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Taxas ambientais nas passagens aéreas serão regra

Lufthansa anunciou na semana passada adoção de sobretaxa ambiental obrigatória de até 72 euros

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Lex - Financial Times

Coluna de negócios e finanças do jornal britânico Financial Times

Quando você compra uma passagem aérea, você escolhe pagar um valor extra para compensar as emissões de carbono? Se a resposta for "não", você não está sozinho. A adesão voluntária aos esquemas de compensação pode ser de menos de 3% das pessoas.

Em vez disso, a Lufthansa vai introduzir uma "sobretaxa de custo ambiental" obrigatória em voos da UE, do Reino Unido, da Noruega ou da Suíça a partir do início de 2025.

Isso representará um acréscimo de até 72 euros (R$ 438) a uma passagem de primeira classe de longa distância. Em voos de curta e média distância, será mais próximo de 1 euro (R$ 6) a 7 euros (R$ 42).

Avião da Lufthansa decolando em aeroporto da Espanha - Jon Nazca - 3.mai.2024/Reuters

A companhia aérea alemã provavelmente não estará sozinha. Espere que as sobretaxas verdes obrigatórias sejam adotadas especialmente pelas companhias tradicionais.

Uma série de regulamentações ambientais são as culpadas, diz a Lufthansa. Ela cita os requisitos da UE para que o combustível de aviação inclua uma mistura de pelo menos 2% do combustível de aviação sustentável (SAF, a sigla em inglês) a partir do próximo ano, além de mudanças nos esquemas de comércio de emissões (ETS) na Europa.

A Air France-KLM lançou as bases em 2022 ao impor uma "taxa de contribuição SAF", cobrada em um nível mais baixo.

Cada mudança regulatória por si só não é exorbitante. De fato, o SAF, produzido a partir de uma variedade de materiais, incluindo óleo de cozinha reciclado, deve custar pelo menos o dobro do preço histórico de longo prazo do querosene até 2050, de acordo com um relatório recente da LEK Consulting.

Mas suponha que a conta de combustível da Lufthansa em 2025 permaneça próxima dos 8,3 bilhões de euros que ela prevê para 2024, um cálculo rápido sugere que a conformidade com as regras de mistura da UE de 2025 pode custar um extra de 17 milhões de euros. Os níveis de mistura exigidos aumentam novamente em 2030 e 2035.

As mudanças no esquema ETS da UE e programas similares em outros lugares serão mais custosas. Atualmente, os poluidores recebem algumas permissões gratuitas, mas elas estão sendo reduzidas.

O impacto nas companhias aéreas tradicionais será maior, argumenta o analista da Goodbody, Dudley Shanley, pois historicamente são maiores emissores e tendem a ter frotas menos eficientes.

Neste ano, a Lufthansa espera receber certificados de emissão gratuitos para cerca de 2,8 milhões de toneladas de CO₂, em comparação com 3,8 milhões de toneladas em 2023, de acordo com seu último relatório anual.

Essa redução poderia custar 65 milhões de euros, partindo da previsão da BloombergNEF para um preço médio de 65 euros por tonelada de emissão permitida da UE este ano. Espera-se que subam para 80 euros/t em 2025.

Em tempos bons, esses custos poderiam ser absorvidos. A Lufthansa deverá ter um lucro líquido em 2025 de quase 1,8 bilhão de euros, de acordo com os números da Visible Alpha.

No entanto, as companhias aéreas tradicionais lutam em uma guerra perpétua para reduzir a grande diferença de custo em relação aos seus concorrentes de baixo custo.

Os passageiros podem reclamar, mas a bagagem das taxas ambientais obrigatórias —pelo menos entre as principais companhias aéreas— poderá se tornar a regra.

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