Empresas criam iniciativas para ajudar pequenos negócios; saiba como se beneficiar

Companhias usam suas plataformas para conectar lojistas a consumidores

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Cristiane Teixeira
São Paulo

As vendas online e o delivery cresceram desde a implantação das medidas de isolamento social, mas esse movimento beneficiou, sobretudo, quem já atuava dessa forma. Não é o caso de boa parte micro e pequenos negócios, que dependem da presença física do público para continuar faturando.

Para ajudar esses empreendedores, companhias desenvolveram ações para conectar as duas pontas do comércio: de um lado, os consumidores que estão dentro de casa e, do outro, os lojistas das imediações que continuam trabalhando, porém sob o regime de portas fechadas.

Veja, as seguir, iniciativas que contribuem diretamente para o incremento do caixa das micro e pequenas empresas durante o período de crise.

PARA O COMÉRCIO EM GERAL

Americanas
Pequenos lojistas já cadastrados ou que se cadastrem no site ou aplicativo da Americanas têm agora com a possibilidade de entregar seus produtos no mesmo dia e, assim, aumentar as vendas.

Se o endereço estiver num raio de 2 km de distância, o comerciante providencia a entrega. Do contrário, tem à disposição o serviço da Americanas. A entrega é sempre paga pelo consumidor. Não há taxas para cadastramento das lojas, mas a Americanas fica com 16% de cada venda.

A ação faz parte da campanha "Apoie o Comércio Local", que nos primeiros 15 dias computou mais de meio milhão de acessos nos hotsites das marcas do comércio local, segundo a empresa.

A B2W, grupo do qual a Americanas faz parte ao lado do Submarino e do Shoptime, também decidiu aumentar o crédito para lojistas interessados em investir em seus negócios e aumentou para 75 dias a carência para o início do pagamento das parcelas.

Ame Digital
Esta plataforma de pagamento digital colocou no ar o hotsite amedigital.com/apoiequemprecisa , que disponibiliza cupons de produtos e serviços de estabelecimentos de pequeno e médio porte para serem usados após a pandemia. Entre os segmentos participantes, figuram salões de beleza, academias de ginástica, clínicas de estética, assistências técnicas, bares, hamburguerias e restaurantes.Além de descontos oferecidos pelos donos dos negócios, os clientes contam com a possibilidade de ter até 50% de cashback caso paguem como o aplicativo Ame Digital. O cadastro é gratuito e cobram-se 3,29% sobre as vendas.

Azulis
No fim de março, a fintech apresentou o projeto Salve os Pequenos (salveospequenos.com.br), que só ficará ativo durante a pandemia. A plataforma de abrangência nacional reúne gratuitamente empresas de setores como alimentação, farmácia, eletroeletrônicos, produtos de beleza, itens para animais de estimação —todos disponibilizando seus produtos por meio de serviços de entrega.

Cada companhia só precisa acessar o site, informar seus contatos, a categoria de serviço e os produtos oferecidos, e em quais bairros e cidades está entregando.

Por meio de um mapa, o consumidor visualiza as opções mais próximas, escolhe quem interessa e entra em contato com o empreendedor. Não é cobrada nenhuma taxa por transação efetuada.

“Durante a quarentena, queremos fomentar as vendas para aqueles comerciantes que não contam com estrutura para vender online e não podem arcar com a comissão cobrada por aplicativos de entrega”, afirma Bruno Dilda, diretor de negócios da Azulis.

Até 20 de abril, mais de 2.500 negócios de 190 cidades já tinham aderido à plataforma, que contava com mais de 120 mil acessos até então.

Cielo
Para que seus clientes tenham dinheiro em caixa, a empresa de pagamentos dobrou o fundo para antecipação de recebíveis, ou seja, valores decorrentes de vendas no cartão de crédito, à vista ou parceladas —​de R$ 2,5 bilhões, a verba subiu para R$ 5 bilhões.

Em até dois dias, comerciantes e prestadores de serviço podem receber montantes a que só teriam acesso depois de um mês ou mais. Segundo a Cielo, 900 mil negócios que faturam até R$ 15 milhões podem pleitear o benefício. Mas o custo da operação continua o mesmo e varia caso a caso.

Claro
Comércios de todo o país cadastrados no site do projeto Push do Bem (www.claro.pushdobem.com.br) estão recebendo um empurrãozinho para vender mais para o público de sua região. Eles podem enviar notificações com até cinco imagens de seus produtos e serviços para quem utiliza o aplicativo da Claro no celular.

O usuário que receber o push pode fazer o pedido por ligação telefônica ou por WhatsApp. Não há nenhum custo para o lojista, e o usuário do celular tem a opção de não aceitar as notificações.

“Muitos empreendedores estão se adaptando ao mundo de vendas e atendimento remoto, enfrentando diversos desafios na migração. Queremos ser um facilitador nesse processo”, diz Roberta Godoi, diretora do segmento de Pequenas e Médias Empresas da Claro.

Ebanx
A fintech especializada em métodos de pagamento colocou no ar um sistema online de venda que garante fluxo de caixa para pequenos comércios e profissionais autônomos durante a quarentena.

É o Ebanx Beep, que permite, inclusive, a oferta de vouchers para serem usados quando findarem as medidas de isolamento social. A plataforma possibilita tanto a montagem da loja virtual como o processamento de pagamento do Ebanx Pay.

O cadastro é gratuito, mas a fintech cobra 4,9% sobre cada transação. A exceção é para pagamentos feitos com cartões da Visa, parceira na iniciativa —nesse caso, a taxa cai para 2,9%.

iZettle
Fundada na Suécia, a fintech de meios de pagamento tem sua clientela formada, em boa parte, por microempreendimentos. São eles os beneficiários de uma parceria com a Click Entregas: cada empreendedor está recebendo três vouchers gratuitos para usufruir do serviço de delivery e continuar funcionando. A iZettle também promete liberar o acesso a empréstimos com financeiras parceiras.

Magazine Luiza
A rede varejista com lojas físicas e ecommerce apostou no projeto Parceiro Magalu como forma de ajudar os pequenos negócios em tempos de pandemia. Microempreendedores individuais e empresas que faturam até R$ 5 milhões ao ano podem cadastrar seus estoques no site e no aplicativo do Magazine Luiza e começar a vender on-line, acessando os mais de 20 milhões de clientes da companhia. As entregas são feitas pelos Correios, sem custo para o lojista, mas sobre cada venda incide uma taxa de 3,99%, válida até 31 de julho.

Olist
A startup brasileira que atua na área de marketplace criou especialmente para varejistas de micro, pequeno e médio porte o Olist Shops, uma vitrine virtual gratuita. Os produtos ficam disponíveis em um site com o nome do estabelecimento —para comprar, o consumidor entra em contato e acerta a forma de pagamento e de entrega.

Não há limite para o número de fotos e não existem cobranças por vendas. O lojista também pode registrar todas as suas vendas no aplicativo, o que facilita a visualização do histórico de transações. Na primeira semana, a plataforma contabilizou mais de 3.000 cadastros de comerciantes, segundo a empresa. É só baixar o aplicativo, disponível para iOS e Android.

Além disso, a plataforma tradicional da Olist, que dá acesso a grandes marketplaces, está oferecendo descontos ou isentando da taxa de adesão e das três primeiras mensalidades os micros e pequenos negócios que queiram vender por esse sistema.

PayPal
Em geral, quando uma loja faz uma venda usando essa ferramenta de pagamento online e tem qualquer problema para receber os valores devidos, a PayPal cobra uma taxa para intermediar a negociação com o emissor do cartão de crédito. Mas, até o dia 30, pelo menos, a empresa está abrindo mão dessa tarifa. E também duplicou de 10 para 20 dias o prazo para seus clientes pessoa jurídica responderem às contestações dos compradores.

Todo Cartões
A startup que opera os cartões-presente de grandes varejistas disponibilizou no site todospresentes.com.br a venda de vale-presente de pequenos negócios que queiram se cadastrar gratuitamente. Os cartões poderão ser usados em compras futuras. A promessa é repassar os valores para os comerciantes em até 10 dias: o único custo é o da taxa da operação do cartão de crédito.

PARA BARES E RESTAURANTES

Bohemia
Donos de bares estão recebendo agora os valores da venda de cupons a ser descontados após o fim da pandemia. A iniciativa da marca de cerveja leva o nome de Ajude um Buteco (ajudeumbuteco.com.br) e está aberta a todos os comerciantes do setor, que só precisam entrar no site do projeto e se cadastrar.

Na plataforma, o consumidor compra um voucher de preços preestabelecidos e recebe 20% de desconto. Essa diferença a Bohemia cobre, ou seja, o estabelecimento fica com o valor integral correspondente à consumação posterior.

A Cielo, parceira que opera os pagamentos, abriu mão da tarifa de transação. A expectativa é arrecadar R$ 50 milhões para 15 mil botecos de todo o país.

Goomer
A startup de inovações para o setor de foodservice liberou o acesso gratuito à plataforma GoomerGo durante a pandemia. Normalmente, em restaurantes que contam com essa tecnologia, o cliente escolhe o que deseja em um totem de autoatendimento ou em um tablet. O pedido vai diretamente para a cozinha e depois é liberado para o consumo.

Na fase atual, bares e restaurantes carentes de ferramentas de ecommerce podem se cadastrar na plataforma e utilizá-la para montar um cardápio virtual com descrição de produtos e fotos. Aí é só compartilhar pelo Whatsapp o link da página e receber os pedidos da mesma forma. A entrega pode ser combinada, no local ou por delivery.

Heineken
Até 31 de maio a fabricante de cerveja mantém o projeto Brinde do Bem, pelo qual consumidores participam de uma ação de crowdfunding, realizada em conjunto com a plataforma Abacashi. As contribuições serão revertidas em consumação no bar escolhido pelo cliente.

A Heineken está dobrando o valor arrecadado e imagina investir R$ 7,5 milhões na ação. Aos donos dos bares basta fazer o cadastro na plataforma brindedobem.com e criar uma campanha gratuita em prol de seu estabelecimento.

Stella Artois
A sobrevivência de cafeterias, bares, restaurantes e confeitarias é a razão do movimento Apoie um Restaurante ( apoieumrestaurante.com.br) , encabeçado pela marca da Ambev em parceria com o clube de assinaturas Chefs Club e com o apoio de Nestlé e Nespresso.

Por meio de uma plataforma colaborativa, os consumidores recebem 50% de desconto na compra de um voucher para ser utilizado até 31 de dezembro. A Stella Artois cobre a diferença e os comerciantes recebem o total obtido. As transações são realizadas por meio de pagamentos da fintech brasileira Stone, que não está cobrando taxas pelo serviço e repassa na hora os valores.

Até agora, entre os 100 mil vales disponibilizados, mais de 90 mil já foram vendidos, beneficiando quase 3.500 espaços gastronômicos. Devido à grande procura, a organizadora está avaliando se vai estender o projeto e cadastrar novos interessados.

iFood
Um repasse de R$ 50 milhões para um fundo de assistência a restaurantes, especialmente aos pequenos, foi anunciado pela empresa brasileira de entregas. Outras ações preveem a antecipação de recebimentos das vendas pela plataforma, bem como a diminuição das comissões cobradas e a redução a zero da taxa quando o cliente retira o pedido no local.

Uber Eats
Desde o dia 20 de março, a startup de delivery zerou a cobrança da taxa de entrega para pedidos feitos a pequenos e médios restaurantes parceiros. Assim, aumentam as chances de os usuários do aplicativo darem preferência a esses negócios, que quase sempre são locais. A empresa também começou a pagar diariamente alguns parceiros pequenos e independentes, de mercados específico, enquanto durar a pandemia. Além disso, todos os restaurantes cadastrados foram isentos da taxa de retirada nas situações em que os próprios consumidores buscam suas refeições.

VR Benefícios
Para incentivar o comércio no bairro, a empresa de vale-alimentação e vale-refeição está divulgando endereços como mercados, padarias, açougues e restaurantes entre os usuários de vales que moram na área de entrega de cada negócio.

Outra iniciativa da empresa foi a de criar uma solução de pagamento 100% online, que dispensa o investimento em um estoque de maquininhas de cobrança. Para cada pedido, o comerciante gera um link de pagamento que é enviado ao cliente. Feita a transação, ela é imediatamente visualizada e a entrega é liberada.

PARA ACADEMIAS DE GINÁSTICA

Gympass
A plataforma de assinatura de serviços de atividade física antecipou para as 23 mil academias que compõem a rede os pagamentos de março, sem cobrar qualquer taxa sobre isso. Além disso, por meio do aplicativo da empresa, os parceiros podem disponibilizar aulas virtuais ao vivo para seus clientes e ser remunerados por esse serviço.

PARA SALÕES DE BELEZA

Avec
A empresa de tecnologia do mercado de beleza lançou o projeto Apoie um Salão, que tem o suporte de grandes marcas do setor, como Wella e Pró-Beleza. Salões de todo o país que queiram se beneficiar da venda de cupons podem se cadastrar no site apoieumsalao.com.br. O cliente compra um voucher de serviços com desconto de até 50% e a Avec repassa para os estabelecimentos toda a sua margem de lucro.

L’Oréal Produtos Profissionais
Em parceria com a fintech Stone e o aplicativo de gestão e agendamento online para salões Trinks, a marca de produtos criou a plataforma ‘Beleza Amiga’ (belezaamiga.com.br), centrada na campanha #Juntospelosalão.

Clientes que compram os vouchers de salões de beleza participantes poderão utilizar os serviços até 31 de dezembro e ainda ganham um cupom de desconto para adquirir produtos da L’Oréal Professionnel, da Kérastase e da Redken até 30 de junho. O total da venda dos cupons será integralmente repassado aos estabelecimentos, sem a cobrança de taxas nem comissões, segundo a Avec. A expectativa é cadastrar gratuitamente mais de 2.500 negócios de diversas regiões do país.

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