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Risco de crise acende alerta, Justiça dos EUA enquadra o Google e o que importa no mercado

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Victor Sena
São Paulo

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Caos lá fora…

Investidores passaram os últimos meses ansiosos para que a economia dos Estados Unidos esfriasse. Isso abriria caminho para queda dos juros em todo o mundo.

Agora, porém, o receio é de que ela esteja até fria demais, em direção a uma crise.

Entenda: os juros altos no país desde 2023 combatem a inflação, mas também diminuem o crescimento econômico. As taxas estão no maior patamar em 40 anos, entre 5,25% e 5,5%.

↳ Elas subiram em todo o mundo no pós-pandemia para segurar os preços em alta.

Dados da última semana mostram desemprego maior nos EUA e produção da indústria em queda.

Só estresse. Com sinais de crise, a reação no mercado nesta segunda-feira foi negativa mais uma vez. Na sexta, o humor já era ruim. As ações despencaram e o dólar subiu.

No Japão, a Bolsa teve a maior perda diária desde 1987. Veja como se comportaram os mercados:

Tóquio: índice Nikkei 225 (-12,4%)
Seul: índice Kospi (-8,77%)
Taiwan: índice Taiex (-8,35%)
Bombaim: BSE Sensex (-2,74%)
Hong Kong: índice Hang Seng (-1,46%)
Xangai índice CSI 300 (-1,21%)
Europa: índice STOXX 600 (-2,17%)
Dow Jones (-2,60%), S&P 500 (-3,0%) e Nasdaq (-3,43%)

↳ Intel (-6,4%), Nvidia (- 6,4%) e Apple (- 4,8%) tiveram as maiores desvalorizações no índice Nasdaq.

As altas dessas mesmas ações no último ano explicam também as perdas expressivas.

Por quê? Com perspectiva de crise, investidores "saem" dos investimentos nas ações de empresas e colocam dinheiro em ativos seguros como dólar e ouro.

Os sinais de crise elevaram as apostas de que o banco central americano (FED) cortará os juros em setembro. Há quem fale até na necessidade de um corte emergencial antes.

Dólar em alta? Juros mais baixos nos Estados Unidos deveriam indicar um dólar também mais baixo pelo mundo. Mas não desta vez. A desvalorização não tem como ocorrer caso haja uma crise econômica no caminho.

Eles podem até cair, mas a moeda sobe porque é um investimento seguro, atraente em meio às crises.

Exagero. Parte dos agentes do mercado vê a reação como exagerada, já que a desaceleração da economia americana era esperada.

Os dados mais fracos não indicam uma crise para o CEO do Bradesco, Marcelo Noronha. Para ele, a queda das Bolsas foi um exagero.


... efeito aqui

Bolsa brasileira e o dólar começaram esta segunda-feira seguindo o estresse internacional, mas aliviaram os movimentos.

A Bolsa caiu mais de 2% no início do dia, mas recuperou uma parte do desempenho e fechou o pregão com queda de 0,46%. O dólar chegou a bater R$ 5,86, mas desacelerou e fechou o pregão a R$ 5,74.

E eu com isso? Uma crise econômica nos Estados Unidos, com um dólar mais caro, arrasta todo o mundo. O crescimento de países como o Brasil pode enfraquecer porque os americanos são grandes importadores. O dólar mais alto ainda elevaria nossa inflação.

Os efeitos por aqui seriam fortes porque o Brasil está vulnerável, com incertezas em relação às contas públicas. Essa é a visão da economista Zeina Latif, da Gibraltar Consulting.

↳ O país é o segundo principal cliente do Brasil, atrás apenas da China. Em 2023, os americanos compraram US$ 36,9 bilhões (R$ 211 bilhões) de empresas brasileiras.

↳ Os principais produtos foram blocos de ferro e aço; petróleo e aviões de médio porte da Embraer.

Cenário positivo. Se a economia apenas desacelerar, mas não entrar em recessão, as repercussões podem ser positivas em países emergentes.

Isso levaria a juros baixos, mas sem uma crise por trás como motivo. A pressão de parte do mercado por uma volta do ciclo de alta das taxas no Brasil diminuiria. Há quem defenda isso porque o país passa por incertezas fiscais e tem expectativa de inflação em alta.

↳ Mas com o alívio americano as taxas por aqui poderiam até voltar a cair.

Investimentos. Um cenário de crise na economia americana levaria a juros mais baixos, com a renda fixa ficando menos atrativa. Ao mesmo tempo, porém, as ações nas Bolsas de Valores não conseguiriam se aproveitar disso porque as empresas estariam com perspectivas ruins de lucro.

↳ O dólar e o ouro estariam em tendência de alta.


Google, um monopólio

Google foi considerado pela Justiça dos Estados Unidos como uma empresa que exerce monopólio. Agora, poderá receber punições para ajustar o tamanho da sua influência.

Essa foi a conclusão de um processo movido pelo governo Joe Biden contra a big tech, que afirma que a empresa de tecnologia atua contra a livre concorrência.

↳ O juiz Amit Mehta chama a empresa de "monopolista" entre as 286 páginas da decisão.

Entenda: o site de buscas é endereço padrão em aparelhos Apple e Samsung, por exemplo. Mas isso só foi possível porque ele desembolsou bilhões para garantir o espaço.

↳ Em 2022, só a Apple recebeu US$ 20 bilhões (R$ 149 bilhões). Ao contrário do Google, a Apple não é ré no caso.

↳ O Google também fez parcerias com o desenvolvedor de navegadores Mozilla, fabricantes de smartphones Samsung, Motorola e Sony. As operadoras de telefonia móvel AT&T, Verizon e T-Mobile também foram alvo.

Concorrentes. A empresa domina o mercado de buscas digitais, com 90% de presença no mundo. Em segundo lugar vem o Bing, da Microsoft, com 3,9%. Yandex, Yahoo e Baidu têm cerca de 1% cada.

As punições. O processo entra agora em uma segunda fase, na qual o tribunal determinará ajustes de conduta.

O governo americano ainda não indicou quais penalidades pedirá, mas pode focar em restringir a capacidade do Google de firmar os acordos.

↳ A decisão atingiria o negócio central da big tech, que faturou em 2023 US$175 bilhões em receita com publicidade nas buscas, mais da metade dos US$ 307 bilhões totais.

Tem mais. Os Estados Unidos têm uma série de grandes processos antitruste contra as big techs, que incluem Meta, Amazon e as novas empresas do setor de inteligência artificial.

O Google responde a outro processo sobre monopólio, cujo julgamento será em setembro.

↳ As big techs também são alvo de investigações por abuso de poder e prática de anticoncorrência na Europa.


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A pessoa jurídica tem remuneração maior, mas recai sobre ela a responsabilidade pela gestão financeira. Nesse contexto, o MEI (microempreendedor individual) é uma modalidade que cresceu nos últimos anos.

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As dicas são da newsletter FolhaCarreiras, enviada toda segunda-feira com informações sobre mercado de trabalho e orientações para alavancar sua vida profissional.

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