Ex-secretário do Tesouro dos EUA diz que Fed se recuperou de 'erro flagrante' sobre inflação

Lawrence Summers falou logo após Jerome Powell declarar que "chegou a hora" de o Fed cortar juros

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Christopher Anstey
Bloomberg

O ex-secretário do Tesouro Lawrence Summers afirmou que, embora o Fed (Federal Reserve, o BC americano) tenha atingido um "ponto baixo" na história de sua política monetária ao não agir rapidamente contra o aumento da inflação em 2021, no final fez o suficiente para corrigir a economia.

"Tenho que dar crédito ao Fed", disse Summers na sexta-feira (23) ao programa Wall Street Week da Bloomberg Television com David Westin. "Embora nem sempre fosse óbvio que este seria o caso, eles agiram com força e vigor suficientes para manter as expectativas ancoradas" em relação à inflação, afirmou.

Lawrence Summers durante entrevista Washington em 2010 - Molly Riley/Reuters

Summers falou pouco após o presidente do Fed, Jerome Powell, declarar que "chegou a hora de a política se ajustar" para cortar as taxas de juros, agora que os aumentos de preços ao consumidor diminuíram e os riscos de alta se reduziram, enquanto os perigos para o emprego aumentaram.

Powell, no fórum econômico anual de Jackson Hole, em Wyoming (EUA), também observou que a avaliação inicial na primavera de 2021 de que a inflação seria "transitória" se provou incorreta no final daquele ano.

"Foi um ponto baixo em termos de julgamento da política monetária", disse Summers, professor da Universidade Harvard e colaborador remunerado da Bloomberg TV, sobre as ações do Fed em 2021. Os formuladores de políticas passaram a iniciar o aumento das taxas de juros em março de 2022 e se engajaram na campanha de aperto mais agressiva desde o início dos anos 1980.

A medida central do índice de preços PCE (índice de preços de gastos com consumo, em inglês), o indicador de inflação preferido do Fed, que exclui custos de alimentos e energia, atingiu o pico de 5,6% ao ano em fevereiro de 2022. Em junho de 2024, estava em 2,6%.

"Todos cometemos muitos erros — e o importante é, quando você comete um erro, reconhecê-lo e corrigi-lo", disse Summers.

Embora o ex-secretário do Tesouro tenha dito seria a "coisa certa a fazer" cortar as taxas na reunião do Fed em setembro, ele argumentou que "precisamos ser mais cautelosos em relação às perspectivas de médio prazo para a política monetária".

Summers disse que ficaria surpreso se o Fed conseguisse "reduzir as taxas de juros tanto quanto o mercado está esperando nos próximos dois anos". Os mercados de derivativos refletem expectativas de que os formuladores de políticas reduzam sua taxa de referência para cerca de 3% em dois anos. O intervalo no alvo atual é de 5,25% a 5,5%.

Referindo-se à estimativa dos formuladores de políticas do Fed para seu benchmark no longo prazo, Summers disse que a expectativa abaixo de 3% ainda é muito baixa.

Com grandes déficits fiscais e forte demanda de investimentos para a economia verde e tecnologia avançada pressionando os custos de empréstimos, a chamada taxa de juros neutra provavelmente será maior do que no passado, segundo Summers.

"Acho que o Fed está cometendo um erro sério ao acreditar que a taxa de juros neutra é tão baixa e, portanto, está julgando mal o quão restritivo é qualquer nível de política", disse.

"E se você não tem a estrela-guia certa, não navega com muita precisão."

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