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Petrobras segura os preços, carros voadores a caminho e o que importa no mercado

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Victor Sena
São Paulo

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Petrobras segura os preços

A Petrobras deve manter os preços da gasolina e do diesel, apesar da queda recente no valor do petróleo no mercado internacional.

Entenda: em tese, o custo dos combustíveis acompanha a valorização ou desvalorização do petróleo, já que as refinarias precisam comprá-lo.

Mas como essas instalações da Petrobras adquirem o petróleo da própria empresa, elas conseguem evitar esse repasse automático de custos.

↳ No passado, a companhia fez atualizações frequentes nos preços provocarem crises políticas nos governos Temer, como a greve dos caminhoneiros, e Bolsonaro.

↳ Com Lula na presidência, a gestão da Petrobras tem espaçado mais os reajustes.

Por que não aumentar? Apuração da Folha com fontes da Petrobras revelou que a empresa deve segurar os preços para aumentar seus lucros.

  • Nesta terça-feira (10), o preço da gasolina cobrado pela Petrobras estava R$ 0,16 acima da paridade internacional, o chamado "preço justo", de acordo com a associação de importadores de combustível Abicom. O diesel estava R$ 0,07 acima.

A decisão visa compensar o lucro mais baixo no primeiro trimestre, quando o cenário oposto ocorreu e a empresa manteve os preços em meio à alta do petróleo.

↳ Oficialmente, a Petrobras afirmou que não antecipa decisões de reajuste.

Impactos. Uma redução no preço dos combustíveis poderia contribuir para mais um mês com bons números de inflação no país.

Em agosto, o índice IPCA caiu 0,02%, a primeira variação negativa em mais de um ano, que explico melhor abaixo na Newsletter.

Queda livre. O petróleo vem perdendo valor nas últimas semanas devido à expectativa de desaceleração das economias dos Estados Unidos e da China nos próximos meses.

Eles são considerados as grandes locomotivas da economia global. Qualquer mudança no crescimento de um deles impacta diretamente os preços de matérias-primas.

↳ O aumento da extração de petróleo em países como o Brasil, que se tornou um dos maiores produtores do mundo graças ao pré-sal, também favorece a queda dos preços.

↳ O barril ficou abaixo de US$ 70 (cerca de R$ 395) pela primeira vez desde dezembro de 2021.


Sinal verde para os carros voadores

O mercado de carros voadores começa a se tornar, aos poucos, mais concreto no Brasil. A marca Gohobby recebeu autorização da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) para realizar voos experimentais com os modelos da chinesa EHang, uma das empresas mais avançadas na tecnologia.

Como funcionam: conhecidos oficialmente pela sigla eVTOL (veículo elétrico de decolagem e pouso vertical), os veículos são vistos como o futuro da aviação urbana e de curta distância, em substituição aos helicópteros. Veja alguns modelos.

A perspectiva do setor é que o tráfego aéreo dos eVTOLs comece em 2026, em pequena escala. Em geral, esses veículos possuem pequenas hélices protegidas, que permitem pousos em áreas restritas.

↳ O diferencial desses modelos em relação aos helicópteros é a leveza, o uso de energia elétrica e a perspectiva de preço mais acessível.

↳ Executivos do setor de aviação estimam que uma viagem de até 30 quilômetros com o eVTOL custaria cerca de US$ 100 (em torno de R$ 500).

O modelo. A Gohobby exibiu o veículo que planeja lançar no mercado brasileiro em feiras do setor nos últimos meses. O preço inicial do EHang 216-S é estimado em S$ 600 mil (R$ 3,4 milhões). Veja em vídeo.

O EHang 216-S tem 1,9 metro de altura, 5,7 metros de largura e leva até duas pessoas. Ele não tem piloto, pois funciona por comando à distância. Pode atingir uma velocidade de até 130 km/h, com alcance máximo de 30 quilômetros.

↳ A empresa afirma que já fechou dois pedidos durante a Expo eVTOL, realizada em São Paulo em maio, e que outras 16 pessoas aguardam para adquirir o veículo.

Testes. O mercado de eVTOLs passa por discussões de regulamentação em todo o mundo. Na China, os veículos da EHang já receberam a certificação da agência de aviação para realizar viagens.

As marcas que já preparam seus modelos para fabricação e operação são muitas, como Eve, Lilium, Vertical, Airbus, Beta e Joby. A montadora Hyundai também anunciou investimentos nos carros voadores.

E por aqui? As perspectivas para o mercado são altas porque a fabricante de aviões Embraer decidiu apostar no setor com a criação da marca Eve. Ela começará a produzir seus primeiros protótipos neste ano, para então receber a mesma autorização de testes.

A Anac ainda discute como regulamentar o tráfego aéreo dessas novas aeronaves.


Preços mais baixos, mas não muito

Os preços no Brasil caíram pela primeira vez desde junho de 2023. Em vez de inflação, os produtos e serviços entre julho e agosto tiveram deflação.

↳ O IPCA caiu 0,02% entre os meses, influenciado principalmente pela energia elétrica e pelos alimentos.

Sim, mas… Isso não significa que o consumidor está economizando realmente com as contas. No acumulado de 12 meses, os produtos ainda sobem 4,24%.

A inflação até desacelerou dos 4,5% acumulados até julho, mas ainda assim está acima do centro da meta oficial, de 3%.

O que caiu: na alimentação residencial, os destaques foram itens como batata inglesa (-19,04%), tomate (-16,89%) e cebola (-16,85%). Por outro lado, a carne subiu depois de meses em queda.

Além da energia (-2,77%), o etanol (-0,18%) e as passagens aéreas (-4,93%) também auxiliaram o resultado.

Alívio passageiro. A aplicação da bandeira vermelha nas contas de luz devido ao volume baixo nas usinas hidrelétricas deverá reverter a queda nos preços de energia no próximo mês.

Por que importa: levar a inflação para a meta de 3% é a principal função do Banco Central, que usa a taxa básica de juros para isso.

  • Quando a Selic sobe, ela baixa os preços, mas pode também esfriar a economia.

O que esperar: em tese, a deflação de 0,02% poderia ajudar a evitar uma alta nos juros na próxima reunião do Banco Central, em 17 de setembro. Mas utros fatores, como economia aquecida, o dólar e as incertezas com as contas públicas, justificariam uma alta dos juros.

↳ Esta é a visão da maioria dos analistas ouvidos pela reportagem da Folha nesta terça-feira (10).

↳ As últimas projeções de economistas preveem uma alta de 0,75 ponto ainda em 2024. A Selic atual está em 10,50% ao ano.


Em números

Um gráfico semanal explica o que acontece na economia

Brasil tem maior seca da história, que afeta 59% do país

Dados de junho, julho e agosto

A falta de chuvas no Brasil nunca impactou uma área tão grande como agora. São 5 milhões de quilômetros quadrados com seca, cerca de 59% do território nacional.

Alguns dos efeitos são incêndios florestais e qualidade do ar em baixa. A cidade de São Paulo passou os últimos dois dias na posição de metrópole com o pior ar do mundo.

↳ Na seca de 2015, a área atingida foi de 4,6 milhões de quilômetros quadrados. A anterior, em 1997, impactou 3,6 milhões de quilômetros.

↳ O intervalo entre os fenômenos tem diminuído nas últimas décadas, de acordo com o Cemaden (Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais).

O que explica? Uma série de razões. Veja:

  • O fenômeno El Niño reduziu as precipitações no norte do país, impedindo a reposição da umidade no solo e dos aquíferos na Amazônia.
  • A estação seca também começou mais cedo, retirando umidade do solo e da vegetação de forma prematura.
  • Mudanças climáticas e o desmatamento agravam a situação, contribuindo para o aquecimento da atmosfera e a perda de uma fonte essencial de umidade.

Impactos no PIB. Cálculos do economista Bráulio Borges, colunista da Folha, estimam que a queda nas chuvas nos últimos anos reduziu o crescimento econômico do Brasil.

A anomalia desde 2012 subtraiu, a cada ano, entre 0,8 e 1,6 ponto percentual do nosso PIB. Destaquei isso nesta edição da FolhaMercado.

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