Estresse no home office aumenta demanda por serviços de bem-estar

Negócios que oferecem ioga e meditação a outras empresas crescem na pandemia

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Empresas de bem-estar corporativo que conseguiram se adaptar rapidamente ao mundo digital experimentaram um crescimento acelerado durante a pandemia, em razão da adoção forçada e prolongada do home office.

Fundador da Yoga nas Empresas, o administrador Ricardo Carneiro, 40, sofreu um baque inicial assim que a quarentena começou: muitos contratos foram suspensos e o faturamento caiu 60%.

Aos poucos, porém, acordos foram retomados com a oferta de aulas de ioga online e novos foram conquistados. Hoje, a empresa já fatura 50% mais do que no período pré-pandemia.

Ricardo Carneiro em pose de ioga no chão com um fundo com plantas
Ricardo Carneiro, fundador da Yoga nas Empresas - Cleudonjr/Divulgação

“Os gestores perceberam que os colaboradores estão com nível de estresse alto, cuidando da casa, dos filhos e sem interação social. Sem falar nos infectados pela Covid, que precisam fazer exercícios respiratórios para recuperar a capacidade pulmonar. A ioga é excelente para isso”, afirma o empresário.

Há dois formatos de aula que podem ser contratados: o gravado e o ao vivo, com transmissão pelo Instagram. Foi o caso da rede Leroy Merlin, que pediu à Yoga nas Empresas uma agenda de lives semanais, aberta aos 10 mil funcionários.

“Pudemos alcançar não somente o colaborador, mas seus dependentes. Quando a situação voltar ao normal, teremos um espaço wellness no escritório, com salas para meditação, massagem e ioga”, conta Monique Lima, analista de benefícios da Leroy Merlin.

Priorizar o mercado corporativo, segundo Ricardo, é vantajoso. Ele cobra R$ 280 pela sessão de 20 minutos e assina contratos mais longos, de até um ano.

O preço é o mesmo para aulas remotas e presenciais —o formato online dispensa deslocamento até a sede dos clientes, mas requer investimento em infraestrutura tecnológica.

Tela de computador com videochamada em grupo com pessoas meditando
Sessão online da MindSelf, que oferece programas de meditação e mindfulness (atenção plena) - Divulgação


​Quando todos os 1.600 funcionários do site de compra e venda OLX Brasil passaram a trabalhar remotamente, em 16 de março, o vice-presidente de recursos humanos da companhia, Sergio Povoa, percebeu que o sistema adotado traria adversidades ao longo do tempo.

“Eram tantas as fontes de ansiedade, do medo de perder o emprego à dificuldade de trabalhar e cuidar da casa ao mesmo tempo, que decidimos nos antecipar e oferecer suporte aos colaboradores”, conta.

Antes que o estresse resultasse em perda de produtividade e afastamentos, a OLX passou a oferecer sessões remotas de ginástica laboral, ioga, meditação e atendimento psicológico.

“De lá para cá, fizemos nove pesquisas. Na última, em janeiro, chegamos a um índice de 98% de funcionários confortáveis no desempenho de suas atividades”, afirma.

Fundada em 2019, a MindSelf, que oferece programas de meditação e mindfulness (atenção plena), também experimentou o crescimento durante a pandemia.

Segundo os fundadores, Alexandre Ayres, 51, e Wagner Lima, 47, o número de contratos pulou de 5 para 20, e o faturamento chegou a R$ 1 milhão, um aumento de 400%. A agilidade para a migração para o digital, eles dizem, foi fundamental.

Palestras para apresentar os benefícios da meditação, workshops para lideranças e sessões de diferentes técnicas de meditação deixaram de acontecer dentro das empresas e passaram a ser transmitidos em lives.

A dupla também acaba de lançar um aplicativo com sessões guiadas de meditação, cujo acesso é permitido apenas aos funcionários das empresas clientes.

Seja qual for o canal, os empreendedores reforçam que seu método não tem conexão alguma com religiões ou práticas esotéricas —e que é possível meditar até mesmo diante do computador.

“É um hábito que melhora a concentração, estimula a criatividade, aprimora o processo de tomada de decisão e, consequentemente, se reflete nos resultados da empresa”, diz Alexandre Ayres.

O grande desafio para empresas do ramo é falar a mesma língua do mercado corporativo, de acordo com a consultora de marketing do Sebrae-SP, Caroline Minucci.

“Muitas quebraram porque não conseguiram se adequar ao universo online e continuaram apegadas ao contato olho no olho. É um setor que exige objetividade e agilidade”, afirma.

Como conquistar bons contratos corporativos

  • Forme um cardápio de sessões, workshops e palestras online, com preços claros, tempo de duração e objetivo de cada um, sem se esquecer de oferecer degustações gratuitas
  • Seja objetivo ao transmitir sua proposta de valor. Leve pesquisas e estudos e mostre, com base em números, que benefícios o contrato proporcionará aos colaboradores
  • Invista no aparato tecnológico, em um site bem posicionado nas buscas no Google e em um perfil eficiente no Linkedin
  • Depois de iniciado o trabalho, faça registros periódicos dos resultados, com base em números e pesquisas informais. Eles serão fundamentais para a renovação do contrato

Fonte: Caroline Minucci , consultora de marketing do Sebrae-SP

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.