Eike Batista tenta dar a volta por cima como investidor em 'supercana'

Em apresentação no Rio, empresário diz que variante produz três vezes mais etanol

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Rio de Janeiro

Eike Batista apresentou a empresários no Rio de Janeiro sua nova aposta, a "supercana", uma variação da cana-de-açúcar que promete maior produção de etanol e até o uso como insumo para a fabricação de papel.

O empresário, que chegou a ser o sétimo homem mais rico do mundo antes de ver seu império empresarial desabar diante de frustrações na exploração de petróleo na costa brasileira, foi condenado por crimes contra o mercado de capitais e passou 90 dias preso.

O empresário Eike Batista no 23º Fórum Empresarial Lide no Rio, onde apresentou seu novo projeto - Divulgação/Lide

Eike já tentou dar a volta por cima com apostas em produtos exóticos, como o genérico do Viagra e uma pasta que deixaria os dentes mais brancos, mas não obteve sucesso nas empreitadas.

Agora, de volta ao setor de energia, diz que seu novo produto pode triplicar a produção de etanol por hectare em relação à cana mais usada pelo agronegócio brasileiro. "É uma coisa exponencial", afirmou, em evento do grupo Lide realizado nesta sexta (16).

Antes de apresentar o novo produto, o empresário citou negócios bem-sucedidos criados por seu antigo grupo X e hoje pertencentes a outras empresas, como o porto do Açu, no Rio, (controlado pela Prumo) e o projeto integrado de exploração de gás e geração de energia no Maranhão (controlado pela Eneva).

"Eu sou um empreendedor que sempre procurou a ruptura buscando brutal eficiência no tudo que eu fiz", afirmou.

Eike teve que vender o controle dos projetos que tiveram sucesso para pagar dívidas das duas empresas que entraram em recuperação judicial, a petroleira OGX e o estaleiro OSX, que foi pensado para construir plataformas de produção para a primeira empresa.

O projeto da "supercana", que foi batizado de "cana celulose", está sendo desenvolvido desde 2010 e conta com participação de Eike desde 2015. Já recebeu R$ 330 milhões em investimentos e vem sendo testado há quatro anos em uma usina de referência.

Esses testes, segundo o empresário, mostram uma produção média de 180 toneladas por hectare, enquanto a cana comum produz 58 toneladas a cada hectare. A produção de etanol seria três vezes superior, e a de bagaço, sete vezes superior à média das variantes usadas atualmente.

Eike afirmou que a densidade do produto é tão grande que o bagaço pode ser transformado em pelotas para complementar o fornecimento de carvão em siderúrgicas. Pode ser destinado ainda para a produção de papel e fibra na confecção de roupas.

"É o maior programa de melhoramento genético do planeta", afirmou ele. "Outra coisa muito especial dessa cana é que ela não perde produtividade após o primeiro ano. Ela é constante durante dez anos. É a revolução dentro da revolução."

Antes do início da apresentação de Eike nesta sexta, o ex-ministro do Desenvolvimento Luiz Fernando Furlan, hoje presidente do conselho do Lide, disse que o convite ao empresário era um "resgate". "Esse moço pensou grande", afirmou.

"O erro dele foi querer começar grande. Eu sempre penso, Eike, a gente pensa grande, começa pequeno e anda rápido", continuou. O empresário agradeceu o carinho.

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