Quem joga bola com amigos sempre tem um lance inacreditável, bonito ou vergonhoso gravado apenas na memória. A Filma Eu encontrou uma forma para que o próprio jogador registre esses momentos.
A empresa dos sócios Thassio Roger, 28, Vitor Condino, 28, e Rafael Ávila, 26, instala duas câmeras no poste central de cada quadra, conectadas a dois botões no alambrado. Como câmeras de segurança, elas ficam ligadas, mas sem registrar as imagens.
Acionado o dispositivo, as câmeras salvam os 15 segundos anteriores do vídeo. Depois, o sistema lança o vídeo num software da empresa, que coloca trilha sonora, a logomarca da quadra e um quadro com eventuais patrocinadores. Aí, é só se cadastrar no site, buscar e baixar o vídeo.
“Todo mundo quer vídeo hoje, estava faltando quem fizesse esse serviço para o futebol amador. O cara sai da quadra com um brinde da jogada dele, compartilhando nas redes sociais. Temos um feedback muito bom, muita gente posta e nos marca”, diz Roger.
Condino vendeu um Fusca e usou parte do dinheiro, em torno de R$ 3.000, para investir no primeiro protótipo dos equipamentos. Em 2019, a empresa faturou R$ 90 mil.
Os contratantes do serviço são donos de quadras de aluguel, que ganham com exposição da marca, e podem cobrar a mais dos peladeiros.
O modelo é o de comodato: a Filma Eu compra, instala e repara os equipamentos. Em troca, o estabelecimento paga taxa de adesão (de R$ 1.200 a R$ 2.400) e mensalidade (a partir de R$ 465).
Apesar do investimento necessário, Roger afirma que a empresa recupera os valores gastos na compra e instalação dos equipamentos em oito meses. O contrato inicial é de dois anos.
Hoje, são 37 clientes pelo Brasil. A expectativa é chegar a 65 neste ano e a um faturamento de R$ 300 mil.
Thassio estima que, em média, cada quadra registra 1.200 vídeos por mês. O número varia por esporte (há câmeras em quadras de futebol society, futebol de campo, futevôlei, futmesa e basquete).
O jogador pode comprar uma personalização com replay, zoom e narração por R$ 8. O vídeo ainda fica livre para quem quiser editar por conta própria.
O fotógrafo Davi Farias, 27, também registra esporte amador. Sua empresa, a Minha Pelada HD, de Florianópolis (SC), começou em 2016.
“Eu já filmava jogos de amigos, mas vi a demanda de redes sociais e passei a me dedicar a isso”, conta.
Além de fotos e vídeos de futebol, beach tennis e futebol americano, a empresa presta um serviço de edição e personalização das imagens para os times contratantes.
“Fazemos uma espécie de ‘media day’ que aproxima os amadores de times profissionais, com sessão de fotos e design esportivo. Buscamos ângulos em que os jogadores fiquem próximos das referências de fotografia esportiva profissional”, diz.
Farias atende o nicho do esporte amador organizado: times com uniforme, patrocínios e participantes de campeonatos. A empresa atende também equipes profissionais de base e jogadores que tentam se profissionalizar.
O investimento foi em torno de R$ 7.000, para compra de câmera e computador. Apesar de não divulgar números, a empresa afirma que, desde 2016, dobrou o faturamento.
Segundo a professora de marketing da ESPM, Luciana Florêncio, o engajamento das pessoas com as marcas será cada vez mais expressivo por meio das redes, o que torna esse tipo de serviço vantajoso para patrocinadores.
“É possível alcançar um público mais qualificado e pertinente ao posicionamento da marca, com baixos recursos”, diz.
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