zero, não há imposto a ser devolvido e o valor do "cashback" fica menor.

  • O cashback: o governo devolverá parte de impostos sobre alimentos, gás e serviços de água e esgoto para famílias de baixa renda a partir de 2027.

Mais imposto. A ampliação da cesta básica teve outro efeito. Ela criou a necessidade de um imposto maior sobre todos os produtos que ficam de fora dela, como uma compensação.

Cálculos feitos pela Folha afirmam que a decisão vai exigir um IVA (Imposto sobre Valor Agregado) acima de 27%, o que torna impraticável a trava de 26,5% criada pelos deputados.

  • O IVA surgirá a partir da fusão dos cinco impostos atuais cobrados sobre as empresas, em uma transição de 2026 a 2032.

O percentual é considerado elevado, reduzindo os benefícios da reforma.

Mais igualdade. Apesar do efeito menor, o novo sistema tributário ainda beneficia os mais pobres. No atual, os bens industrializados costumam ser mais taxados que os serviços. Isso deve ser equalizado depois da transição para o IVA.

Por que importa: gastos com bens ocupam uma fatia maior da renda dos mais pobres do que serviços. Por exemplo: alimentos, roupas, eletrodomésticos.

Em classes altas, o cenário é o oposto. Serviços como educação e saúde privadas, turismo e cuidados com beleza ocupam uma fatia maior do orçamento.

Além disso... O Banco Mundial prevê que o novo sistema fará com que os mais ricos também paguem mais.

↳ Hoje, a contribuição dos mais ricos é de 32,9% de toda a arrecadação. Com a reforma, subirá para 35%.

Mais etapas pela frente. As diretrizes gerais da nova tributação foram aprovadas em 2023, e os detalhes, definidos pela Câmara na última semana. Agora, começa a votação no Senado.


Acordo com os Batistas em dúvida

O governo Lula (PT) adiou por 40 dias um acordo com a Âmbar Energia, empresa dos irmãos Joesley e Wesley Batista.

↳ Ele entraria em vigor no dia 22 de julho, mas tem sido alvo de questionamentos no TCU (Tribunal de Contas da União).

A decisão foi tomada pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, a pedido da Advocacia Geral da União. Com a suspensão, Silveira ganha tempo para que o TCU discuta o mérito do acordo.

Entenda: o acerto feito entre a Âmbar e o governo prevê que os irmãos Batista poderão manter um contrato de fornecimento de energia a partir de termelétricas firmado ainda no governo Bolsonaro.

A empresa descumpriu os prazos para a construção de duas usinas durante a crise hídrica de 2021.

O acordo. O governo Lula topou a proposta da Âmbar e vai pagar pelas usinas, agora já finalizadas. Sem isso, a companhia ficaria com o prejuízo.

↳ Em vez de pagar R$ 18,7 bilhões em 44 meses, o governo pagará R$ 9,5 bilhões em 88 meses. O desconto é de 67%.
↳ O grupo propôs ainda uma multa de R$ 1,1 bilhão.

Setores do TCU, no entanto, apontam que o acerto não é o mais vantajoso para a União.

Vale ou não vale? O ministro Silveira destacou que uma rejeição do acordo, como pede o Ministério Público, deverá impactar também acordos similares, firmados com empresas como o banco BTG e a turca KPS. As duas também descumpriram prazos.

Amigos? O acerto com a Âmbar foi questionado pelo Ministério Público ao TCU por, supostamente, favorecer a empresa controlado pelos irmãos Batista, um dos alvos da Operação Lava Jato.

Outro caso. A relação do governo com os irmãos também sofreu críticas após uma medida provisória mudar regras de energia no estado do Amazonas, beneficiando a Âmbar.


SmartFit fica maior

A rede de academias Smart Fit anunciou a compra da Velocity, rede especializada em exercícios com bicicletas. O valor da transação pode chegar a R$ 183 milhões.

↳ A Velocity tem 82 unidades focadas em spinning e é forte no estado de São Paulo. A receita anual é de R$ 35,6 milhões, com lucro de R$ 10 milhões.

Parte da estratégia. Dona de academias de musculação, a Smart Fit investiu recentemente em espaços menores, conhecidos como estúdios. Eles têm atividades de yoga, boxe e treinos de alta intensidade. A ideia é complementar o modelo com a compra da Velocity.

O crescimento da companhia com aquisições de redes menores nos últimos anos é acompanhado pela chegada de novos clientes —o aumento foi 9% no primeiro trimestre.

↳ A Smart Fit também é dona das marcas TotalPass, BioRitmo e O2.

↳ A rede venceu a categoria melhor academia da capital no ranking "O Melhor de São Paulo", feito pelo DataFolha.

Setor em alta. O mercado fitness cresce num ritmo de 9,5% ao ano no Brasil, segundo a Credence Research. O faturamento de todo o segmento em 2024 deve ser de US$ 50 bilhões (R$ 271 bilhões).

A avaliação do mercado. Segundo o banco Goldman Sachs, a aquisição faz sentido porque a Smart Fit poderá reforçar seus negócios além das academias. O banco reiterou a compra das ações da companhia.

Também destacou que a qualidade da Velocity —com "capilaridade" e "experiência diferenciada"— para justificar o valor de R$ 183 milhões, correspondente a 18 vezes o lucro anual gerado pela rede de spinning.

Smart Fit em números:

  • Receita de R$ 4,2 bilhões em 2023 e lucro de R$ 536 milhões;
  • São 1.469 academias, 215 adicionadas ao longo de 2023. Metade estão no Brasil e o restante na América Latina;
  • São 4,8 milhões de clientes.
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